terça-feira, 30 de abril de 2019

Veja o trailer da segunda temporada de 'O Mecanismo' - Lula, corrupto número 1 da Lava Jato, e o maior escândalo de corrupção da história da humanidade

A Netflix divulgou esta semana o trailer da segunda temporada da série O Mecanismo, que tem direção de José Padilha, e traz no elenco Selton Mello. A continuação da série estreia na plataforma de streaming no dia 10 de maio. 

Série

Carol Abras. Como Verena Cardoni: luta contra corrupção Foto: PEDRO SAAD/NETFLIX
No vídeo de pouco menos de dois minutos, a investigação sobre suspeitas de corrupção envolvendo estatais e empreiteiras se intensifica. Delações premiadas são estimuladas. Um dos personagens destaca: "Se um fala, todos caem". 
Assista:
Quem assina o roteiro da segunda temporada é Elena Soarez (Casa de areia). Selton Mello, Caroline Abras, Enrique Dias e boa parte do elenco da primeira temporada está de volta.

Lançada em março do ano passado, O Mecanismo causou polêmica, ao retratar, na ficção, eventos reais da Operação Lava Jato, da Polícia Federal. A série se baseia no livro Lava Jato – O juiz Sergio Moro e os bastidores da operação que abalou o Brasil, do jornalista Vladimir Netto, e traz Selton Mello como o protagonista Marco Ruffo, delegado da Polícia Federal. 

O Estado de S.Paulo

‘Tempo de esquemas nebulosos na atividade sindical chegou ao fim’, diz Moro

Ministro da Justiça, Sérgio Moro. FOTO: ERNESTO RODRIGUES/ESTADÃO
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, afirmou que ‘o tempo de esquemas nebulosos da atividade sindical chegou ao fim’, ao oficializar, na tarde desta terça-feira, 30, o início do funcionamento do novo sistema de registro sindical no país, digital e mais transparente do que o modelo do extinto Ministério do Trabalho.
Há, no entanto, um movimento em curso no Congresso para retirar a atividade de dentro das atribuições da pasta e enviar ao Ministério da Economia, que absorveu a pasta do Trabalho. E, diferentemente do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), Moro não se opõe à saída do registro sindical da pasta.
A retirada do registro sindical e do Coaf são algumas das condições que o chamado ‘centrão’ – bloco no Congresso formado por partidos fisiológicos – busca impor para a aprovação da Medida Provisória editada pelo presidente Jair Bolsonaro no dia 1.º de janeiro que reorganizou os ministérios.
Essas desvinculações são articuladas, entre outros, pelo deputado federal Paulinho da Força (Solidariedade-SP), ligado à Força Sindical — um dos 26 denunciados em agosto passado pela Procuradoria-Geral da República por suposta participação em organização criminosa por fraudes e negociações ilícitas envolvendo o registro sindical.
Quando foi decidida, ainda na transição de governo no fim do ano, a grande razão da migração do setor de registros sindicais para a pasta de Moro era sanear uma área infestada de denúncias de corrupção e de irregularidades.
Entre os denunciados na Operação Registro Espúrio, estão o ex-ministro do Trabalho, Helton Yomura, o presidente do PTB, Roberto Jefferson, e os então deputados federais Jovair Arantes (PTB-GO), Cristiane Brasil (PTB-RJ), Wilson Santiago Filho (PTB-PB) e Nelson Marquezelli (PTB-SP), além de servidores e ex-servidores da pasta.
Nesta terça-feira, 30, ao apresentar o novo sistema para análise de desenvolvimento em quatro meses pela Justiça, Moro lembrou que o setor passou para o seu Ministério devido aos casos de corrupção e também à desorganização. Mas frisou que ‘não é um pleito do Ministério da Justiça permanecer com a análise dos registros’.
“Isso é um tema que está sendo debatido no Congresso e qualquer decisão que tomem vai ser respeitada. Não foi uma área em relação à qual houve qualquer pleito do Ministério da Justiça para que viesse para cá. Mas havia uma avaliação, por conta de fatos sob investigação da Polícia Federal no ano anterior, de que era um setor que estava desorganizado e afetado muito por corrupção. Para ilustrar a desorganização aqui há caso de 1988 pendente de análise”, disse Moro.
Há quatro mil casos de registro sindical pendentes de análise, lembrou o ministro.
A expectativa na Pasta é que, até o final de 2020, o tempo entre a solicitação e a distribuição do processo seja reduzido de 919 dias, como é hoje, para apenas 10 dias.
Já para a decisão final do processo de registro sindical, a meta é reduzir o prazo de 4 anos para 9 meses.
“Não estamos falando de julgamento de crime ou homicídio, mas de registro sindical, então é intolerável levar mais de 5 anos para ter decisão dessa espécie”, disse Moro.
Desde que o Ministério da Justiça recebeu a incumbência de cuidar do registro sindical, mais de 1 milhão de páginas já foram digitalizadas — o equivalente a 4 mil processos.
A meta é que 25 mil processos tramitados ao longo dos últimos 25 anos estejam disponíveis online até o fim de 2020.
“Ainda há prazo para regularização do atraso. Mas foi demonstrada a eficiência da equipe e a ideia de dar um tratamento digno aos pleiteantes de registro sindical e reconhecer a devida importância dessa área. Então enquanto permanecer no Ministério da Justiça e Segurança Pública vai ser tratado com total dedicação dos servidores como foi feito até aqui”, disse Moro.

