segunda-feira, 7 de julho de 2025

Comandante do Hamas diz que grupo perdeu 80% do controle da Faixa de Gaza

 Segundo ele, desde o fim do último cessar-fogo em março, o domínio da organizaçãodo colapsou completamente


Segurança é zero na região, diz o oficial do Hamas | Foto: RS/Fotos Públicas 


Um comandante sênior do Hamas citado em um relatório publicado no domingo 6, afirmou que o grupo terrorista perdeu o controle de cerca de 80% da Faixa de Gaza. Segundo ele, “não resta praticamente nada” de sua estrutura militar, depois de 20 meses de combates contra o Exército israelense. 

O relato, divulgado pela BBC News, baseia-se em várias mensagens de voz enviadas para o veículo britânico por um “alto cargo” do Hamas, identificado apenas como um tenente-coronel ferido em outubro de 2023.




“Vamos ser realistas, não resta praticamente nada da estrutura de segurança”, afirmou o oficial. “A maior parte da liderança, cerca de 95%, já está morta… Todas as figuras ativas foram eliminadas.” Segundo ele, a guerra está na fase final. Ele ressaltou que a guerra “tem que continuar até o fim”. “Então, na verdade, o que impede Israel de continuar esta guerra?” 

“Todas as condições estão alinhadas: Israel tem a vantagem, o mundo está em silêncio, os regimes árabes estão em silêncio, gangues criminosas estão por toda parte, a sociedade está desmoronando.” Segundo o oficial, desde o fim do último cessar-fogo em março, o controle de segurança do Hamas em Gaza “colapsou completamente. Sumiu totalmente. 

Não há controle em lugar algum,” destacou, ao citar saques generalizados a um complexo do Hamas sem nenhuma intervenção. 

“Então, a situação da segurança é zero”, garantiu. “O controle do Hamas é zero.”

“Não há liderança, nem comando, nem comunicação. Os salários estão atrasados e, quando chegam, são praticamente inúteis. Alguns morrem só tentando recolhê-los. É um colapso total.”

Na semana passada, as Forças de Defesa de Israel (FDI) informaram que controlam cerca de 65% da região e estão próximas de alcançar a meta declarada de domínio sobre três quartos da área terrestre da Faixa.

Existem áreas em Gaza onde as FDI praticamente não atuam, devido ao receio de que os reféns estejam sendo mantidos ali e possam ser mortos. A estimativa do comandante do Hamas é mais ampla do que a do próprio Exército israelense. 

Ele pode estar considerando o recente crescimento de milícias fora do Hamas. Entre elas, em especial, está o clã Abu Shabab, que Israel tem armado e fortalecido no sul de Gaza. Em entrevista ao canal público israelense em árabe Makan, o líder da milícia Yasser Abu Shabab confirmou pela primeira vez que suas forças cooperam em algum nível com as FDI e não descartou uma guerra civil com o Hamas. 

Esse grupo armado atua nas regiões sulistas de Rafah e Khan Younis e representa a primeira oposição armada interna significativa ao domínio do Hamas sobre os moradores da Faixa. A reportagem da BBC foi publicada enquanto Israel e Hamas mantêm negociações indiretas no Catar na tentativa de alcançar um acordo de cessar-fogo e liberação de reféns, e enquanto as FDI intensificam a pressão em Gaza por meio de ataques aéreos e operações terrestres. 

Nesta segunda-feira, 7, as FDI anunciaram que a Força Aérea israelense atingiu dezenas de alvos em Gaza nas últimas 24 horas, entre eles numerosos combatentes, depósitos de armas, postos de observação e outros edifícios usados por grupos terroristas.

Os ataques ocorreram enquanto cinco divisões, compostas de dezenas de milhares de soldados, continuam suas operações em todo o território de Gaza. 

Israel combate há 20 meses o Hamas em Gaza Durante as operações terrestres, as FDI informaram que soldados mataram inúmeros combatentes e destruíram infraestrutura do Hamas, incluindo túneis, prédios utilizados para fins terroristas, postos de lançamento de mísseis antitanque e observatórios. 

Em Gaza, a Defesa Civil, controlada pelo Hamas, registrou 12 mortos em disparos de armas de fogo ou ataques nesta segunda-feira. Leia mais: “Hamas sofre pressão interna e negocia com Israel” As forças israelenses atuam dentro da Faixa de Gaza desde o ataque liderado pelo Hamas ao sul de Israel em 7 de outubro de 2023, no qual cerca de 1,2 mil pessoas foram mortas e 251 sequestradas. 

O número de baixas do lado israelense na ofensiva terrestre e nas operações militares na fronteira com Gaza é de 441. 

Durante esse período, segundo o Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas, mais de 57 mil pessoas morreram na Faixa. O total divulgado pelo Hamas não pode ser verificado de forma independente e não distingue civis de combatentes. 

Israel afirma ter eliminado cerca de 20 mil militantes em combate até janeiro, além de outros 1,6 mil terroristas no território israelense durante o ataque do grupo terrorista que desencadeou a guerra.

