quarta-feira, 29 de março de 2023
Estrangeiros tiram dinheiro da bolsa brasileira. Efeito da presença do ex-presidiário no poder...
Piora no cenário internacional e incerteza local afastaram investidores

A aversão ao risco global e os ruídos domésticos reverteram o fluxo de capital estrangeiro na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) nos últimos meses.
Em 2022 e em janeiro deste ano, os investidores não residentes foram o principal motor da performance positiva da bolsa brasileira. Em fevereiro, contudo, o saldo do grupo ficou negativo pela primeira vez desde setembro, e, em março, o volume de saídas tem sido ainda mais intenso.
Conforme os dados mais recentes divulgados pela bolsa brasileira, neste mês, até o dia 24, os estrangeiros sacaram R$ 3,5 bilhões no segmento secundário da bolsa. O resultado é mais que o dobro da retirada de fevereiro (R$ 1,7 bilhão).
Para efeito comparativo, em março do ano passado o fluxo de capital estrangeiro ficou positivo em R$ 21,3 bilhões, e o saldo no acumulado do primeiro trimestre de 2022 foi a entrada de R$ 65,3 bilhões. Já no acumulado deste ano, o saldo também é positivo, mas em volume muito menor, de R$ 7,3 bilhões, isso em razão do alto volume de aportes visto em janeiro.
Reflexo do cenário externo e interno
Os principais responsáveis pelo fluxo negativo são o cenário externo e a performance da B3. O índice norte-americano Nasdaq, formado principalmente por empresas do setor tecnológico, tem alta de quase 12% em 2023, enquanto o Ibovespa recua 8% no mesmo período.
Um movimento de aversão a risco global, que acontece desde o início do ano, em meio às altas de juros do Federal Reserve, Banco Central (BC) dos EUA, e de outras instituições financeiras, se intensificou nas últimas semanas, com a turbulência financeira internacional.
Aos fatores externos se somam, ainda, questões internas, que pioram o desempenho da bolsa brasileira ante outros índices de países emergentes. O nível elevado dos juros no Brasil; os atritos entre o governo e o BC; e a incerteza em torno do novo arcabouço fiscal compõem um ambiente adverso para a bolsa.
Revista Oeste
Moro pede ‘suspeição’ de novo juiz da Lava Jato
O juiz Eduardo Appio assumiu os processos da 13ª Vara Federal de Curitiba

O senador Sérgio Moro (União Brasil-PR) requereu ao juiz Eduardo Appio, titular da 13ª Vara Federal de Curitiba, que não despache mais em processos da extinta Operação Lava Jato. O pedido é até a análise da suspeição formulada contra Appio por uma procuradora de Ponta Grossa, no interior do Paraná.
Moro também pede que Appio reconsidere a decisão de enviar ao Supremo Tribunal Federal (STF) as acusações feitas pelo advogado Rodrigo Tacla Duran contra ele e o deputado Deltan Dallagnol (Podemos-PR).
Os pedidos foram protocolados no processo em que Tacla Duran é réu. Ele trabalhou para a Odebrecht e foi apontado pela Lava Jato como operador financeiro da construtora em esquemas de corrupção. O advogado foi ouvido por Appio na segunda-feira 27.
O novo titular da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba intimou o advogado a depor depois de revogar uma ordem de prisão preventiva contra ele decretada por Moro em 2016.
Como “interessado”, Moro pediu que Appio pare de proferir decisões nos autos de processos da Lava Jato até analisar o pedido de suspeição protocolado pela procuradora de Ponta Grossa.
O ex-juiz da Lava Jato alega que seu sucessor deixou de cumprir a lei processual que estabelece a “precedência” da chamada “exceção de suspeição”. Para Moro, o pedido deve ser analisado com prioridade, antes de Appio analisar quaisquer autos da Lava Jato.
Segundo o senador, tal prioridade visa “prevenir que atos processuais sejam ordenados por juiz suspeito”.
Revista Oeste
Paulo Polzonoff Jr. escreve sobre a desfaçatez, soberba e a certeza do aplauso e as lições do depoimento de Flávio Dino, auxiliar do ex-presidiário, na CCJ
Depoimento de Flávio Dino na CCJ da Câmara foi bastante, digamos, instrutivo por escancarar a profunda decadência moral da política contemporânea.| Foto: Lula Marques/ Agência Brasil
Na terça-feira (28), o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Flávio Dino, esteve na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados. Ele foi convocado por deputados de oposição interessados nos muitos quiproquós recentes (Maré, 8 de janeiro, CACs) envolvendo Dino – que não é o da Silva Sauro e, suponho, nem tenha senso de humor para rir de uma piada boba como essa.
Como a sessão ocorreu enquanto eu tratava das feridas da minha abjeta hipersensibilidade (nem queira saber!), não consegui acompanhar todo o espetáculo que, tenho certeza, foi divertido para muitos. Afinal, há mau gosto para tudo nessa vida, já dizia alguém. Embora tenha perdido o drama todo, consegui pegar algumas cenas (ou recortes, no jargão contemporâneo) que me ensinaram muitas coisas. Algumas lições são novas; outras têm que ser jogadas todos os dias na lixeira da memória, senão enlouqueço.
