O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira, durante café da manhã com jornalistas, que está disposto a negociar alguns pontos da sua proposta de reforma da Previdência, entre eles baixar aidade mínima de aposentadoria para mulher, de 62 para 60 anos. Bolsonaro também admitiu mudanças no Benefício de Prestação Continuada (BPC), que é pago para idosos e deficientes de baixa renda, e na pensão por morte. A fala do presidente foi divulgada pelo Valor.
— Eu acho que dá para cortar um pouco de gordura e chegar a um bom termo, o que não pode é continuar como está (o déficit na Previdência) — disse Bolsonaro.
De acordo com o presidente, no entanto, a "alma" da proposta precisa ser mantida. Caso contrário, o país passaria por uma situação "muito complicada", a exemplo de países como Grécia e Portugal.
— Há interesse de todo mundo em aprovar. O Brasil pode entrar em uma situação muito complicada. Muita coisa vai ser atenuada aí, mas não vai desfigurar a alma da proposta. E tem que haver (a reforma). Não queremos passar pelo que a Grécia passou, ou Portugal — afirmou.
Bolsonaro disse que pretende negociar com o Congresso a votação da reforma sem "toma lá, dá cá". Segundo ele, apenas "dois ou três" parlamentares pediram cargos em troca de apoio, mas ele disse que isso não ocorrerá. O presidente disse, em tom irônico, que só oferecia um ministério se alguém indicasse uma pessoa mais capacitada que o ministro da Economia, Paulo Guedes.
Nenhum repórter dos três maiores jornais do país — O Globo, Folha de S.Paulo e O Estado de S. Paulo — foi convidado para o encontro, que contou com representantes de 13 veículos.
As declarações de Bolsonaro tiveram efeito negativo no mercado financeiro. A Bolsa de Valores de São Paulo operava em queda após o presidente afirmar que poderia haver mudanças na proposta de reforma.
Especialistas afirmam que sem a reforma da Previdência, dificilmente o país voltará a crescer num ritmo sustentável . O IBGE informou hoje que o Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) subiu 1,1% em 2018 .