Revista Oeste

'Não fazem nada no Brasil além de perseguir Bolsonaro', diz Trump

 Em uma publicação, presidente dos Estados Unidos criticou as ações contra o aliado e disse para as autoridades brasileiras o deixarem em paz


Donald Trump e Jair Bolsonaro; presidente dos Estados Unidos saiu em defesa do aliado | Foto: Alan Santos/PR 


As acusações de interferência judicial e perseguição política contra Jair Bolsonaro (PL) voltaram a repercutir fora do Brasil depois de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sair em defesa do aliado. Segundo o republicano, as autoridades brasileiras têm se dedicado apenas a perseguir o ex-presidente. “O Brasil está fazendo uma coisa terrível no tratamento ao ex-presidente Jair Bolsonaro”, escreveu Trump. 

“Eu tenho observado, assim como o mundo, enquanto eles não fazem nada além de persegui-lo, dia após dia, noite após noite, mês após mês, ano após ano!” 


Paulo Figueiredo - : Donald Trump sai em defesa de @jairbolsonaro! O presidente dos EUA acaba de postar em sua rede Truth Social: "O Brasil está fazendo uma coisa terrível no tratamento ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Eu tenho observado, assim como o mundo, enquanto eles não fazem nada Mostrar mais 


A declaração foi feita nesta segunda-feira, 7, em uma publicação na plataforma Truth Social. Trump criticou o que chamou de “tratamento injusto” das autoridades brasileiras em relação a Bolsonaro. O ex-mandatário é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por uma suposta tentativa de golpe de Estado.

Trump afirmou que Bolsonaro está sendo perseguido por ter “lutado pelo povo”. Também classificou a eleição vencida por Luiz Inácio Lula da Silva como “muito apertada” e reforçou que Bolsonaro lidera as pesquisas para as eleições de 2026. 

Segundo ele, a Justiça brasileira está fazendo com Bolsonaro o mesmo que ele teria enfrentado nos Estados Unidos: uma “perseguição a um opositor político”. “Deixem Bolsonaro em paz”, declara Trump 

O julgamento de Bolsonaro no STF pode ocorrer entre agosto e setembro, depois do prazo final para as alegações das defesas. O relator do caso é o ministro Alexandre de Moraes, alvo de críticas de Trump e seus aliados. Trump comparou o processo contra Bolsonaro a uma “caça às bruxas”, expressão que já usou ao defender outros aliados, como Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel. Disse ainda que o único julgamento que deveria ocorrer é o das urnas. 

“Isto se chama eleição”, acrescentou o presidente dos Estados Unidos. “Deixem Bolsonaro em paz”


Tensão entre Brasil e Estados Unidos 

As críticas se somam a uma ofensiva jurídica internacional. A Trump Media e a plataforma Rumble acionaram a Justiça dos EUA contra Moraes, acusando-o de perseguição política e censura, citando episódios como a suspensão da rede social X (antigo Twitter) no Brasil em 2024. 

Em maio, o senador norte-americano Marco Rubio afirmou que Moraes pode ser alvo de sanções nos EUA com base na Lei Global Magnitsky, usada para punir autoridades envolvidas em violações de direitos humanos. Segundo os autores da ação, decisões do ministro afetam políticos, jornalistas e cidadãos críticos do governo Lula ou do próprio STF.

Moraes tem 21 dias para responder formalmente ao processo, conforme a legislação dos Estados Unidos. 

Raquel Dias - Revista Oeste

Covil do PT destina R$ 5 milhões a fundação alinhada ao desgoverno Lula

 Verbas públicas financiaram produções alinhadas ao discurso da atual gestão e foram repassadas por 21 parlamentares


A ministra Gleisi Hoffmann, por exemplo, destinou R$ 250 mil em fevereiro de 2024 | Foto: Fábio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil 


Deputados e senadores do Partido dos Trabalhadores (PT) enviaram pelo menos R$ 5,5 milhões em emendas parlamentares para a fundação que administra a TV dos Trabalhadores (TVT), um canal mantido por sindicatos e alinhado ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nos últimos sete anos, 21 parlamentares do partido repassaram verbas à fundação. A lista inclui os ministros Alexandre Padilha, Gleisi Hoffmann e Paulo Teixeira. 

O portal Metrópoles divulgou as informações nesta segunda-feira, 7. + Leia mais notícias de Política em Oeste Como resultado, as verbas públicas financiaram programas jornalísticos e a compra de equipamentos para a emissora, que atua em São Paulo e integra a Rede Nacional de Comunicação Pública. 

A fundação responsável, chamada Sociedade, Comunicação, Cultura e Trabalho, tem como financiadores principais o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e o Sindicato dos Bancários de São Paulo. 

Empresa recebeu verba para divulgar pautas com viés ideológico De acordo com o conselheiro da fundação, Maurício Júnior, a TVT usa os recursos para produzir conteúdos com foco em juventude, periferias e movimentos sociais. 

Ele afirma que as produções buscam mostrar o “Brasil real” e fortalecer a comunicação pública e educativa. 

Júnior confirmou que a equipe da TVT busca diretamente parlamentares de esquerda para apresentar projetos anuais e negociar os repasses.




Em 2023 e 2024, com o PT de volta ao Planalto, a TVT firmou dois convênios com a estatal EBC: um de R$ 1,8 milhão, para compra de equipamentos, e outro de R$ 800 mil, para produção de programas inéditos. Parlamentares bancaram os dois projetos com emendas

A ministra Gleisi Hoffmann, por exemplo, destinou R$ 250 mil em fevereiro de 2024, além de outros R$ 100 mil em 2023. Interpelada,sua assessoria confirmou os repasses. No entanto, não respondeu se o uso das emendas serviu a fins eleitorais. 