A primeira lição que tirei do depoimento de Flávio Dino é bem óbvia. De uma obviedade até ridícula. Tristemente ridícula, digo. Mas que merece registro para a possibilidade remotíssima de alguém, no futuro, vir a se interessar pelo que acontecia no Brasil destas primeiras décadas do século XXI. A lição é: ninguém mais se preocupa com a honestidade intelectual. Honra, então, é um conceito que não faz nem cócegas nos políticos que já não se importam mais em serem respeitados, desde que sua vontade triunfe sobre a vontade dos demais.
E para aqueles que certamente dirão que nunca ninguém se preocupou com essa coisa, que eu sou idiota, ingênuo & otras cositas más, trago um nome, Nelson Rodrigues, e uma crônica, “O Medo de Parecer Idiota”, publicada no jornal O Globo em 1968. No texto, Nelson Rodrigues surpreendentemente fala bem dos intelectuais brasileiros. Que ele compara ao intelectuais europeus. Para o Nelson (olha a intimidade!), os europeus, ao contrário dos brasileiros, já não viam problema algum em passar ridículo, desde que suas ideias (estúpidas) triunfassem. O maior exemplo disso seriam as platitudes pseudoprofundas de Jean-Paul Sartre.
A maior prova de que os políticos brasileiros abandonaram qualquer preocupação com a própria honra, e já não têm nenhum medo de parecerem idiotas, foi a resposta do ministro da Justiça quando lhe perguntaram sobre a visita que ele fez à perigosa Favela da Maré, no Rio de Janeiro. “Sou político há 17 anos (...) e nunca tive problema com o povo pobre”, disse ele. Será que Dino realmente acha que o problema de quem tem medo de entrar numa favela é com o povo pobre? Ou passa esse ridículo apenas para ver suas ideias comunistas, populistas e, agora, sentimentaloides, triunfarem sobre a racionalidade – que sempre tem contornos de frieza?
A política é um diabinho
À medida que escrevo, vou me dando conta de que foram muitas as lições aprendidas ou lembradas graças ao blá-blá-blá de Flávio Dino. Não vai dar tempo de falar de todas, mas aqui está outra: quem está atolado em política, à direita ou à esquerda, sempre encontrará justificativas para seus atos, por mais reprováveis que eles sejam. A política é inimiga da autocrítica. Da percepção, necessária, de que somos falhos e muitas vezes nos apegamos a ideias e sensibilidades falhas, com as quais construímos uma imagem do mundo que raramente condiz com a realidade.
A política é como um diabinho que fica soprando no ouvido da pessoa que ela está sempre certa. Provas empíricas e argumentos racionais não importam se a intuição política diz o contrário. Aqui o desprezo pela honestidade intelectual e pela honra se mistura à soberba, não rara disfarçada de autoestima, de amor próprio e de outros conceitos da moda, sobretudo entre progressistas ateus.
Outra: na política contemporânea não há espaço para certos elementos que, ao longo de séculos, ajudaram a construir essa coisa a que damos o nome de civilização. Como o arrependimento e o perdão (por favor, cliquem nesse link!). Aliás, ouso dizer que o fim da capacidade de perdoar levou ao fim da capacidade de se arrepender. Ou de simplesmente reconhecer o erro. Ninguém jamais aceita confessar as próprias imperfeições se sabe que será defenestrado por conta delas. E aqui, claro, estou me referindo aos erros por descuido, lapso e ignorância; e não aos de má-fé.
Mas a lição mais importante que aprendi assistindo ao que só a muito custo se pode chamar de diálogo entre os deputados e o ministro Flavio Dino foi que, independentemente do que se disser, por mais asinino ou desonesto que seja o discurso, por mais torto que se revele o raciocínio e por mais mal-intencionadas que soem as palavras, sempre haverá alguém para aplaudir. Sempre.
Porque, em nossa época marcada por uma lealdade cada vez mais frágil, baseada em interesses outros que não o amor ao próximo, é praticamente impossível resistir à tentação de fazer parte de um grupo. Qualquer grupo. Um grupo que, sonhamos todos, há de nos ser leal e nos protegerá do salve-se quem puder (apud Gustavo Corção) em que se transformou a democracia liberal.
Gazeta do Povo
Moro resgata projeção nacional após ameaças do PCC e do ex-presidiário Lula
Senador Sergio Moro| Foto: EFE / André Borges
O senador Sergio Moro (União Brasil-PR) resgatou a projeção nacional que tinha quando foi indicado para o Ministério da Justiça e Segurança Pública, ainda em 2018, segundo avaliação de interlocutores do parlamentar e de políticos de direita. No entorno de Moro até se voltou a falar em uma eventual candidatura à Presidência da República em 2026, embora haja o reconhecimento de que ainda é cedo para tratar do assunto e que dificuldades enfrentadas por ele na pré-campanha de 2022 ainda persistem.
O fortalecimento da imagem de Moro ocorre depois da descoberta do plano do Primeiro Comando da Capital (PCC) para atacá-lo e sequestrá-lo, e do comentário do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de que a operação conduzida pela Polícia Federal (PF) teria sido uma "armação" do senador paranaense. O petista também deu projeção a Moro quando disse, em entrevista ao vivo na semana passada, que pensava em se vingar do ex-juiz quando estava preso.
Pessoas próximas de Moro sustentam que, embora os fatos sejam alheios à sua vontade e tenham colocado ele e sua família em risco, o bônus político gerado após as ameaças são inerentes ao momento político – e potencializados pela polarização do país.
