A Petrobras decidiu desmobilizar sua sede administrativa em São Paulo e pode demitir parte dos cerca de 800 empregados que trabalham no local. A medida foi anunciada em reunião nesta segunda (25), na qual a companhia disse que procurará realocar pessoal, mas admitiu que não conseguirá manter todos.
"Ficará em São Paulo aquilo que é essencial, que é ultranecessário para a performance da companhia", disse o gerente executivo de Recursos Humanos da empresa, Cláudio Costa, segundo áudio ao qual a Folhateve acesso, cujo teor foi confirmado ao sindicato local por trabalhadores que estavam na reunião.
"Dá para absorver todo mundo que está aqui? Não. Algumas pessoas não ficarão", completou. Segundo o Sindicato Unificado dos Petroleiros de São Paulo, cerca de 400 trabalhadores do local são empregados próprios da Petrobras —o restante são terceirizados.
Chamada de Edisp, a sede administrativa de São Paulo ocupa sete andares em um edifício na avenida Paulista e abriga empregados que prestam serviços a unidades operacionais da empresa no estado e na região Sul, principalmente refinarias.
Costa sinalizou com programas para incentivar a redução de pessoal. "Algumas pessoas vão decidir por conta própria não permanecer na companhia. Os programas virão para ajudar nesse processo decisório", afirmou. O contingente que permanecerá na capital paulista deve ficar em escritórios compartilhados.
Segundo ele, a medida tem por objetivo cortar custos. Faz parte de uma estratégia global para reduzir a presença em alguns setores e focar na geração de valor para os acionistas. Desde que assumiu o cargo, o presidente da estatal, Roberto Castello Branco, tem dito que a empresa vai priorizar o pré-sal.
"Eles querem levar o máximo possível de pessoas para o Rio. Mas o ideal para o trabalhador seria buscar outro prédio mais barato em outro bairro", disse o diretor do sindicato paulista Alexandre Castilho, que pede à empresa um estudo de viabilidade dessa alternativa.
Os trabalhadores se reunirão com sindicatos nesta quarta (27) para debater o tema. "São duas questões distintas: uma é local, sobre o edifício, a outra é a privatização do sistema de refino. O Edisp e a primeira peça de um processo de desmonte do refino", diz o sindicalista.
A Petrobras tem quatro refinarias em São Paulo e duas no Sul. Em 2018, colocou o controle das duas unidades na região Sul à venda, mas o processo foi interrompido após liminar do STF (Supremo Tribunal Federal) que condicionava a venda do controle de estatais à aprovação do Congresso.
No dia 17 de janeiro, a companhia decidiu retomar o processo de venda - que inclui também um pacote com fatias em duas refinarias do Nordeste - mas não está claro ainda se o modelo será o mesmo. Castello Branco já disse que a Petrobras estudará a venda de outras refinarias.
A proposta inicial era se desfazer de 60% de duas novas empresas que controlam, cada uma, com duas refinarias, dutos e terminais. Dessa forma, a estatal repassaria a um parceiro privado cerca de 25% da capacidade nacional de refino.
Procurada, a Petrobras ainda não se manifestou sobre o tema.