Parlamentares justificam apoio com discurso de inclusão e cultura O ministro Alexandre Padilha afirmou, por meio de nota, que “a TVT tem programação educativa”, e não se trata de veículo partidário. 

As emendas destinadas por ele em 2021 e 2023 estariam, segundo o ministério, publicadas no Portal da Transparência e aprovadas por órgãos de controle. Paulo Teixeira, atual ministro do Desenvolvimento Agrário, declarou ter enviado verbas para um projeto sobre culturas periféricas. 

Em 2021, quando ainda era deputado, ele repassou R$ 100 mil. Outro valor idêntico foi enviado em dezembro de 2023, já como ministro. Segundo ele, o governo Bolsonaro aprovou o mérito do projeto.



Outros parlamentares também usaram emendas para abastecer a fundação. O senador Jaques Wagner (PT-BA) e o deputado Alfredinho. (PT-SP) enviaram, cada um, R$ 500 mil. Alfredinho afirmou que conhece a TVT “há anos” e considera o trabalho da emissora sério.

Wagner, por sua vez, defendeu a “democratização dos meios de comunicação”. Contudo, não explicou por que um parlamentar da Bahia enviou recursos para uma entidade paulista. A deputada Benedita da Silva (PT-RJ) também financiou a TVT. 

Em nota, ela disse que o repasse fortalece o direito à informação em tempos de desinformação e que seu compromisso com a cultura ultrapassa os limites do Rio de Janeiro. Presidente da fundação responde por lavagem de dinheiro na Lava Jato Embora a fundação seja dirigida na prática por Maurício Júnior, o presidente formal é Paulo Roberto Salvador, réu na Operação Lava Jato. 

Segundo o Ministério Público Federal, Salvador usou a Editora Gráfica Atitude para lavar R$ 2,4 milhões por meio de contratos firmados em 2010 e 2013. A entidade controlada por ele também atuava na comunicação sindical durante os primeiros governos do PT.

Em setembro de 2025, Salvador deixará o comando da fundação, e Maurício Júnior assumirá oficialmente a presidência. A emissora surgiu a partir do setor de vídeo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, criado em 1984, quando Lula ainda dirigia a entidade. 

A TVT foi fundada como canal oficial em 2010, com apoio da EBC durante o governo Dilma Rousseff. 


Revista Oeste

domingo, 6 de julho de 2025

J.R. Guzzo - Governo Lula quer usar o STF para fechar o Congresso

 As manobras para judicializar decisões políticas amplia a tensão institucional e enfraquece o Congresso


O presidente Lula, na cerimônia de lançamento do Plano Safra 2025/2026, no Palácio do Planalto, em Brasília - 1º/7/2025 | Foto: Wilton Junior/Estadão Conteúdo


O governo Lula tem feito nestes dois últimos anos e meio um trabalho realmente notável para demonstrar que é possível, sim, cometer o erro perfeito. É mais ou menos como falam os meteorologistas quando precisam descrever uma daquelas tempestades em que tudo o que poderia acontecer de ruim com os elementos naturais acontece — e o resultado é a tormenta que chamam de “perfeita”, ou seja, pior não poderia ficar. 

A última tempestade perfeita que o governo arrumou para si próprio, e que como sempre os brasileiros terão de pagar, é um golpe mal e porcamente planejado e ainda pior executado — o aumento do IOF. Conseguiram aí, mais uma vez, atingir um nível de tolerância zero com o acerto, como já tinha acontecido com a tentativa de “monitorar” o Pix e em geral acontece toda a vez que a “equipe econômica” resolve ter uma ideia. 

O imenso tumulto que o governo Lula armou para aprovar o aumento do IOF, o que, aliás, não conseguiu até agora, é um case study em matéria de como não resolver um problema fiscal. Pense em alguma coisa errada que o governo poderia fazer; eles fizeram. Pense em alguma coisa certa, uma ao menos, que pudessem ter feito; eles não fizeram. 




Por que o governo Lula quebrou o Brasil 

O governo quebrou o Brasil porque, muito simplesmente, gasta mais do que tem o direito de gastar — e, pior do que tudo, não gasta para melhorar nada, mas para enriquecer a máquina do Estado. Falta dinheiro no Tesouro Nacional não porque o governo esteja cobrando pouco imposto. Vai arrecadar mais de R$ 4 trilhões este ano. Tem feito um aumento de imposto a cada 40 dias. O brasileiro, hoje, tem de trabalhar cinco meses inteiros do ano só para pagar o Fisco. 

Falta dinheiro porque o governo Lula executa hoje o maior programa de concentração de renda do mundo, transferindo o resultado da produção e do trabalho, cada vez mais, para os cofres do Estado. É, ao mesmo tempo, uma estratégia de perpetuação da pobreza. O dinheiro que está entrando não é “redistribuído” para os pobres, como diz a extrema esquerda; nunca é. Serve apenas para enriquecer o Estado e quem vive às suas custas.