Diante do atual cenário, interlocutores admitem que a disputa pela Presidência da República em 2026 é uma possibilidade. Eles afirmam que ainda falta muito tempo para as próximas eleições gerais, mas, reservadamente, reconhecem que a retomada de uma projeção nacional favorece Moro. Até as últimas semanas, as ambições eleitorais de Moro se limitavam a uma possível disputa ao governo do Paraná.
Nas eleições de 2022, Moro almejou ser candidato à Presidência, mas recuou após sair do Podemos e migrar para o União Brasil, que, por divergências internas e interesses estaduais, não apoiou o nome de Moro para a disputa pelo comando do Palácio do Planalto e lançou a senadora Soraya Thronicke (MS) ao pleito.
Interlocutores de Moro também entendem que ele sai favorecido em razão do que entendem ser um "vácuo" de poder da direita. A avaliação entre fontes ouvidas pela Gazeta do Povo é de que Bolsonaro ainda é uma força que não pode ser menosprezada, mas existe a percepção de que existe a possibilidade de novas lideranças surgirem no campo conservador.
A mídia espontânea para Moro e a percepção negativa de Lula nas redes sociais são outros pontos apontados por interlocutores ao avaliar o atual cenário político. As menções a favor do petista no Twitter, Facebook e Instagram ficaram abaixo de 20% entre 20 de março a 24 de março de 2023, de acordo com uma pesquisa da Quaest em parceria com a Genial Investimentos. O índice de Lula segundo o mesmo instituto era de 53% no início do mandato e a queda coincide com as ofensas do petista ao senador.
Acusações de Tacla Duran não incomodam Moro
Para o cenário de projeção nacional vislumbrado por pessoas próximas de Moro, nem mesmo as acusações do ex-advogado da Odebrecht Rodrigo Tacla Duran, apontado na Operação Lava Jato como um dos operadores do esquema de corrupção envolvendo a empreiteira, incomodam o senador.
O advogado afirma ter sido alvo de uma tentativa de extorsão para que não fosse preso durante um desdobramento da Lava Jato e sugeriu um envolvimento de Moro e do deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR), ex-coordenador da força-tarefa da operação, no suposto crime.
As acusações são minimizadas por interlocutores de Moro, que entendem que Tacla Duran se prende a uma falsa narrativa para tentar lançar suspeitas sobre o senador. O gabinete do parlamentar destaca que ele já teve processo arquivado por falta de provas e que a nova acusação não prejudica, nem contribui com o processo de ascensão nacional de Moro.
Sobre as acusações de Tacla Duran, Moro afirmou em nota à Gazeta do Povo que "não teme qualquer investigação, mas lamenta o uso político de calúnias feitas por criminoso confesso e destituído de credibilidade". "Trata-se de uma pessoa que, após inicialmente negar, confessou depois lavar profissionalmente dinheiro para a Odebrecht e teve a prisão preventiva decretada na Lava Jato. Desde 2017 faz acusações falsas, sem qualquer prova, salvo as que ele mesmo fabricou. Tenta desde 2020 fazer delação premiada junto à Procuradoria Geral da República, sem sucesso. Por ausência de provas, o procedimento na PGR foi arquivado em 9/6/22”, disse.
Moro não descarta diálogo com Bolsonaro
Mesmo tendo identificado que o momento é oportuno para se posicionar como uma liderança nacional e de oposição, Moro está receptivo à ideia de uma reunião com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e não descarta um encontro com ele – Bolsonaro deve voltar ao Brasil nesta quinta-feira (30). A análise do senador é de que a oposição deve estar unida para se organizar e combater Lula.
Interlocutores de Moro defendem a construção de uma frente ampla de oposição para ganhar a eleição presidencial em 2026, mas destacam a importância de promover uma oposição "inteligente" e unida para evitar a pulverização da direita.
Até mesmo aliados mais simpáticos a Bolsonaro concordam que a abertura de Moro ao diálogo e o momento político atual o fortalecem. O deputado federal Sargento Fahur (PSD-PR) acredita na possibilidade de reunião entre o senador e o ex-presidente para debater a organização da oposição até pelo apoio que foi dado pelo senador à candidatura de Bolsonaro à reeleição durante a disputa do segundo turno.
Entre Moro e Bolsonaro, Fahur diz que o ex-presidente ainda seria sua primeira opção, mas não descarta a hipótese de apoio ao senador. "Estou com Bolsonaro até de baixo d’água, mas sempre trabalho com aquelas condições de uma eventual inelegibilidade ou coisas da política e da Justiça", comenta. "Se não der, vamos pensar no Moro. É um grande nome, me sentiria confortável em pedir voto, caso [Bolsonaro] estivesse fora do jogo", complementa.
Fahur considera que as críticas de Lula e as ameaças do PCC asseguram a Moro mais bônus políticos. "Quando a gente é atacado por determinadas pessoas, mostra que estamos no caminho certo. Ninguém quer ser ameaçado pelo crime organizado, mas não tenha dúvidas de que, para ele, politicamente, foi uma forma de resgate de projeção", diz. "O Lula perdeu a oportunidade de mostrar grandeza que sei que ele não tem de se solidarizar com o Moro", acrescenta.