Breno Pires, O Estado de São Paulo

Celso de Mello acaba com censura a comentário de radialista, que apontou holerite de R$ 118 mil no STJ

O decano do STF, ministro Celso de Mello. Foto: André Dusek/Estadão
O decano do Supremo Tribunal Federal, ministro Celso de Mello, determinou o fim da censura contra a rádio Jovem Pan, em ação movida pelo ministro do Superior Tribunal de Justiça, Joel Ilan Paciornik, contra comentário do historiador Marco Antonio Villa que expôs seu contracheque de R$ 118 mil. Celso confirmou a liminar da ministra Cármen Lúcia que, no exercício da presidência em plantão da Corte, suspendeu provisoriamente uma decisão do Tribunal de Justiça do Paraná, que determinou ao veículo que retirasse do ar o conteúdo da análise de Villa.

Documento

“Joel Ilan Paciornick, não sei quem é esse senhor, ministro do Superior Tribunal de Justiça, no mês passado, esse senhor, eestou me referindo a maio, este senhor, sabe quanto foi retido por teto constitucional no holerite dele? Zero! Sabe o quanto ele recebeu? R$ 118 mil! Eu quero saber por que esse homem ganhou isso? Sabe qual é a sacanagem, que eu acabei de falar? Vantagens eventuais: sabe quanto de vantagens eventuais que ele recebeu? É a denominação que está no holerite: R$ 65 mil! E teve indenizações, no plural: R$ 20 mil. E tem uma outra sacanagem! É que o subsídio total é de R$ 118.412,00. Sabe quais descontos ele recebeu? R$ 16.937,92, porque tem uma outra sacanagem! Esse imposto de renda só vai incidir sobre o salário”, disse Villa, em 2016.
A primeira censura à Jovem Pan foi imposta em decisão da juíza Thalita Bizerril Duleba Mendes. “Analisando os fatos narrados, verifica-se que a manutenção da reportagem no ar, em princípio, excedeu o animus narrandi, pois não veio acompanhada de qualquer esclarecimento ou tentativa de obtê-lo. Pelo contrário, a apresentação da remuneração de um mês isoladamente foi seguida por uma série de termos ofensivos, tais como ‘malandro’, ‘pilantra’, questionando a integridade moral do requerente”, anota a magistrada, sobre as informações, que são públicas e disponibilizadas pelo CNJ aqui.
A decisão foi confirmada pelos desembargadores da 8.ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Paraná. O relator, desembargador Alexandre Barbosa Fabiani, afirmou que as ‘matérias publicadas pelos agravantes sobre a remuneração do agravado possuem o teor difamatório e sensacionalista que, de longe, ultrapassa os limites constitucionais do exercício de liberdade de imprensa e crítica’.
Liminarmente, a ministra Cármen Lúcia acolheu pedido da Jovem Pan para restabelecer a publicação. Nesta segunda, 29, Celso de Mello confirmou a decisão da colega, afirmando ser necessário advertir, ‘notadamente quando se busca promover a repressão à crítica jornalística mediante condenação judicial ao pagamento de indenização civil, que o Estado – inclusive o Judiciário – não dispõe de poder algum sobre a palavra, sobre as ideias e sobre as convicções manifestadas pelos profissionais dos meios de comunicação social (‘mass media e ‘social media’)’.
Nesta segunda, 29, Celso de Mello confirmou a decisão de Cármen, afirmando ser necessário advertir, ‘notadamente quando se busca promover a repressão à crítica jornalística mediante condenação judicial ao pagamento de indenização civil, que o Estado – inclusive o Judiciário – não dispõe de poder algum sobre a palavra, sobre as ideias e sobre as convicções manifestadas pelos profissionais dos meios de comunicação social (‘mass media’ e ‘social media’)’.
“Essa garantia básica da liberdade de expressão do pensamento, como precedentemente mencionado, representa, em seu próprio e essencial significado, um dos fundamentos em que repousa a ordem democrática. Nenhuma autoridade, nem mesmo a autoridade judiciária, pode prescrever o que será ortodoxo em política – e em outras questões que envolvam temas de natureza filosófica, ideológica ou confessional – ou estabelecer padrões de conduta cuja observância implique restrição aos meios de divulgação do pensamento, como sucede, p. ex., nas hipóteses em que o Judiciário condena o profissional de imprensa a pagar indenizações pecuniárias de natureza civil, muitas vezes arbitradas em valores elevados que culminam por inibir, ilegítima, indevida e inconstitucionalmente, o próprio exercício da liberdade fundamental de expressão do pensamento”, argumentou o decano.
“A liberdade de manifestação do pensamento, que representa um dos fundamentos em que se apoia a própria noção de Estado Democrático de Direito, não pode ser restringida , ainda que em sede jurisdicional , pela prática da censura estatal, sempre ilegítima e impregnada de caráter proteiforme , eis que se materializa, ‘ex parte Principis’, por qualquer meio que importe em interdição, em inibição, em embaraço ou em frustração dessa essencial franquia constitucional, em cujo âmbito compreende-se, por efeito de sua natureza mesma , a liberdade de imprensa”,ressaltou o ministro.
Luiz Vassallo e Rafael Moraes Moura, O Estado de São Paulo