Governo Lula enfrenta queda na popularidade | Foto: Mateus Bonomi/Agência de Fotografia/Estadão Conteúdo

Num país em que o salário médio da magistratura é de R$ 60 mil por mês, e em que a Força Aérea não tem dinheiro para encher o tanque de seus aviões, a única saída é cortar gasto — e o que há de gasto a ser cortado neste país não tem tamanho. Mas Lula aumenta o imposto. Perde por 383 a 98 a votação que bloqueia o aumento. Usa uma dúzia de deputados do Psol para anular a vontade desses 383. Põe a culpa de tudo nos “ricos”. Faz o pior discurso do ódio que há hoje na praça.

Chama o STF para fechar, na prática, o Poder Legislativo. Aposta na violência. É a obsessão pelo erro. 

J.R,. Guzzo -  Rervista Oeste

sexta-feira, 4 de julho de 2025

'De 1776 a 2025: uma ode ao espírito humano', por Ana Paula Henkel

 A história dos triunfos da liberdade nos ensina que a tirania não é invencível. Celebrar o 4 de julho é celebrar aqueles que não se curvam e não desistem, onde quer que estejam


Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro participam de manifestação na Avenida Paulista, em São Paulo (29/6/2025) | Foto: Shutterstoc


E m 4 de julho de 1776, um grupo de visionários reuniu-se na Filadélfia para proclamar uma ideia radical: uma nação fundada no princípio de que todos os homens são criados iguais, dotados de direitos inalienáveis à vida, à liberdade e à busca da felicidade — e que esses direitos são dados pelo Criador, não por um monarca, político ou governante. 

A assinatura da Declaração de Independência dos Estados Unidos da América não foi apenas o nascimento de um documento, mas um desafio audacioso contra a tirania, um farol de esperança para um povo que ansiava por liberdade. 

Em dias tão confusos e obscuros para o Brasil, mergulhar no significado do 4 de julho de 1776 para o mundo livre é como enxergar uma luz no topo da colina — às vezes ela pode parecer longe e inalcançável, mas certamente ilumina todo o caminho a ser percorrido. 


A Declaração de Independência dos Estados Unidos da América | Foto: Shutterstock

As 13 colônias americanas, em grande desvantagem numérica e armamentista, enfrentaram o poder do Império Britânico, mas sua determinação — enraizada no sonho de autogoverno — acendeu uma revolução que mudaria o mundo. Esse foi o dia em que a coragem encontrou a convicção, quando homens e mulheres comuns escolheram arriscar tudo por um futuro no qual a liberdade, não a opressão, definiria suas vidas. 

Os acontecimentos de 1776 foram um testemunho do desejo inabalável do espírito humano pela liberdade. Os “Pais Fundadores” — homens como George Washington, Thomas Jefferson, John Adams e Benjamin Franklin — sabiam que o custo de sua rebelião poderia ser a própria vida, mas seguiram em frente, movidos por uma visão de uma sociedade em que o poder deriva do consentimento dos governados. Seu sonho não era apenas para si mesmos, mas para gerações futuras, um legado de liberdade que inspiraria nações em todo o mundo.


Pintura de Emanuel Leutze retrata George Washington cruzando o Rio Delaware, durante o ataque aos hessianos em Trenton, na manhã de 26 de dezembro de 1776 | Foto: Wikimedia Commons

Hoje, ao refletirmos sobre seu sacrifício, vemos sua história ecoada nas lutas de povos em todo o globo, incluindo no Brasil, onde cidadãos enfrentam sua própria batalha contra a tirania, extraindo força dos mesmos princípios atemporais que acenderam a faísca de visão dos “Pais Fundadores” não era um ideal passageiro, mas um chamado universal à ação. 

Eles sonhavam com um mundo onde a liberdade não é concedida por reis ou tribunais, mas é um direito inalienável dado pelo Criador e defendido pelos corajosos. Sua coragem transformou uma nação incipiente na “terra dos livres”, uma expressão que ressoa não por causa da geografia, mas pelas pessoas que resistiram firmemente contra a opressão.


Pintura de John Trumbull, de 1818, retrata o Comitê dos Cinco apresentando seu rascunho da Declaração de Independência ao Segundo Congresso Continental na Filadélfia, em 28 de junho de 1776 | Foto: Wikimedia Commons 

Esse legado de resiliência fala diretamente ao povo brasileiro hoje, que, sob a sombra de um Judiciário tirânico liderado por figuras como Alexandre de Moraes, luta para recuperar suas liberdades. 

“Eu não desisto” 

No último domingo, milhares se reuniram na Avenida Paulista, em São Paulo, exigindo respeito pela lei e pela ordem. Suas vozes e cartazes se ergueram em desafio a uma Suprema Corte que silenciou dissidentes e corroeu os princípios democráticos. Entre eles, uma imagem se destacou e não saiu mais da minha mente: uma idosa, com lágrimas escorrendo pelo rosto, segurando silenciosamente um cartaz que dizia: “Eu não desisto”. 

“Eu não desisto.” 

Sua força silenciosa, sua recusa em se curvar, incorpora o mesmo espírito que impulsionou a Revolução Americana e inspira esperança para o futuro do Brasil. O cartaz não era apenas uma mensagem, era um documento assinado de que seu destino não seria entregue sem lutar contra a tirania.


