quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Maestro André Previn morre aos 89 anos, em Nova York

André Previn, morto nesta quinta-feira, em Nova York, aos 89 anos, ganhou fama no mundo artístico como compositor e maestro, ganhador de quatro Oscars em categorias hoje extintas, de 10 Grammys, e como titular das orquestras Sinfônica de Londres e Filarmônica de Los Angeles. No mundo das celebridades, no entanto, ele era mais conhecido como o homem que roubou a atriz Mia Farrow de Frank Sinatra, o pai adotivo de Soon-Yi Previn e o sogro do cineasta Woody Allen.
Previn foi a única pessoa na história do Oscar a receber três indicações em um ano: em 1961, pelas trilhas de “Elmer Gantry” e “Essa loira vale um milhão”, e pela canção “Faraway Part of Town” da comédia “Pepe”. Antes, ganhara a estatueta por Gigi”, em 1958, e “Porgy & Bess”, no ano seguinte, na extinta categoria de melhor trilha para músical. Depois, com “Irma la Douce”, em 1963, e com “My Fair Lady”, em 1964, em outra categoria que não existe mais, melhor adaptação ou tratamento de trilha.
Sua fama no mundo musical, no entanto, já não era nova. Críticos o descreviam como o “prodígio de gola rulê” e o “maestro de Mickey Mouse” quando ele tinha entre os 20 e 30 anos, e era frequentemente comparado a Leonard Bernstein, também maestro, compositor e pianista igualmente versátil.
Como Bernstein, Previn também tentou a Broadway. Com Allan Jay Lerner, ele escreveu “Coco”, um musical sobre o estilista Coco Chanel, estrelado por Katharine Hepburn, e teve 329 apresentações, em 1969 e 1970. Ele também escreveu a música para “The Good Companions”, um musical com letras de Johnny Mercer, que teve 252 apresentações em Londres, em 1974.
Tudo isso se explica. Andreas Ludwig Prewin nasceu no 6 de abril de 1929, em Berlim. Aos 6 anos, entrou no conservatório, após seus pais perceberem que ele tinha ouvido absoluto. Em 1938, sua família — de origem polonesa e judia — foi para Paris, a fim de fugir da perseguição nazista. Na França, estudou com Marcel Dupré no Conservatório de Paris por cerca de um ano, antes de a família seguir para Los Angeles.
Previn tornou-se cidadão americano em 1943 e, em 1950, foi convocado para o Exército. Ele também estudou regência em San Francisco com Pierre Monteux, a quem mais tarde seguiu na Orquestra Sinfônica de Londres. Depois, foi diretor musical ou regente de várias orquestras.
Ele continuou como regente principal da Sinfônica de Londres até 1979, e também foi o principal regente da Royal Philharmonic Orchestra, de 1965 a 1988. Nos Estados Unidos, ocupou o cargo de Pittsburgh, de 1976 a 1984, e tornou-se diretor musical da Filarmônica de Los Angeles, em 1985.
Ao aproximar-se dos 70 anos, Previn recorreu à ópera, escrevendo “Um Bonde Chamado Desejo” para um libreto de Philip Littell baseado na peça de Tennessee Williams. Sua outra ópera foi "Brief Encounter" (2007), com um libreto de John Caird baseado no roteiro de Noël Coward para o filme "Desencanto" (1945), de David Lean.
O divórcio da segunda mulher, Dory Langan, em 1970, foi motivado por um caso célebre que Previn teve com Mia Farrow. A atriz deixou o marido, Frank Sinatra, e se casou com Previn. Eles tiveram três filhos, Matthew e Sascha, que eram gêmeos, e Fletcher. Eles também adotaram Summer Song, conhecida como Daisy, e Soon-Yi, que se casou com Woody Allen em 1997.
Previn pareceu intrigado com o fato de os críticos terem continuado a mencionar seu passado de Hollywood muito depois de ele ter começado a se concentrar na música clássica:
"Eu não fiz mais nada desde meados dos anos 1960", disse ele ao jornal "The New York Times", em 1991. "Quando eu vou a uma escola dar aulas, as crianças não sabem que eu fiz outras coisas. Às vezes, eles assistem um filme e perguntam: 'Quem é que fez isso?' Então, tenho que confessar que o homem que fabricava glissandos de harpa para Ester Williams mergulhar era eu".
Em 2013, André Previn comparece a um evento no Lincoln Center, em Nova York Foto: STEPHEN LOVEKIN / AFP
Em 2013, André Previn comparece a um evento no Lincoln Center, em Nova York Foto: STEPHEN LOVEKIN / AFP

Com informações do 'New York Times'