Impunidade!!! Fachin arquiva inquérito da Odebrecht sobre Renan e Maia

FOTO: Rosinei Coutinho/SCO/STF
O ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin determinou o arquivamento de uma das investigações sobre o senador Renan Calheiros (MDB) e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), com base na delação da Odebrecht. Na mesma decisão, que atende a pedido da procuradora-geral, Raquel Dodge, o relator da Operação Lava Jato na Corte enviou o mesmo inquérito em relação aos ex-senadores Romero Jucá (MDB), e Eunício Oliveira (MDB), e o ex-deputado Lúcio Vieira Lima (MDB) para a Justiça Federal do Distrito Federal.
A investigação aberta em abril de 2017, com base na delação da empreiteira, são citados repasses de R$ 4 milhões a Jucá e Renan, R$ 2 milhões a Eunício, R$ 1 milhão a Lúcio, e outros R$ 100 mil a Maia. Em contrapartida, segundo os colaboradores, os parlamentares teriam se comprometido a influenciar na aprovação das Medidas Provisórias 470/09 (sobre crédito prêmio de IPI), 472/10 (sobre o Regime Especial para Indústria Petroquímica) e 613/13 (temas do interesse da Companhia, notadamente do REIQ e posterior conversão em lei).
Nesta investigação, a procuradora-geral ofereceu denúncia contra Lúcio, apelidado de ‘bitelo nas planilhas de propinas da Odebrecht, por supostas propinas de R$ 1,5 milhão. Ela pede que a acusação seja encaminhada à Justiça Federal de Brasília. Já a investigação em torno de Jucá e Eunício ainda carece de diligências para ser concluída. Como eles perderam o foro privilegiado, já que não se reelegeram em 2018, assim como Lúcio, a procuradora-geral requer o envio do inquérito também para a Vara federal do Distrito Federal.