A análise também é respaldada por parlamentares que defendem uma "terceira via", uma opção de presidenciável além de Bolsonaro e Lula. Contudo, nem todos ainda se sentem convencidos em relação a Moro. A avaliação de um congressista que falou em condição de sigilo é de que Moro ainda não tem boa oratória, nem "conhecimento sobre Brasil" para aproveitar a projeção "o suficiente".
Em condição reservada, outro parlamentar com apreço por Moro nutre expectativas de que o senador possa ser uma opção no cenário eleitoral, mas teme que o senador não tenha o apelo e a força política a ponto de liderar a oposição.
O PL no Paraná, por exemplo, entrou com ação contra o senador pela cassação de seu mandato. O senador tem desafetos no partido e em outras legendas de centro, e a resistência política seria um dos desafios a superar para alavancar as chances em uma disputa presidencial.
Um dos motivos dessa resistência diz respeito ao fato de Moro ter deixado o governo Bolsonaro, em abril de 2020, e afirmar que houve interferência política por parte do agora ex-presidente na Polícia Federal.
“Presidente [Bolsonaro] me disse mais de uma vez, expressamente, que ele queria ter uma pessoa do contato pessoal dele, que ele pudesse ligar, que ele pusesse colher informações, que ele pudesse colher relatórios de inteligência. Não é o papel da PF prestar esse tipo de informação”, disse Moro à época. “O presidente tinha preocupação com inquéritos em curso no STF e a troca seria oportuna da PF por esse motivo. Também não é razão que justifique a substituição, é algo que gera grande preocupação”, afirmou o ex-ministro em abril de 2020.
Moro aposta em agenda externa e pautas fora da "zona de conforto"
Interlocutores de Moro sustentam que o senador tem procurado se aperfeiçoar para sair de sua "zona de conforto" e também se afastar da percepção do "discurso único" do combate à corrupção, ou mesmo de enfrentamento ao crime organizado.
A fim de se firmar como uma liderança nacional, o entorno político do senador assegura que ele tem avançado em outras pautas, como economia, e não está mais preso apenas à pauta da Operação Lava Jato.
Dentro desse escopo, Moro tem procurado ampliar sua participação na política externa e, inclusive, viajou no sábado (25) a Buenos Aires, na Argentina, onde participou de encontro com líderes da direita e centro-direita da América Latina, como os ex-presidentes Mauricio Macri, da Argentina, Sebastián Piñera, do Chile, e Felipe Calderón, do México.
O senador viajou a convite da Fundación Libertad, instituto que defende a difusão de valores liberais, e participou de um painel intitulado "Perspectivas políticas e econômicas da região” na segunda-feira (27) com o ex-ministro da Fazenda argentino Ricardo López Murphy e com o uruguaio Álvaro Delgado, assessor do presidente Luis Lacalle Pou.
"Contra o populismo na América Latina, participei de encontro em Buenos Aires com grandes lideranças iberoamericanas", declarou Moro no Twitter.
O senador retorna ao Brasil na quarta-feira (29) e, na quinta-feira (30), embarca para os Estados Unidos, onde participará do Brazil Conference, evento em Boston que reúne líderes políticos e culturais do Brasil.
Rodolfo Costa, Gazeta do Povo
Iniciativa do desgoverno sobre fake news ignora mentiras do... ex-presidiário Lula
Plataforma foi lançada dias depois de o petista declarar sem provas que o plano do PCC para matar o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) seria uma “armação” do ex-juiz| Foto: EFE/Andre Borges
Dois dias depois de Lula declarar sem provas que o plano do PCC para matar o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) seria uma “armação” do ex-juiz da Lava Jato, a Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência lançou a plataforma “Brasil contra fake”, um “chamado para nos unirmos contra o ódio espalhado pelas fake news”. Hospedada no site oficial do Planalto, a iniciativa já contava com mais de 40 conteúdos favoráveis ao governo (alguns deles reproduzidos de agências de checagem) até a manhã desta terça-feira (28), porém sem menções a verificações sobre mentiras ou dados falsos propagados pelo petista ou por sua equipe.
Um vídeo postado no Twitter de Lula, no domingo (26), afirma que “quem espalha fake news espalha destruição”. “O Brasil sofreu muito com mentiras nas redes sociais [nos] últimos anos. Precisamos fortalecer uma rede da verdade”, diz o texto, convidando o cidadão a “frear o ódio, parar de repassar informações falsas, checar cada fato e sua fonte”.
O site do PT explica que, na plataforma, “o internauta tem acesso à versão correta das principais mentiras que andam sendo espalhadas nas redes sociais a respeito do governo Lula, além de receber orientações sobre como identificar e denunciar fake news”. “O Governo tem um espaço de esclarecimentos sobre Fake News e desinformação sobre políticas públicas e iniciativas apoiadas é um serviço de utilidade pública”, tuitou o ministro da Secom, Paulo Pimenta.
O governo não divulgou como é feita a seleção dos temas nem a metodologia utilizada na checagem. Alguns conteúdos foram produzidos por agências, como G1, Aos Fatos e Lupa. Já outros textos não são exatamente checagens, mas notas de esclarecimento com a versão do governo sobre polêmicas, como a participação de Janja em uma live.
