A Polícia Federal cumpre na manhã desta segunda, 29, sete mandados de busca e apreensão em Minas Gerais dentro das investigações que apuram suspeitas de lançamento de mulheres em candidaturas laranja pelo PSL nas eleições do ano passado. O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antonio, era presidente da legenda à época e faria parte do esquema, que visava desvio de recursos públicos do fundo partidário destinado às candidaturas.
A operação foi batizada de “Sufrágio Ostentação”. A sede do PSL em Minas Gerais, que fica no bairro Funcionários, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, está na lista dos alvos da PF. Estão sendo realizadas buscas e apreensões ainda em gráficas e empresas de comunicação da capital, Contagem e Lagoa Santa, ambos municípios da Grande Belo Horizonte, e de Coronel Fabriciano, no Vale do Aço. O ministro Marcelo Álvaro Antonio não é alvo da operação.
Há ainda mandado para um morador de Ipatinga, também no Vale do Aço, que teria ligação com assessores de Marcelo Álvaro Antonio à época da eleição. O ministro é deputado federal em segundo mandato. O objetivo da operação é apreender computadores, documentos, tablets, meios de armazenamento (pen-drive, CDs, DVDs) e outros objetos utilizados na produção e distribuição de impressos em relação à campanha de 2018.
Pelo menos quatro mulheres já denunciaram o esquema, que também é investigado pelo Ministério Público. A primeira candidata, todas foram derrotadas, a afirmar que houve desvio dos recursos às autoridades foi a professora aposentada Cleuzenir Barbosa, de Governador Valadares, Região Leste de Minas, que disputou vaga na Assembleia Legislativa. A ex-candidata, que vive hoje em Portugal, relata ter sofrido pressão de integrantes do PSL de Minas para utilizar recursos fora da sua campanha.
O ministro Marcelo Álvaro Antonio nega as acusações, e afirma ser vítima de fogo amigo dentro do partido. No último dia 22, material de campanha de outra candidata a deputada estadual pelo PSL nas eleições de 2018 em Minas Gerais, Zuleide Aparecida de Oliveira, foi entregue ao Ministério Público Federal. O material pode ser a principal prova de que o partido não contabilizou gastos nas eleições 2018.
Leonardo Augusto, especial para O Estado de S. Paulo