‘Botafogo’ no arquivo

Raquel Dodge, no entanto, afirmou que, sobre o presidente da Câmara, ‘o nível de prova produzida – afirmação do próprio colaborador de que a solicitação de dinheiro foi fora do contexto de contrapartida por ato de ofício; falta da prova de atuação de Rodrigo Maia a favor da Odebrecht e falta de demonstração de que o parlamentar expressamente fez mercancia da sua função pública’.
A procuradora-geral afirma que ‘de fato, há o registro dos cem mil reais a ‘Bofafogo’, no Sistema Drousys’, do departamento de propinas da Odebrecht. “Porém, para embasar uma imputação criminal, este indício não pode se apresentar isolado”.
“Precisa estar em sinergia com prova do comportamento do parlamentar em benefício do grupo; de registros de contatos dele com seus executivos; em algum elemento indicativo do trajeto do pagamento ou dos operadores, dessa tradição”, argumentou.

Arquive-se os autos para Renan

Sobre o senador emedebista, a procuradora-geral afirma que ‘a investigação não apontou, além da palavra de um dos colaboradores, indícios de que ele tenha recebido propina para a aprovação da MP n. 613/2013’. “Nenhum colaborador tratou diretamente com ele sobre o assunto propina”.
“Finalmente, o mais importante: o Sistema Drousys ‘não registrou seu nome ou codinome correspondente (fi. 810), em 2013, e nem há e-mails com programação de pagamentos contemporâneos àquela época que o mencionem”, escreveu.
“À luz desse quadro, impõe-se o acolhimento da promoção ministerial indicada nas letras “b” e “e” à fl. 853, com a ressalva de que o arquivamento deferido com fundamento na falta d’e provas suficientes à à denúncia não impede o prosseguimento das investigações caso futuramente surjam novas evidências”, anotou Fachin, ao acolher o parecer de Raquel.

Entregas para Jucá e Eunício

Ao pedir para que os autos sobre os ex-senadores Romero Jucá e Eunício Oliveira vão para a Justiça Federal em Brasília, a procuradora-geral afirmou que ‘já existem indícios de materialidade e de autoria e também porque há outras provas a se produzir, contextos que precisam ser avaliados exclusivamente pelo órgão do Ministério Público Federal com atribuição constitucional para tanto, desde 02/02/2019’.
A procuradora-geral afirma que os nomes dos ex-parlamentares constam em conversas entre executivos da Odebrecht. “Consta e-mail de Cláudio Melo Filho a Marcelo Bahia Odebrecht, de 27 de agosto de 2013, época do trâmite do processo de conversão da MP n. 613/2013 em lei no Congresso, em que escreveu: “Sen Juca e outros líderes do Senado garante que o assunto avança hoje”.
A procuradora-geral ressalta que Jucá ‘assumiu a condição de membro titular da comissão mista, com a saída do Senador Paulo Davim’.
Já sobre Eunício, Raquel afirma que ele ‘foi designado membro da comissão mista, em razão da condição de Líder do Bloco da Maioria, em 11/05/2013, status que manteve até 06/06/2013. “De 2013 a 2016, Eunício de Oliveira foi o Líder do PMDB e da Maioria no Senado Federal, sendo responsável por orientar importantes votações e discussões à frente do maior bloco da Casa”.
“No caso específico da MP n. 613, ele atuou favoravelmente à pretensão dos corruptores, como, se extrai do pronunciamento oral que fez (último parágrafo de fl. 419), o que toma sem credibilidade, ao menos neste momento, a versão apresentada por sua defesa”, argumenta Raquel.
A procuradora-geral ainda diz que o relatório de análise das investigações ‘confirmou os registros de pagamentos, contemporâneos aos fatos, de R$ 2.100.000,00 milhões a Eunício de Oliveira e R$ 2.750.000,00 a ROmero Jucá’ “Além desses registros, há os e-mails de programação de pagamentos – igualmente contemporâneos a 2013”.

Diligências pendentes

A procuradora-geral afirma que a ‘investigação precisa prosseguir em relação aos dois para avaliar, entre outros aspectos, a critério do novo promotor natural em primeira instância’, e lista o que é necessário ainda a ser apurado.
Entre as diligências pendentes, está a comprovação da atuação dos operadores Milton Lyra e Ricardo Lopes Augusto, além de contatos telefônicos entre eles e os delatores.
Raquel também quer esclarecimentos da secretária do departamento de propinas Maria Lúcia Tavares, em torno de informações sobre supostas entregas a intermediários de Jucá e Eunício.
Pede ainda que dados da transportadora Transnacional sejam analisados para comprovar as supostas entregas de dinheiro aos operadores dos emedebistas.