Não sei quem é a senhora do vídeo, mas queria dizer “MUITO OBRIGADA!!” - Eu também NÃO DESISTO. Ontem, eu ouvi “não fui à manifestação porque estou cansada, luto há 4 anos… isso já é muito!”. Com respeito, discordo. Mesmo sob as piores adversidades, o espírito humano resiste. Os poloneses provaram isso na Segunda Guerra Mundial, enfrentando a invasão nazista de 1939. Na Revolta de Varsóvia de 1944, lutaram contra tanques com armas improvisadas, View more on Instagram simbolizando sua força e inspirando a resistência. Após a guerra, sob o jugo comunista, o movimento Solidariedade, liderado por Lech Wałęsa, uniu o povo e, em 1989, ajudou a derrubar o regime, reacendendo chama da liberdade. 

Eles lutaram de 1939 até 1989. Eles defenderam sua nação durante 50 ANOS! Mas há quem ache que 4 anos “é muita coisa” e, por isso, “estou cansada”. Hoje, o Brasil enfrenta sua própria escuridão, com um judiciário tirânico, sufocando liberdades e perseguindo vozes dissidentes. Mas o povo brasileiro, como os poloneses, não se curva. Nas ruas, nas redes, nas conversas, a resiliência persiste em cidadãos comuns, jornalistas, mães, pais, AVÓS que entendem a história e que desafiam a opressão, mantendo viva a chama da verdade e da liberdade. A história nos ensina: a Polônia venceu nazistas e comunistas; o Brasil vencerá essa tirania judicial. Repito: não sei quem é a senhora do vídeo, mas queria, na verdade, gritar “MUITO OBRIGADA!!” 

- Eu também NÃO VOU DESISTIR! “A liberdade nunca está a mais de uma geração distante da extinção. Nós não a legamos para nossos filhos hereditariamente. Ela deve ser defendida, protegida e entregue a eles para que façam o mesmo.” - Ronald Reagan View all 2,087 comments Add a comment...

 

Essa mulher, desconhecida, mas profundamente heroica, é um símbolo de resiliência que transcende fronteiras. E, nesta celebração de mais um glorioso 4 de julho, uma brasileira vem à mente. Suas lágrimas não são de derrota, mas de determinação, um lembrete de que a luta pela liberdade nunca é fácil, mas sempre vale a pena. Seu cartaz, 

“Eu não desisto”, é um chamado claro a todos os brasileiros que sentem o peso da opressão, uma lembrança de que não estão sozinhos. Para ela, repito as palavras que fiz questão de escrever no domingo nas minhas redes sociais: “Não sei quem é a senhora, mas queria dizer: ‘MUITO OBRIGADA! Eu também NÃO DESISTO!'”. 

Entre os anos de 1776 e 2025 está o ano de 1939, ano em que a Polônia foi invadida pelos nazistas. A resistência polonesa oferece um paralelo poderoso para a luta atual do Brasil. Em 1939, a Polônia enfrentou a invasão esmagadora da Alemanha Nazista, mas seu povo resistiu com um espírito inquebrantável. Após a guerra, sob a opressão comunista,  o movimento Solidariedade, liderado por Lech Wałęsa, uniu cidadãos de todas as classes em uma revolução pacífica que, em 1989, derrubou o regime e restaurou a liberdade da Polônia. 


Lech Wałęsa, durante comício eleitoral em frente à Igreja de Santa Brígida, em Gdańsk, na Polônia (1989) | Foto: Wikimedia Commons 

Durante 50 anos — de 1939 a 1989 — o povo polonês suportou dificuldades inimagináveis, mas nunca se rendeu. Nunca desistiu. Sua história é uma repreensão àqueles que dizem: “Estou cansado(a), estou lutando por três, quatro anos…”. O que são quatro, cinco, seis anos? Apenas um instante comparados às décadas de luta da Polônia — que existe como prova de que até as tiranias mais sombrias podem cair quando as pessoas se recusam a desistir. O Brasil, hoje, enfrenta sua própria escuridão, com um Judiciário que extrapolou seus limites, silenciando vozes, perseguindo dissidentes e jogando inocentes na cadeia. 

As ações de Alexandre de Moraes e da atual Suprema Corte lançaram uma sombra sobre os ideais democráticos da Nação, mas o povo brasileiro, como os poloneses e os patriotas americanos antes deles, não está derrotado. Seja na Avenida Paulista, em postagens nas redes sociais, seja nas conversas em bares e mesas de jantar, a resiliência persiste. Cidadãos comuns, mães, pais  e avós — como a mulher com seu cartaz —, permanecem firmes, mantendo viva a chama da verdade e da liberdade. A mesma chama que os liga aos “Pais Fundadores da América” e que nos mantém alertas para que entendamos que a liberdade não é um presente, mas uma responsabilidade que exige coragem e paciência.



Apoiadores do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro participam de um comício na Avenida Paulista, em São Paulo, Brasil (29/6/2025) | Foto: Iara Faga/Shutterstock 


A tirania judicial 

Os “Pais Fundadores” enfrentaram um império aparentemente imbatível, mas sua crença na liberdade e na justiça prevaleceu. A Polônia superou nazistas e comunistas através de décadas de resistência. O Brasil também superará sua tirania judicial, não porque o caminho seja fácil ou rápido (vamos lutar por quatro, cinco anos e manter algumas manifestações, e está tudo resolvido), mas porque seu povo, como aquela idosa, se recusa a se render. Sua manifestação silenciosa, suas lágrimas e seu cartaz erguido bem alto nos lembram de que o espírito humano é inquebrantável. Ela não está sozinha; ela está ao lado de todo brasileiro que ousa sonhar com um amanhã mais livre. Ela tem ao lado os patriotas de 1776 que se uniram para dar à luz uma nação. 