“É falsa a informação de que a primeira-dama Janja Lula da Silva teria utilizado indevidamente um canal público para realizar uma live na TV Brasil. A Empresa Brasil de Comunicação (EBC) cumpre o contrato de prestação de serviços firmado com a Secretaria de Comunicação Social (Secom). O acordo inclui transmissões ao vivo, a partir de demanda definida pela Secom. Este foi o caso da live em questão, uma ação interministerial no 8/3/2023, data que marca o Dia Internacional da Mulher. Portanto, o material produzido tem caráter de Comunicação Pública, como meio de debate e interesse comum envolvendo a sociedade civil, o Estado e o Governo”, justifica o texto.
Em outro conteúdo (“É falso que yanomamis desnutridos sejam venezuelanos”), a equipe de Lula aproveitou o espaço oficial para atacar o governo Bolsonaro: “a verdade é que a crise humanitária que aflige o povo yanomami foi ignorada pelo governo anterior”. “Foram 50 ofícios enviados pelos indígenas a diversos órgãos alertando para a situação crítica e que foram esquecidos pela gestão passada (2018-2022). Desde o começo do atual governo, os yanomamis vêm sendo atendidos com uma série de ações. Trata-se desde o envio de cestas básicas, reforço na atenção à saúde até a mitigação dos garimpos ilegais que tanto impactam a comunidade indígena”, afirma a publicação.
Mentiras de Lula são ignoradas
Na última quinta-feira (23), durante visita ao Complexo Naval de Itaguaí, no Rio de Janeiro, Lula afirmou que “é visível que [a elaboração de um plano de criminosos para sequestrar e assassinar autoridades] é uma armação do Moro”. “Lula alimenta onda de desinformação ao acusar Moro”, disparou o Estadão Verifica, apontando o petista como “o principal responsável por alimentar as teorias conspiratórias”.
No primeiro mês do mandato, o governo federal institucionalizou a classificação do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016, como um “golpe”, em um texto de apresentação da nova presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). No dia da mulher, Lula voltou a chamar o impeachment de golpe: “O processo [de combate à desigualdade] sofreu um retrocesso muito grande após o golpe de 2016 contra nossa companheira Dilma Rousseff”. De acordo com juristas ouvidos pela Gazeta do Povo, o argumento não tem base legal, segundo os fatos que envolveram o processo.
No início do mandato, posts nas redes sociais compartilhados “por parlamentares, como os deputados federais Gleisi Hoffman (PT-PR) e José Guimarães (PT-CE) e os senadores Humberto Costa (PT-PE) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP)” afirmavam que Lula não teria autorização para corrigir a faixa de isenção do Imposto de Renda ainda em 2023. A agência Aos Fatos publicou em janeiro que o argumento é falso, uma vez que “o princípio da anterioridade não prevê qualquer tipo de prazo de adaptação em caso de diminuição de tributos — caso da proposta do governo —, apenas para o aumento ou a criação de novos impostos”.
A mesma agência verificou dados falsos propagados por Lula em seu discurso de posse, como afirmações de que herdou mais de 14 mil obras paradas e de que “em nenhum outro país a quantidade de vítimas fatais [da Covid-19] foi tão alta proporcionalmente à população quanto no Brasil”.
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, também propagou uma informação falsa durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, ao dizer que “no meu país, tem 120 milhões de pessoas que estão passando fome". No dia seguinte, ela corrigiu o número para 33 milhões de brasileiros, porém o dado ainda não corresponde ao real cenário do país.
Durante a posse de Aloizio Mercadante como presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em fevereiro, Lula disse que Cuba e Venezuela não pagaram empréstimos feitos com o Brasil, porque “o presidente [Bolsonaro] resolveu cortar relação internacional com esses países” e não cobrou a dívida. A informação foi checada pelo O Antagonista e é falsa: “Segundo dados apresentados pelo site do próprio banco, o BNDES registra inadimplementos dos países vizinhos desde janeiro de 2018, quando Michel Temer ainda estava na cadeira presidencial”.
A agência Lupa, que teve algumas checagens reproduzidas pelo “Brasil contra fake”, também já publicou verificações desfavoráveis ao presidente e à sua equipe, como uma de fevereiro que afirma que “Lula usa dados falsos e exagerados sobre economia em entrevista à CNN”.
A Gazeta do Povo procurou a Secom para entender os critérios de seleção das checagens e para perguntar se a plataforma pretende publicar verificações sobre informações falsas ditas por Lula e pela equipe de governo, porém não obteve retorno até o fechamento desta reportagem.
Repercussão negativa
Pelo Twitter, internautas reagiram à postagem de Lula, com ironias e pedidos de verificação de mentiras propagadas pelos governistas. O jornalista Ricardo Noblat, que na época das eleições tuitou uma declaração de voto em Lula ao afirmar que “É preciso derrotar Bolsonaro. E de preferência no primeiro turno”, também criticou a iniciativa, classificando-a como “ideia de jerico”. “O Poder mente, seja ele qual for. Sempre foi assim e sempre será. Mente-se mais em regimes autoritários, autocráticos, mas nas democracias também se mente muito”, acentua.
Noblat recorda que, se o objetivo da Secom é “desmentir notícias que incomodem o governo”, há agências certificadas que já se ocupam “mesmo dessas, ou principalmente dessas” situações. “Desconfie, desconfie muito dos que os governos dizem, embora eles não admitam que mentem. E de iniciativas que eles possam ter em defesa do que apresentam como verdade”, alerta.