Luiz Vassallo, O Estado de São Paulo

Roda Viva com Tarcísio Gomes - 29/04/2019

"Japão: imperador sem sucessor direto, imperatriz deprimida"

Com 59 anos, altura guardada como segredo nacional (no meio do peito de uma enorme Michelle Obama com salto), paixão por transportes fluviais, um desejo declarado de ficar “mais perto do povo” e a inescrutabilidade emocional que se espera da sua estirpe, Naruhito, o novo imperador do Japão não está com a vida feita.
Sua mulher, a partir de amanhã imperatriz Masako, sofre de depressão profunda, agravada durante um período pelas pressões para que gerasse um herdeiro homem.  Chegou a passar dez anos sem aparecer em nenhuma função pública.
A promessa que o marido fez de sempre protegê-la não resistiu à realidade do cerimonial massacrante da Casa Imperial, que impõe desde o cardápio até as roupas vestidas pelas princesas, passando pela agenda e, claro, a procriação.
A filha única do casal, Aiko, que nunca poderá suceder o pai, parece ter sofrido de anorexia em algum momento. Ou isso pode ser apenas fruto de teorias conspiratórias inventadas para enfraquecer a legitimidade de Naruhito.
Extremistas tradicionalistas fazem uma campanha muito pouco disfarçada em favor do irmão dele e, na falta de um filho homem, herdeiro, o príncipe Akishino, pai do único menino na linhagem imperial, que entra como segundo na fila.
O conspiracionismo remonta à mãe do novo imperador, Michiko, a primeira plebeia a entrar para a família, também afetada pela depressão, além da dor alucinante do herpes zoster. O distúrbio, causado por um vírus que fica alojado na espinha e eventualmente se manifesta nos piores momentos possíveis, a impede de usar tiaras e coroas — outro motivo de crítica dos inimigos.
A impecável Michiko tem “origem obscura”, dizem tradicionalistas ferozes, insinuando um passado pecaminoso ou, pior ainda, de origem coreana – a desgraça final. Até os gestos de suas mãos já foram “interpretados” como estranhos à etiqueta japonesa e suspeitosamente parecidos com os das coreanas.
Masako, obviamente, não escapa da rede de maldades que inclui maluquices como o uso de dublês e bobagens como cirurgias plásticas nas pálpebras, tão comuns em países asiáticos.
Para essa turma, até os desastres naturais que aconteceram durante o reinado do imperador Akihito são atribuídos a falhas no dever principal do ocupante do Trono do Crisântemo: “Rezar pelo bem-estar da nação na qualidade de cabeça do xintoísmo”.
É por isso que “uma mulher, que fica menstruada e grávida” não pode ocupar o trono, pois as condições mencionadas a impediriam de “manter rituais constantes ao longo do ano, sendo alguns deles severamente exigentes em termos físicos”.
Como todos os mitos nacionais, o do Japão foi construído a posteriori. O primeiro imperador, Jimmu, nascido em 13 de fevereiro do ano 711 antes da era cristã, segundo a lenda, era um descendente direto da deusa do Sol, Amaterasu.
Como é próprio das divindades, ela mandou um filho para as ilhas japonesas, em algum momento houve um casamento com uma filha de Ryujin, a deusa do mar. Jimmu, um conquistador tribal, virou postumamente um guerreiro-deus e assim a lenda foi sendo moldada.
Comprovação histórica factual só aparece no século V da era cristã, quando o imperador Ankoo já era considerado o vigésimo da linha.
Durante longos períodos, o imperador foi reduzido praticamente a um refém dos shoguns, os senhores guerreiros. O aspecto mítico foi enfatizado a ponto de que ele não podia sequer ser visto por olhos humanos, dedicando-se exclusivamente aos misteriosos rituais xintoístas, uma espécie de religião não religiosa, cheia de pequenas divindades, mas ancorada fortemente no culto aos antepassados.
Ao contrário da China, o continente-mãe, onde qualquer um podia receber o “mandato do céu” — desde que, obviamente, o tivesse conquistado na ponta da espada —, o Japão cultivou a origem divino-genealógica de seus imperadores.