Como disse Ronald Reagan, “a liberdade nunca está a mais de uma geração de distância da extinção. Nós não a passamos aos nossos filhos pelo sangue. Devemos lutar por ela, protegê-la e entregá-la para que eles façam o mesmo”. 

Essas palavras, proferidas por um líder que entendia a fragilidade e o valor da liberdade, ressoam tanto no Brasil de hoje quanto na América de décadas atrás. A luta na Avenida Paulista não é apenas uma luta brasileira; é uma luta humana, uma continuação da mesma batalha travada na Filadélfia em 1776 e na Polônia por 50 anos.


Nancy Reagan com o presidente Ronald Reagan discursando durante a Operação Sail na Ilha do Governador, Nova York, EUA (4/7/1986) | Foto: Domínio Público


Neste 4 de julho, como uma cidadã americana, divido com o povo brasileiro: com poucas ou muitas pessoas nas ruas, nossa coragem inspira o mundo. Nossa recusa em desistir, incorporada no silêncio daquela avó, é um farol de esperança para todos que valorizam a liberdade. 

Que a história de 4 de julho de 1776 nos lembre de que grandes coisas nascem de grandes lutas. Que a resistência polonesa ensine que até Comentário anos de opressão não podem apagar o espírito humano. E que as lágrimas daquela idosa e seu cartaz — “Eu não desisto” — sejam nosso mantra interno. Para ela, repito: “Não sei quem é a senhora, mas muito obrigada!”. Não vamos desistir. A luta do Brasil não é em vão. Celebrar o 4 de julho não é apenas celebrar a terra dos livres forjada pelos corajosos. É celebrar o espírito dos bravos que não se curvam e não desistem, onde quer que eles estejam — na Filadélfia, em Varsóvia, ou em São Paulo. 

Ana Paula Henkel - Revista Oeste

'A Boba da Corte', por Augusto Nunes

 Já não falta ninguém no Reino Supremo


Cármen Lúcia, ministra do Supremo Tribunal Federal | Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil


A ministra Cármen Lúcia estava a poucos quilômetros de Brasília quando um problema mecânico obrigou o carro oficial a estacionar no acostamento da rodovia que liga a capital federal a Goiânia. Dez minutos depois, o motorista continuava tentando descobrir o que houvera. Ao lado do capô, a passageira parecia especialmente aflita com o imprevisto: não chegaria ao Supremo Tribunal Federal no horário em que deveria começar uma importante reunião convocada pela própria Cármen Lúcia, então presidente da Corte. 

“Foi então que o socorro chegou de moto”, contou naquela noite de 18 de outubro de 2016 a mulher risonha, falante e extraordinariamente franzina. Encerrada a entrevista concedida ao programa Roda Viva, ela resolveu continuar a conversa com o grupo de jornalistas com meia dúzia de boas histórias. Uma delas foi essa numa estrada do Brasil central. 

“Eram dois militares montados em motocicletas”, continuou a narrativa. 

“Um foi ajudar a examinar o motor, outro veio falar comigo. A cara era de alguém que já vira meu rosto em algum lugar, mas não sabia direito quem eu era. Contei que estava atrasada para um compromisso. Meio constrangido, ele disse que só podia me oferecer uma carona na traseira. Mesmo trajando um vestido e sem capacete, não tive dúvida: fui logo me ajeitando na moto. O rapaz quis saber se por acaso eu não era ministra do Supremo. Disse que sim. Em seguida perguntou meu nome. Também não tive dúvida. Respondi que me chamava Rosa Weber.” 


Ministra Cármen Lúcia, durante reunião para aprovar as resoluções contra a IA | Foto: Divulgação/TSE/Twitter/X 

Minha simpatia por Cármen Lúcia aumentou: quer dizer que, além de tudo, a mulher que presidia o STF era uma boa contadora de casos? A ministra nem precisava brilhar nesse quesito para merecer a admiração do Brasil que pensa e presta. Bastavam as sucessivas manifestações de independência intelectual e apreço pela Justiça. A ministra apoiava os avanços da Operação Lava Jato. Sabia impor limites ao sempre espaçoso Gilmar Mendes. Vivia rechaçando as teimosas piruetas e chicanas da bancada empenhada na revogação da norma segundo a qual a pena aplicada a um criminoso só pode começar a ser cumprida depois da condenação em segunda instância. E condensara a paixão pela liberdade de expressão numa frase que todos os brasileiros um dia dissemos na infância: “Cala a boca já morreu”.




A ressurreição do cala a boca começou em outubro de 2022, quando Cármen Lúcia caprichou no papel de parteira da “censura temporária”, receitada em “situações excepcionalíssimas”. Nessa categoria a ministra enquadrou um documentário, produzido pela Brasil Paralelo, sobre o atentado sofrido por Jair Bolsonaro. Depois de reincidir nas declarações de amor à livre expressão, a mineira em mutação ponderou que, em certos casos, a censura funciona “como veneno ou remédio” — e proibiu a exibição do filme até a realização do segundo turno da eleição presidencial. “Este é um caso extremamente grave, porque de fato temos uma jurisprudência do STF, na esteira da Constituição, no sentido do impedimento de qualquer forma de censura”, declamou a ministra. Depois de receitar o veneno, procurou consolar o envenenado: “Não se pode permitir a volta da censura sob qualquer argumento no Brasil”. 

