BURJ AL ARAB JUMEIRAH
Dubai, Emirados Árabes Unidos
Destaques
Piscinas com água doce e salgada, suítes com biblioteca, cinema e elevador privativos e um bar com ouro na decoração
Piscinas com água doce e salgada, suítes com biblioteca, cinema e elevador privativos e um bar com ouro na decoração
Diária mínima
3 900 reais
3 900 reais
Cada uma com sua piscina, seu bar, sua mesa de refeições ao ar livre, seu chef particular, seu motorista e seu carrinho elétrico para circulação pela ilha, as 25 vilas do Laucala Island Resort, exclusivíssimo hotel em Fiji, são destino para poucos, e por opção — acomodam no máximo oitenta hóspedes. Quem se dispuser a deixar seu pedacinho de paraíso à beira do mar azul-turquesa do Pacífico ou em meio à exuberante vegetação tropical poderá desfrutar o campo de golfe em tamanho oficial, visitar a fazenda em que se planta e cria quase tudo o que a cozinha consome ou dar um passeio no submarino do hotel, avaliado em 1,7 milhão de dólares, para apreciar os peixes e corais no fundo do oceano. Privacidade não falta: a ilha tem o próprio espaço aéreo e marítimo, onde só se entra com autorização — daí a preferência de celebridades como Oprah Winfrey e Elle Macpherson, que já postaram fotos em sua esplêndida piscina de paredes de vidro. A grande notícia: o pacote é all inclusive. A péssima notícia: a diária é de 23 700 reais.
O Laucala Island Resort classifica-se como um hotel sete-estrelas, configuração que não existe na maioria dos sistemas de avaliação hoteleira em uso no mundo, em que a constelação mais numerosa continua parada em cinco. O conceito sete-estrelas nasceu em 1999, quando o Burj Al Arab foi inaugurado em Dubai com mimos extraordinários para os hóspedes. As suítes oferecem iPads em capa banhada em ouro, janelões de vidro do chão ao teto e roupa de cama de linho de 900 fios. As mais caras têm biblioteca, cinema e elevador privativos. Em alguns apartamentos, parede e teto formam um aquário repleto de peixes. No topo do prédio, o bar Gold on 27 utiliza ouro na decoração — ouro mesmo, maciço. Diante de tanto luxo, considerou-se que cinco estrelas eram pouco e — abracadabra — inventou-se o sete-estrelas. Em Dubai, a terra dos superlativos, nem a classificação nem as diárias a partir de 3 900 reais fazem cair o queixo dos visitantes.
LAUCALA ISLAND RESORT
Laucala, Fiji
Destaques
Bangalôs com todos os confortos, um submarino para passeios no fundo do mar e isolamento à prova de paparazzi
Bangalôs com todos os confortos, um submarino para passeios no fundo do mar e isolamento à prova de paparazzi
Diária
23 700 reais (all inclusive)
23 700 reais (all inclusive)
Dos oito hotéis agraciados com sete estrelas pelo site de viagens Trivago — que reúne avaliações de mais de 3 milhões de acomodações em 190 países —, apenas o TownHouse Galleria, em Milão, ostenta um certificado oficial, emitido em 2007 pela SGS Italia (Société Générale de Surveillance), um dos órgãos que inspecionam o setor hoteleiro de luxo no mundo todo. Com 58 apartamentos e suítes, ele fica dentro da Galleria Vittorio Emanuele II, e o acesso dos hóspedes a pontos turísticos ao redor é feito pelo telhado do edifício histórico. O mais frequente é cada país ter sua classificação, ou seguir a de algum dos diversos rankings existentes, como o da Leading Hotels of the World, que avalia hotéis cinco-estrelas com base em 900 itens.
Pouquíssimos, porém, avançam até as sete estrelas, uma avaliação geralmente autoagraciada. “São hotéis projetados para superar qualquer experiência que o hóspede tenha tido antes. Vem dando certo: o mercado dos hotéis de luxo não enfrenta crise e cresce entre 4% e 6% ao ano”, diz Simone Scorsato, diretora executiva da Brazilian Luxury Travel Association. Um dos principais diferenciais dos sete-estrelas é o número de funcionários. No Pangu 7 Star Hotel, em Pequim, projetado em formato que lembra o de um dragão, são três por hóspede, contra 0,8 em um cinco-estrelas normal.
TOWNHOUSE GALLERIA
Milão, Itália
Destaques
Localizado na famosa galeria neorrenascentista do século XIX, tem as paredes repletas de obras de arte originais
Localizado na famosa galeria neorrenascentista do século XIX, tem as paredes repletas de obras de arte originais
Diária mínima
1 700 reais
1 700 reais
Da lista dos hotéis ultraluxuosos constam ainda um na Turquia, o Shangri-La Bosphorus, repleto de obras de arte; um na África do Sul, o Karkloof Safari Spa, famoso por massagens e banhos e pelos animais (herbívoros) que circulam livremente, indiferentes aos 25 bangalôs habilmente disfarçados na paisagem; e o segundo na Itália, o Aman Canal Grande, um palazzo do século XVI inteiramente restaurado, que preserva afrescos e lustres de cristal de Murano. Com tudo isso, sua maior atração é bem contemporânea: foi nele que George e Amal Clooney recepcionaram convidados após seu casamento, em 2014. Históricos ou modernos, todos os sete-estrelas são movidos a tecnologia. “Ela se encontra até no ponto eletrônico que os funcionários usam para seguir a movimentação do hóspede e permitir que a mesa esteja posta quando ele chegar para o café”, explica Simone.
Mais recentemente, o investimento em sustentabilidade também virou marca dos sete-estrelas dignos do brilho, com renovada preocupação em diminuir a produção de lixo e o consumo de energia. “Os hóspedes, sobretudo os mais jovens, apreciam um hotel que acompanhe sua ética”, diz Jayme Drummond, consultor de hotelaria e youtuber do canal Carioca no Mundo. Eles tendem a virar as costas para quem segue caminho contrário a essa postura. Celebridades como Ellen DeGeneres e Elton John lideram um boicote aos hotéis da Agência de Investimentos de Brunei desde que o sultão Hassanal Bolkiah instaurou no país asiático a pena de morte por apedrejamento de homossexuais e adúlteras. Entre os afetados estão cinco-estrelas com viés de sete, como o Dorchester de Londres e o Plaza Athénée, de Paris. Nos tempos modernos, o setor hoteleiro está tendo de se virar para conciliar o que se julgava inconciliável: altíssimo luxo com consciência social.
Jana Sampaio, Veja