Essa característica foi enfatizada quando o país entrou no caminho da modernização, do ultranacionalismo belicoso e da conquista de países vizinhos, com o xintoísmo promovido a religião oficial.
Quando o país desmoronou sob a autoprovocada hecatombe da II Guerra Mundial, um dos militares americanos especializados em cultura japonesa convocados para reconstruí-lo elaborou o decreto assinado em 15 de dezembro de 1945 banindo as seguintes doutrinas oficiais:
  1. A superioridade do imperador sobre outros governantes por ser descendente da deusa Amaterasu (na chocante transmissão por rádio em que anunciou a rendição, Hiroito já havia “abdicado” da divindade).
  2. A superioridade inata do povo japonês sobre outros povos devido a esta ancestralidade.
  3. A superioridade das ilhas japonesas sobre outras terras por terem sido especialmente abençoadas pela deusa Amaterasu.
É difícil imaginar um tenente americano escrevendo uma diretiva assim, mesmo que fosse um como William Kenneth Bunce, ex-diretor de faculdade em Ohio e professor no Japão durante três anos.  
Teoricamente, Bunce ganhou a guerra com a deusa Amaterasu, ajudado pelo pacto tácito com que o fenomenal general Douglas MacArthur desembarcou na Tóquio arrasada em 30 de agosto de 1945: reconstruir o país sem represálias de vulto a criminosos de guerra e manter o imperador, em troca do desarmamento permanente, da democratização e do alinhamento do país com os Estados Unidos.
É claro que a União Soviética de Stalin, cuja declaração de guerra ao Japão foi o motivo predominante, maior ainda que as duas bombas atômicas americanas, para a rendição, não teve o mesmo cuidado.
Dos militares japoneses que se renderam aos soviéticos na China, calculados, entre 560 mil e 760 mil, entre 60 mil e 347 mil morreram nos campos de prisioneiros. A própria opacidade dos números retrata o destino tenebroso dos prisioneiros caídos em poder da URSS.
Os na esfera dos Estados Unidos, em compensação, saíram das ruínas, literais, para reconstruir o que hoje “a terceira maior economia do mundo”.
Desde a modernização do século 19, a monarquia japonesa copiou muita coisa da britânica, incluindo o uso de fraque e cartola para os homens, vestido de baile e tiara para as mulheres em ocasiões solenes, alternados com trajes tradicionais como os sete quimonos maravilhosamente bordados usados pelas noivas da família real.
Naruhito, o primeiro bebê imperial não tirado dos pais assim que nasceu, estudou dois anos em Oxford, dedicando-se ao interessante tema do transporte no rio Tâmisa.
Nem a venerada rainha Elizabeth, aos 92 anos, ocupa no imaginário nacional uma posição tão única e elevada do imperador para os japoneses. Tampouco é objeto de disputas políticas silenciosas.
Mesmo que Hiroito, Akihito e Naruhito tenham adotado o discurso pacifista e conciliador, o caldeirão do nacionalismo reprimido continuou a ferver como um yakiniku, o churrasco japonês.
Independentemente da opinião ou da posição do imperador, os nacionalistas ancoram seus argumentos na posição ímpar do ocupante do Trono do Crisântemo, usado como metonímia para a monarquia da mesma maneira que o Trono de Ferro em Games of Thrones.
O espectro vai desde a defesa do rearmamento do país, totalmente dependente dos Estados Unidos diante da gigantesca ameaça chinesa e das provocações do anão norte-coreano, até o ultranacionalismo extremo, incluindo a corrente que detona Naruhito e defende seu irmão Akishino.
O primeiro-ministro Shinzo Abe ocupa um lugar mais ou menos no meio desse espectro.
Fim com mistério: câmeras de segurança flagraram na sexta-feira passada um homem de capacete de pedreiro entrando na escola do filho de Akishino, o príncipe Hisahito, de doze anos.
Duas facas foram plantadas perto da carteira do menino, único descendente homem da dinastia a caminho da extinção por falta de gente, em muitos aspectos um retrato da involução populacional do próprio Japão.
As facas tinham lâminas cor-de-rosa.