Neste fim de junho, novamente a serviço da bancada que reduziu o STF a capitão do mato das liberdades democráticas, Cármen Lúcia aprovou a mutilação do Marco Civil da Internet. Ao justificar o apoio à transformação das redes sociais em castradoras do direito de expressão, nossa flor de esquizofrenia elevou a contradição à categoria de arte: “Censura é proibida constitucionalmente, é proibida eticamente, é proibida moralmente, é proibida, eu diria, até espiritualmente. Mas não pode também permitir que nós estejamos numa ágora em que haja 213 milhões de pequenos tiranos soberanos”.




É uma tese de assustar Napoleão de hospício: se toda a população brasileira é composta de pequenos tiranos, não restaria nenhum a oprimir — com exceção dos grandes tiranos que controlam a Corte Suprema. Ali já existiam monarcas à espera de especialistas na lida com maluquices, conselheiros do rei providos de dois neurônios, eunucos achando que falam grosso, atiradores estrábicos e a multidão de patifes intrigantes. Nesta semana, a sede do reino foi invadida por uma mulher entoando a reveladora ladainha: “Alguém, em qualquer espaço, em praça pública, pode gritar: eu odeio Cármen Lúcia”. Chegou a figura que faltava. Já temos a Boba da Corte.

Augusto Nunes - Revista Oeste

J.R. Guzzo e a 'Sociedade das ideias mortas'

 O Brasil que poderia ter resultado do que fomos em 1947 não existe. Foi, de colapso em colapso e de naufrágio em naufrágio, roído por 40 anos de política em torno, em função e em reação permanente a Lula


Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock


M enos de 80 anos atrás, como lembra o artigo de capa de Adalberto Piotto na última edição de Oeste, o Brasil era um país ficha limpa na comunidade das nações. Mais que isso: era o exemplo do bom elemento, como dizia a polícia da época, um sujeito decente o necessário para presidir os trabalhos da sessão da ONU que criou o Estado de Israel. O tempo passa, o tempo voa, e o que acontece? Em vez de melhorar, como melhorou a maioria dos membros da ONU, o Brasil piorou tanto que virou um país bandido. 

Como poderia ser diferente? O presidente da República é um corrupto passivo e lavador de dinheiro condenado em três instâncias, e por nove juízes diferentes, na Justiça Penal brasileira. Nunca foi absolvido dos seus crimes; é o único presidente oficialmente ladrão entre os quase 200 chefes de Estado que há hoje no mundo. É o único semianalfabeto entre eles todos. O seu governo está morto e a sua política externa tem sido um crime serial. Somos hoje o aliado do terrorismo, do crime e das ditaduras mais sórdidas do planeta


Presidente Lula | Foto: Ricardo Stuckert / PR 

É duro, mas também é o que dizem os fatos. O Brasil que entrou para a história como um dos fundadores de Israel é hoje seu inimigo de morte — não por decisão dos brasileiros, mas por ter um governo antissemita e empenhado, como propõem as tiranias muçulmanas, no genocídio do povo judeu. Lula, a extrema esquerda e as classes culturais jogaram o Brasil na defesa da selvageria. Sai Oswaldo Aranha. Entram Celso Amorim e os seus anões, como essa nulidade que executa ordens no Itamaraty. Deu nisso.

Não sobrou, no fim dessa história, nem o filé Oswaldo Aranha — quem, em sã consciência, poderia imaginar um filé Celso Amorim? Não dá. O governo Lula e a gente que está nele não têm o nível mínimo que é preciso para criar nada; tem o ministro Sidônio e os seus bilhões, mas está em processo de morte cerebral, e quando fica assim nada resolve. 

O Brasil que poderia ter resultado do que fomos em 1947 não existe. Foi, de colapso em colapso e de naufrágio em naufrágio, roído por 40 anos de política em torno, em função e em reação permanente a Lula. Não poderia ter dado em nada de diferente do que deu — quatro décadas seguidas, desde os anos 1980, de um câncer em metástase. 

Como na Itália fascista de Mussolini ou na Argentina de Perón, o Brasil vive há 40 anos de Lula, Lula e mais nada. Vive, agora, a pior fase desses 40 anos. Na frente de todo mundo, e sem nenhuma preocupação em disfarçar o que quer, Lula está enfim construindo o que sempre quis: uma ditadura no Brasil. 


Benito Mussolini inspeciona tropas durante visita a uma base naval na Sicília (25/6/1942) | Foto: Divulgação/Arquivos Federais da Alemanha

Se vai conseguir ou não é coisa que ainda não está resolvida, mas a tentativa nunca foi tão intensa como agora. É um golpe de Estado em fases. A primeira, com o STF no papel que normalmente é do Exército, foi tirar Lula da cadeia, sem julgamento algum, e entregar a ele a Presidência da República — “missão dada, missão cumprida”, disseram eles mesmos. 

A fase atual é a anulação do Congresso como Poder independente e a elevação do consórcio Lula-STF à posição de Poder Supremo (veja artigo de capa, de Silvio Navarro). 

