A Petrobras espera obter até US$ 20 bilhões (R$ 78,7 bilhões) com a venda de oito refinarias em um processo que deve durar um ano e meio para ser concluído, disse uma pessoa da empresa à agência Reuters.
Na noite de sexta-feira (26), a Petrobras informou que seu Conselho de Administração aprovou novas diretrizes para a gestão do portfólio de ativos da companhia, considerando a venda de oito refinarias, mas sem estimar um valor.
A proposta aprovada pelo conselho mantém a estatal com ativos de refino apenas no Rio de Janeiro e em São Paulo, maior mercado consumidor do país. Todas as unidades localizadas em outros estados —Pernambuco, Paraná (duas unidades), Bahia, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Amazonas e Ceará— serão oferecidas ao mercado.
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O ajuste no plano de gestão também inclui a venda de rede de postos da Petrobras no Uruguai, além de participação adicional na BR Distribuidora.
Além de serem ativos importantes para o plano de desinvestimento da empresa, algo fundamental para a companhia reduzir seu elevado endividamento, a venda das refinarias é chave para a Petrobras deixar de ser monopolista no setor.
Com mais operadores de refino, poderia haver maior concorrência no estabelecimento de preços e a Petrobras se livraria de polêmicas relacionadas aos preços dos combustíveis, como a que envolveu recentemente o presidente Jair Bolsonaro.
METADE
Segundo a pessoa da companhia, que pediu para não ser identificada, a venda equivale a cerca de 50% do atual parque de refino da estatal.
A ideia da empresa é vender os ativos para diferentes grupos de forma a estimular a competição no mercado interno de refino e, consequentemente, na formação de preço final para os derivados de petróleo.
A ideia, ainda segundo a pessoa, é vender de forma pulverizada, atendendo a recomendação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) para gerar mais competitividade no mercado interno.
Juntas, as refinarias que devem ser negociadas somam capacidade total de 1,1 milhão de barris de petróleo por dia, disse a Petrobras na véspera.
São elas: Abreu e Lima (Rnest), Unidade de Industrialização do Xisto (Six), Refinaria Landulpho Alves (Rlam), Refinaria Gabriel Passos (Regap), Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), Refinaria Isaac Sabbá (Reman) e Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (Lubnor).
Entre os interessados, além dos chineses, estariam distribuidoras, tradings e petroleiras que já são parceiras da Petrobras no pré-sal.
EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO
Além de reduzir a dívida, a Petrobras também busca com seu plano de desinvestimento se concentrar no que considera ser o seu principal negócio: a exploração e produção de petróleo e gás.
Em um plano anterior para a área de refino, lançado ano passado, ainda sob outra gestão, a empresa previa a venda de 60% da participação em ativos de refino e logística no Nordeste e Sul do país.
Pelo plano atual, a empresa continuaria com ativos no Sudeste, principal polo consumidor.
O atual presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, vem defendendo a venda de refinarias inteiras, como parte de um plano de desinvestimentos mais ousado.
A Petrobras informou nesta semana que, considerando as transações de desinvestimentos assinadas e uma operação concluída, o valor total de alienação de ativos em 2019 já é de US$ 11,3 bilhões (R$ 44,5 bilhões).
Procurada, a Petrobras informou que "estimativas de valor são informações estratégicas em qualquer processo de negociação, dependem da avaliação do vendedor e do apetite do comprador".
"Conforme a Sistemática para Desinvestimentos, valores só são divulgados após a conclusão da operação", afirmou a assessoria de imprensa da estatal.
REUTERS