A plataforma de Lula também foi criticada pela agência de checagens Lupa, que acusou o governo de usar os conteúdos sem aviso prévio. “Do total de conteúdos disponíveis no portal, 12 foram feitos a partir de verificações publicadas pelos sites Fato ou Fake, Aos Fatos e Lupa, com referência e link direto. As duas últimas, porém, não foram comunicadas sobre o uso de suas checagens no site. Também não está claro o critério de utilização — há, por exemplo, uma checagem da Lupa produzida em novembro de 2022, ou seja, antes de o governo Lula tomar posse”, afirma.
A Lupa critica ainda que a maioria dos conteúdos produzidos pela equipe da Secom “não fornecem nenhum tipo de evidência direta sobre a afirmação que está sendo verificada”. “Um dos textos, por exemplo, é uma “verificação” de uma afirmação de que o governo teria cortado R$ 4 bilhões de verbas para Ciência e Tecnologia. O texto diz que o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) deve receber R$ 9,96 bilhões, mas não apresenta nenhuma fonte que comprove isso — como, por exemplo, o orçamento de 2023”.
Com informações de Bruna Komarchesqui, Gazeta do Povo
Depois de aumentar a fortuna de laboratórios e de atravessadores, OMS agora muda orientação e recomenda apenas 2 doses de vacina contra a covid
Adultos saudáveis e crianças e adolescentes com comorbidades não precisam de doses extras

A Organização Mundial da Saúde (OMS), depois de aumentar a fortuna de laboratórios e de atravessadores, considera que adultos saudáveis e crianças não precisam de dose adicional da vacina contra a covid, além da dose primária e de um primeiro reforço.
Os benefícios à saúde de outras doses, além das duas iniciais, para pessoas saudáveis com menos de 60 anos, e para crianças e adolescentes de 6 meses a 17 anos com comorbidade, “são baixos”, segundo decidiu o Grupo Consultivo Estratégico de Especialistas em Imunização (Sage) da OMS, depois de reunião realizada entre 20 e 23 de março, para revisar o roteiro das vacinas contra a covid.
As novas recomendações consideram o impacto da variante Ômicron e o alto nível de imunidade alcançado entre a população mundial, devido a infecções e à vacinação.
De acordo com o grupo consultivo, idosos, adultos com outras patologias, imunossuprimidos, grávidas e profissionais de saúde da linha da frente são considerados de alta prioridade e aconselhados a tomar uma segunda dose de reforço (depois das duas doses iniciais). Para essas pessoas, os consultores recomendam um reforço adicional seis ou 12 meses depois da última dose.
No grupo de média prioridade estão adultos saudáveis, sem comorbidades, e crianças e adolescentes com comorbidades. Para esses, o Sage recomenda a série primária e as primeiras doses de reforço para o grupo de média prioridade. “Embora reforços adicionais sejam seguros para esse grupo, o Sage não os recomenda rotineiramente, dados os retornos de saúde pública comparativamente baixos”, informou a OMS, no comunicado.
Já o grupo de baixa prioridade inclui crianças e adolescentes saudáveis de 6 meses a 17 anos. Segundo a OMS, embora a vacinação seja “segura e eficaz”, cada governo deve avaliar a necessidade de imunização dessa faixa etária.
“Doses primárias e de reforço são seguras e eficazes em crianças e adolescentes. No entanto, considerando a baixa carga da doença, o Sage insta os países que consideram a vacinação dessa faixa etária a basear suas decisões em fatores contextuais, como carga da doença, custo-efetividade e outras prioridades programáticas ou de saúde e custos de oportunidade”, informou o comunicado da OMS.
Com Revista Oeste
Auxiliar do ex-presidiário, Rodrigo Pacheco se junta a Lula em ataque ao Banco Central
Condenado a mais de 20 anos de xilindró, o petista reiterou o convite para que o 'presidente' do Congresso Nacional faça parte da 'comitiva presidencial' que deve ir à China

Depois de participar de uma reunião com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que opera ostensivamente como auxiliar do ex-presidiário, juntou-se ao petista e criticou a alta da taxa de juros no país. A declaração, dada na terça-feira 28, aumenta a pressão política sobre o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto.
“Houve o reconhecimento mútuo de que a taxa de juros no Brasil está muito alta e afirmei ao presidente a importância de encontrarmos caminhos sustentáveis para a redução da taxa o mais rápido possível”, afirmou Pacheco, em nota.
Indicações para o cargo de presidente do BC precisam passar pelo Senado. A Casa também tem de aprovar eventuais exonerações de integrantes da autoridade monetária.
A reunião com Pacheco
Pacheco se reuniu com Lula no Palácio da Alvorada, no fim da tarde de ontem. A conversa durou cerca de duas horas e meia e teve a participação do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e dos líderes do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (Rede), e no Senado, Jaques Wagner (PT).
Nos últimos dias, Lula tem trabalhado para mediar uma disputa de poder entre o Senado e a Câmara. Os senadores querem a volta das comissões mistas para realizar as análises das medidas provisórias. A Câmara, no entanto, quer manter o rito estipulado durante a pandemia: sem a necessidade dos colegiados, realizando a votação diretamente no plenário.