Não é apenas um golpe de Estado, com a cumplicidade das Forças Armadas — ou com a sua escalação para o papel de pintar calçadas, o que dá na mesma. É o esforço para criar toda uma doutrina fascista no Brasil. Como diz a ministra Cármen, num grande outdoor do pensamento oficial, ter uma opinião pessoal é crime — coisa de “pequenos tiranos”, diz ela. Os deputados eleitos são “inimigos do povo”, prega o governo na internet. “Todos aqui admiramos o modelo da China”, diz o ministro Gilmar. 

É a confirmação do apronto, como se dizia antigamente no turfe. Lula sempre disse essas coisas em público — e a cada vez que dizia o comentário era: “Ah, coitado, o Lula é só um idiota, deixa ele”. Mas o que Lula tinha na cabeça, o tempo todo, era a ditadura que hoje desfila na avenida. “Sempre soube que a gente não chegaria ao poder pelo voto”, disse ele. “Tenho orgulho de ser chamado de comunista”, informou. “A covid foi uma bênção de Deus”, para provar que o Estado tem de ser o ente supremo. 

O resto do que Lula diz, desde os anos 1980, é mais do mesmo, e daí para pior. Não dá, agora, para dizer que ele mudou só porque está promovendo um golpe de Estado a favor de si próprio. Ele e a extrema esquerda brasileira sempre foram contra tudo aquilo que tem a ver com democracia: contra a liberdade de imprensa, contra o resultado de eleições quando o adversário ganha (“fora FHC”), contra as ideias de religião, pátria e família (“valores que combatemos a vida toda”) etc. etc. Por que seriam contra a sua própria ditadura? 

Projetos de ditadura, não importa sob qual disfarce, raramente aparecem desacompanhados — andam de mãos (e coração) dadas com momentos de colapso cultural. É o caso, precisamente, do Brasil de Lula, do STF e da extrema esquerda. Acham-se civilizados. Não imaginam quanto são típicos. Nada poderia espelhar com tanta exatidão o Brasil primitivo, escuro, ignorante e inimigo da mudança quanto esse coro de intelectuais que aplaude às cegas os pajés do regime. São os caetés comendo o bispo Sardinha. 

A intelectualidade brasileira terá a seu crédito, para sempre, o apoio intransigente que deu à censura — por sinal, junto com a mídia, uma das primeiras defensoras do linchamento da liberdade de expressão nas redes sociais. É devota do “sem anistia”, um grito de ódio tribal 04/07/2025, 13:04 Sociedade das ideias mortas - Revista Oeste https://revistaoeste.com/revista/edicao-276/sociedade-das-ideias-mortas/ 5/12 que nada tem a ver com o mundo das ideias. Acha normal que o STF condene a 14 anos de prisão uma cabeleireira que pintou com batom uma estátua em Brasília. É a favor do fechamento, na prática, do Congresso, por via do mesmo STF. 


A cabeleireira Débora dos Santos, condenada a 14 anos de prisão pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, por ter pintado com batom na estátua | Foto: Reprodução/X 

O intelectual brasileiro-padrão dos dias de hoje acha que Alexandre de Moraes é um Hércules da democracia e que Gilmar Mendes é um novo Rei Salomão. Acredita que Lula, um arquimilionário explícito, está à frente da “guerra contra os ricos” — e que sua mulher, que viaja sozinha num avião da FAB de 200 lugares, quer distribuir riqueza. Está convencido de que houve tentativa de golpe no 8 de janeiro; acha que o fato de não existirem provas disso é irrelevante. Tem certeza de que o Bolsa Família é um programa social. 

A lista poderia ir adiante, por horas e horas, mas para quê? É óbvio que as classes cultas que dão apoio ao governo refletem um mundo em que a cultura morreu. Se não morreu, onde andaria a produção cultural do Brasil deste momento? Não existe. Um país que já teve Pixinguinha, Noel Rosa e Tom Jobim hoje tem funk. Onde havia Eugênio Gudin, Roberto Campos e Mário Henrique Simonsen há Armínio Fraga. Onde havia dança há ginástica. Onde havia vida cultural há Rede Globo. Em vez de escritores, há faculdades de letras.


Sociedade das ideias mortas - Revista Oeste

O artista brasileiro do regime Lula-STF tem uma ideia fixa, e ela não tem nada a ver com livros, música ou peças de teatro: tem a ver, única e exclusivamente, com a “denúncia do racismo” na literatura, nas canções e no teatro. (Noel Rosa, por exemplo, já foi acusado de racismo por ter composto Feitiço da Vila.) 

Os nossos compositores não compõem há 30 anos. Nossos arquitetos produzem a paisagem urbana que está aí. Nossos artistas pintam muros. Há um rancor oculto (e semioficial) à arte clássica, tida como elitista, branca e excludente. Quando ouve falar de “cultura”, o regime brasileiro, como Goebbels, tem vontade de sacar o revólver — ou pelo menos abrir um inquérito no STF. A universidade, sobretudo a pública, morreu como local de debate, ideias e indagação — na verdade, é onde mais se combate a circulação livre dos pensamentos neste país. 

É simples. Não há cultura onde é proibido falar; aí, em vez de universidade, o que se tem é a religião do Estado, como em Cuba, no Irã ou na Venezuela. O ensino superior, hoje, é um lugar de treva. A democracia naufragou no Brasil. A cultura também. O resto é Lei Rouanet e bilhões em dinheiro público para comprar artistas sem obra e intelectuais sem intelecto. 


J.R. Guzzo - Revista Oeste