Vilma Gryzinski, Veja

"Venezuela explode: fitas azuis até a vitória ou a derrota final?", Vilma Gryzinski

“A hora é agora”, disse Juan Guaidó, parecendo extraordinariamente no controle.
A seu lado, Leopoldo López, mentor original, tirado da prisão domiciliar pelos próprios agentes da polícia política que o guardavam e colocado, com expressão séria, no centro da fogueira dos acontecimentos.
Tudo mais era caos. As fitas azuis amarradas no braço dos militares que se declararam a favor dele e contra o regime de Nicolás Maduro pareciam quase perdidos, montando uma linha de resistência num viaduto de Caracas perto da base aérea de La Carlota, o marco zero da insurreição.
Blindados do Exército atropelaram várias pessoas na região, num retrato chocante do desequilíbrio de forças.
Quando os fitas azuis apareceram no meio do povo gritando “Liberdade”, na avenida Francisco Miranda, os poucos rebelados criaram um símbolo poderoso. Um blindado carregado de fardados sendo aplaudidos por venezuelanos comuns.
O homem que pode mudar o rumo de tudo, Vladimir Padrino, o general mais alto do escalão militar, declarou fidelidade ao regime ao qual está ligado umbilicalmente pela ficha suja. Os “atos de violência” haviam sido “parcialmente derrotados”.
O corte do sinal de televisões e redes sociais não indicava muita segurança das forças maduristas.
A propaganda habitual não causou surpresa. Disse o representante do regime na ONU, Jorge Valero, o governo americano “usou a CIA para comprar militares do alto comando e fracassou, só conseguiu recrutar pequenos núcleos militares de baixa hierarquia sem nenhuma influência na estrutura de comando”.
Do outro lado, a representante de Guaidó na Argentina, onde é tratada como embaixadora, Elisa Trotta: “Não é um golpe de estado, é um processo constitucional e democrático, um processo de recuperação da democracia liderado pelo presidente interino Juan Guaidó com apoio da nossa Força Armada Nacional.”
“Senhor Maduro, está em suas mãos evitar a violência, nosso processo é pacífico e democrático. Entregue o poder e evite o derramamento de sangue”, apelou Elisa Trotta.
Caminhando no meio de uma multidão, Juan Guaidó e Leopoldo López rumavam para o desconhecido. Com a aposta ambiciosa, só duas saídas eram possíveis: derrubada do regime ou prisão dos dois dirigentes apoiados pela maioria dos países democráticos e parte considerável da população.
Agora, não tem volta.
Veja

Zuckerberg anuncia primeiras mudanças no Facebook para priorizar mensagens privadas e grupos

SAN JOSÉ (EUA) | REUTERS
Facebook apresentou nesta terça-feira reformulações em sua plataforma em seus primeiros passos concretos para torná-la uma rede voltada para a troca de mensagens privadas e comércio eletrônico.
O objetivo é buscar novas fontes de faturamento como resposta a uma série de escândalos ligados à disseminação de notícias falsas e vazamento de dados de usuários.
As mudanças foram anunciadas pelo presidente-executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, na conferência anual F8, onde a empresa mostra uma prévia dos lançamentos de novos produtos aos desenvolvedores
A orientação para a rede social foi prometida pelo executivo em março.
O presidente do Facebook, Mark Zuckerberg, fala na abertura 
da conferência F8 - Amy Osborne/AFP
Zuckerberg
revelou um novo design para a maior rede social do mundo, que coloca menos ênfase na exibição de notícias dos amigos do usuário e dá mais importância para as ferramentas de mensagens, venda online e vídeo sob demanda.
O feed de notícias dos usuários continua a atrair dólares em anúncios para o Facebook, mas o crescimento da base de usuários em seus mercados mais lucrativos diminuiu.
"Acreditamos que existe uma comunidade para todos. Por isso, estamos trabalhando em uma grande evolução para tornar as comunidades tão centrais quanto os amigos", disse Zuckerberg no evento.
Em sua fala, Zuckerberg apontou as mensagens privadas, pequenos grupos, histórias efêmeras e curtas como as áreas de crescimento mais rápido da comunicação online.