“Tratamos da tramitação das medidas provisórias e disse ao presidente que estamos trabalhando no encaminhamento da busca de um consenso”, disse o senador.
Lula ainda reiterou o convite para que Pacheco faça parte da comitiva presidencial que irá à China. A visita ao país asiático foi adiada, por orientação do médico do petista. Os governos brasileiro e chinês negociam uma nova data para o encontro. Não há uma definição quanto a isso ainda.
Leia a íntegra da nota de Rodrigo Pacheco
Reuni-me, nesta terça-feira, por mais de duas horas, com o presidente Lula. Na conversa, tratamos da tramitação das medidas provisórias e disse ao presidente que estamos trabalhando no encaminhamento da busca de um consenso. Também ressaltei ao presidente Lula que daremos celeridade devida ao arcabouço fiscal. Dentro disso, houve o reconhecimento mútuo de que a taxa de juros no Brasil está muito alta e afirmei ao presidente a importância de encontrarmos caminhos sustentáveis para a redução da taxa o mais rápido possível. Outro ponto da conversa foi em relação à regulação das redes sociais e de plataformas da internet, tema que será discutido pelo Congresso e que precisará do apoio do governo. Por fim, o presidente Lula renovou o convite para que eu integre a comitiva que irá à China, diante de uma nova perspectiva da visita ao país asiático.
Com Revista Oeste
A bola está com o governo
Sem consenso entre alas técnica e política, Haddad terá de conversar com Congresso e economistas para fechar novo arcabouço fiscal.| Foto: Andre Borges/EFE
Nesta terça-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central divulgou a ata de sua reunião da semana passada, em que aprofunda os argumentos apresentados no comunicado em que anunciava a manutenção da taxa Selic em 13,75% ao ano, para desgosto de todos os terraplanistas econômicos que ainda acreditam, contra toda a evidência, ser possível gastar como se não houvesse amanhã sem gerar inflação e juros. Quando passa da descrição do cenário atual para a prescrição – ou seja, aponta o que precisa ser feito para que o país possa finalmente retornar a taxas mais baixas –, a palavra de ordem do Copom é “ancorar as expectativas”.
Afinal, se há algo que o governo Lula conseguiu fazer nesses últimos cinco meses – incluindo o período como governo eleito, após as eleições e antes da posse –, foi estraçalhar qualquer expectativa de uma política fiscal responsável. A âncora fiscal que vigorava desde 2016, o teto de gastos, recebeu seu golpe fatal na PEC fura-teto; praticamente todas as declarações de Lula e da equipe econômica por ele escolhida tratam da necessidade de se gastar mais – e minimizar essa realidade chamando gasto de “investimento” não resolve nada, pois os recursos do contribuinte são consumidos da mesma forma, independentemente do nome que se dê a isso; o primeiro pacote apresentado por Fernando Haddad para reduzir o déficit público apostava pesadamente em aumento de arrecadação, e não em corte de despesas; mesmo medidas que podem ser entendidas como fiscalmente responsáveis demonstram que planejamento é item em falta neste governo.
Um arcabouço fiscal frouxo ou mal elaborado em nada ajudará a recuperar a confiança do investidor. E mesmo uma regra boa não dará muito fruto se o mercado perceber que ela pode ser facilmente contornada
Em um cenário como este, é totalmente natural que os agentes do mercado financeiro e os investidores esperem tempos ainda mais bicudos à frente: as projeções de inflação sobem (o que alimenta a espiral inflacionária, explica o Copom na ata), as estimativas de crescimento caem, os investidores colocam o pé no freio, e o Brasil é obrigado a oferecer juros mais altos para quem se dispõe a emprestar seu dinheiro ao Tesouro. Daí a importância de “ancorar as expectativas”, ou seja, de demonstrar que a política fiscal do governo será capaz de restaurar a credibilidade do país, para que este processo não contamine de vez o médio e longo prazos (o que já começa a ocorrer, segundo o Copom). Uma chave para atingir esse objetivo está na regra fiscal ainda desconhecida que o governo promete apresentar em breve.
“O Comitê seguirá acompanhando o desenho, a tramitação e a implementação do arcabouço fiscal que será apresentado pelo governo e votado no Congresso”, diz a ata, deixando claro, no entanto, que a mera exposição do conteúdo da nova âncora fiscal não basta para a ancoragem das expectativas. “Não há relação mecânica entre a convergência de inflação e a apresentação do arcabouço fiscal”, afirmam os membros do Copom; “no entanto, o Comitê destaca que a materialização de um cenário com um arcabouço fiscal sólido e crível pode levar a um processo desinflacionário mais benigno através de seu efeito no canal de expectativas”.
Sólido e crível, eis os termos-chave. Uma regra frouxa ou mal elaborada em nada ajudará a recuperar a confiança do investidor. E mesmo uma regra boa não dará muito fruto se o mercado perceber que ela pode ser facilmente contornada, como ocorreu com o teto de gastos. A âncora de 2016 era sensata e tinha inclusive o mérito de não permitir uma explosão de despesas em tempos de bonança, garantindo que receitas maiores, seja por aumento ordinário de arrecadação, seja por entradas extraordinárias como concessões e privatizações, fossem destinadas ao abatimento da dívida pública, e não à contratação de novas despesas que muitas vezes se tornariam permanentes e pressionariam o orçamento em tempos de vagas magras. Mas não demorou muito para que governo e Congresso inventassem todos os meios possíveis e imagináveis de burlar o teto. Essa desmoralização cobrou seu preço em indicadores como o câmbio e a curva de juros futuros.