INSTAGRAM E WHATSAPP

Outros executivos do Facebook apresentaram mudanças nos aplicativos Messenger e Instagram.
As alterações visam ajudar as empresas a se conectar com os clientes, incluindo agendamento de reservas e recursos avançados de compras, além de uma ferramenta para atrair clientes para conversas diretas com empresas por meio de anúncios.
No Canadá, a empresa irá promover teste no Instagram removendo do aplicativo o número de curtidas das fotos e visualizações de vídeos do feed de notícias e dos perfis dos usuários.
O Facebook também lançará um novo recurso chamado "Catálogo de Produtos" para o WhatsApp Business. Uma versão desktop do Messenger estará disponível este ano.
A questão sobre o plano do executivo é como a companhia vai fazer dinheiro com o novo modelo de negócios.
O Facebook teve receita de quase US$ 56 bilhões (R$ 221 bilhões) no ano passado, quase toda gerada por anúncios exibidos a seus 2,7 bilhões de usuários mensais.
Os lançamentos de produtos na F8 indicam que a resposta à pergunta envolve esforços para manter os usuários conectados nos aplicativos da empresa por mais tempo, além de ferramentas de comércio eletrônico que o Facebook espera que as empresas paguem para usar.

Com Folha de São Paulo

Sem verba desviada da saúde da educação e da segurança, centrais sindicais no Nordeste enxugam eventos do 1º de Maio

Com o corte do imposto sindical e publicação, em março, da medida provisória 873, que dificulta a arrecadação dos sindicatos, as principais centrais no Nordeste resolveram encolher os grandes eventos que marcam historicamente o Dia do Trabalho.
Em Salvador, a CUT (Central Única dos Trabalhadores) fez uma vaquinha na tentativa de juntar R$ 15 mil para bancar minimamente os custos da manifestação.

Em anos anteriores, havia megashows com artistas consagrados. “Tínhamos um palco de oito metros de frente por seis de fundo. Neste ano, vamos colocar apenas um trio elétrico no Farol da Barra”, explica o presidente da CUT na Bahia, Cedro Silva.
Para economizar, a central resolveu realizar um ato cultural com os sindicalizados que cantam ou atuam em teatro. “Antes, investíamos R$ 60 mil no 1º de Maio. Neste ano, se chegar a R$ 15 mil é muito”, alega.
Todo o material de divulgação e comunicação visual, a exemplo de balões e faixas, foi cortado. “Desde quando suspenderam o imposto sindical, entramos nessa crise. Nessa decadência de luta”, diz.
O presidente da Força Sindical na Bahia, Emerson Gomes, destacou que conseguiu o apoio de algumas prefeituras.
“Vamos fazer unificado em Salvador. A Força Sindical faz uma celebração isolada em Ilhéus. Conseguimos uma melhor estrutura com o apoio do governo municipal”, declara.

Emerson diz que, diferente de Salvador, em Ilhéus, haverá disponibilização de serviços sociais, corte de cabelo, atendimento jurídico, retirada de documentos, prêmios e shows. No Ceará, englobando os eventos em várias cidades, a Força Sindical chegava a gastar em média R$ 1,5 milhão.
Raimundo Nonato Gomes, presidente da Força Sindical cearense, diz que neste ano não terá estrutura para realização do ato. 
“Aqui, havia prêmio, refeição e três a quatro trios elétricos. Era um megaevento. Neste ano, vamos colocar apenas um carro de som em algumas praças”, diz.

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 Bolsonaro acabou com o bacanal com a grana do terabalhador
Rivaldo Gomes/Folhapress
A presidente da CUT no Maranhão, Maria Adriana Oliveira, afirma que, devido à crise financeira do sindicalismo brasileiro, precisou reduzir em 30% a estrutura do evento.

Ela explica que as centrais custeavam o transporte das pessoas do interior que participavam dos atos do Dia do Trabalho em São Luís.

Maria Adriana conta que, numa tentativa de driblar a crise e realizar um evento marcante, resolveu se unir neste ano à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).

“É o primeiro ano que vamos nos juntar com a Igreja Católica. Haverá, depois do ato no centro da cidade, duas romarias”, avisa.

Grande parte dos atos que ocorre no 1º de Maio é unificado. Participam CUT, Força Sindical, CSB, CTB, Nova Central, UGT, CGTB, Intersindical, Conlutas e os movimentos sociais Frente Brasil Popular e Povo Sem Medo.
Com Folha de São Paulo