Por mais que Lula e seus aliados continuem esperneando contra o Banco Central, está claro que a bola está com o governo: boa parte da atual incerteza deriva do fato de que não se sabe que âncora fiscal o país terá nos próximos anos, e isso é algo que só o Executivo pode resolver, apresentando logo um arcabouço fiscal “sólido e crível”. E, se o projeto não tiver essas características, que o Congresso tenha a inteligência de fazer os ajustes necessários para que os recursos tomados do contribuinte por meio dos impostos sejam usados com mais racionalidade e eficiência, restaurando a confiança que se manifesta em mais investimento, emprego e renda para os brasileiros.
Gazeta do Povo
Auxiliar de Lula, Viana lesa a Pátria
Diretor da Apex, Jorge Viana foi à China falar mal do Brasil, seguindo o caminho do chefe ex-presidiário
Na China, maior cliente do Brasil, o nanico político Jorge Viana, diretor da Apex, falou mal do agronegócio associando a atividade a “desmatamento”. Ele mentiu. Dados do Ipea mostram que o Brasil é o líder mundial da produção sustentável entre países agroexportadores.
Jorge Viana tem os mesmos cacoetes da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que durante a recente COP 27 também mentiu sobre o próprio país, dizendo há “120 milhões de brasileiros passando fome”.
Com Diário do Poder
Lupi pode ser o primeiro a ser afastado do covil do Lula instalado no 'governo'
A expectativa do Planalto é que Lupi se demita Foto: YouTube
Até deputados do PDT dão como certa a demissão de Carlos Lupi do Ministério da Previdência, em razão da trapalhada na redução dos juros dos empréstimos consignados sem consultar quem entende do assunto e nem mesmo a coordenação do governo. Lupi recebeu mais um sinal de que não está agradando: a Casa Civil informou somente na última hora que estava cancelada a reunião em seu próprio ministério para definir o assunto. É que tudo foi decidido por Lula na véspera. Sem ouvir Lupi.
Em nota curta, a Casa Civil informou ontem que a reunião para discutir juros do consignado “ocorreu na noite da última segunda-feira (27)”.
A expectativa do Planalto é que Lupi se demita, até para “protestar” contra seu alijamento na decisão, mas ele é apegado à boquinha.
Após alterar os juros sem consultar ninguém, em nome do “governo”, Lupi tomou uma bronca humilhante de Lula ao telefone.
Lula percebeu que Lupi o colocou no viva-voz, para se exibir a visitantes, e reclamou até de sua passagem (trágica) pelo Ministério do Trabalho.
Com Diário do Poder
As perguntas incômodas para Dino na CCJ
Auxiliar do ex-presidiário foi ao Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, tranquilamente, sem escolta... Segundo a Polícia, ninguém entra ali sem consentimento dos traficantes

O deputado federal Alfredo Gaspar (União Brasil-AL) fez alguns questionamentos incômodos ao ministro da Justiça, Flávio Dino, nesta terça-feira, 28. Dino compareceu à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para prestar alguns esclarecimentos sobre a pasta.
Durante o depoimento do ministro, que durou mais de quatro horas, Gaspar questionou se Dino — que foi ao Complexo da Maré, no Rio de Janeiro (RJ), tranquilamente —, recomendaria aos policiais do RJ fazerem o mesmo “sem ser incomodados pelos traficantes”. “O senhor garante a vida deles naquela região, que o senhor disse que é de tanta paz?”, interpelou o deputado.
O parlamentar ainda perguntou se o ministro concordava com a ADPF 579, proposta pelo PT, com o “Instituto Anjos da Liberdade”. Trata-se de uma ação que, segundo o deputado, pedia pelo retorno das visitas íntimas aos chefes das facções criminosas nos presídios federais.
“Não conheço nenhuma entidade com esse nome de Instituto Anjos da Liberdade”, explicou Dino. “Não sei de onde saiu essa versão. Sobre a ação judicial, ela foi extinta pela Advocacia-Geral da União.”
Em tom irônico, Gaspar também interpelou se Dino usaria a mesma “macheza” que teve ao prender os suspeitos de depredar os prédios dos Três Poderes contra organizações criminosas. “Vai ser na bala, na borracha ou na força?”, continuou o deputado alagoano.
Por fim, o parlamentar perguntou sobre algumas políticas públicas da pasta. “Qual é o plano de desarmamento que o senhor vai fazer contra os grandes criminosos do Brasil?”, concluiu Alfredo. “E sobre o combate à corrupção, já que o senhor tem tantos colegas ‘lameados’? Quando o senhor foi governador do Maranhão, torrou mais de R$ 5 milhões em uma empresa que vendia maconha. Pretende fazer algo parecido como ministro de Estado?”
Dino respondeu: “Não sei de onde tiraram que não tinha escolta policial comigo no Complexo da Maré”, disse o ministro. “É empírico. Basta abrir o vídeo para ver os policiais me escoltando. O senhor me pergunta se tenho muita macheza. Se o senhor está interessado nesse assunto, eu não estou. Informo no seu olho: ‘Não tenho medo de ninguém, mas não sou justiceiro’.”
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Revista Oeste