terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

"O poder", por Miranda Sá

“Um homem que quer reger a orquestra precisa dar as costas à plateia” (James Cook)
Desde a mais tenra infância, tornei-me um leitor irrecuperável. Mesmo tendo aderido à Internet e ter virtualmente obras à mancheia, gosto mesmo é de livro, livro de capa e papel, com ideias impressas da maneira gutemberguiana…
Quando publiquei o artigo “Fruto Proibido” citando a frase de Clarice Lispector “O pecado me atrai, o que é proibido me fascina”, recebi um simpático comentário sobre o que esta declaração expõe; respondendo, contei a malandragem do meu pai que me levou à frente da estante, incentivou-me a ler tudo, excetuando o que estava em certa prateleira.
Foi a melhor maneira de me fazer mergulhar nas águas da lagoa do proibido; onde nadei para encontrar o fruto proibido e saciar-me com a doce e suculenta verdade: a curiosidade e a dúvida acabam com qualquer convicção, livrando-me do fanatismo.
Morei em Natal, no Rio Grande do Norte, onde, como sempre fazia no Rio, era um assíduo frequentador de sebos. Num deles, encontrei um livro que vinha procurando havia tempos, “Poder”, do escritor norte-americano Howard Fast, um dos melhores romancistas da literatura mundial moderna.
O livro já estava manuseado e marcado com duas referências de posse, sendo eu, neste caso, o quarto presumível leitor, contando com o primeiro proprietário, que o comprou novo e não o ferrou com a sua marca…
No “Poder”, Fast descreve a saga de um pelego sindical que, como sabemos, todos adotam a ideologia do amoralismo pois jogam nos dois lados, defendendo os interesses do patrão, fingindo interceder pelos companheiros de sindicato.
Vê-se no livro a degenerescência do sindicalismo norte-americano sob domínio de pelegos. Isto foi avaliado também no magistral filme de Elia Kazan “Sindicato de Ladrões”, de 1954, ganhador de três Óscares, um para Marlon Brando como melhor ator. O filme sofreu censuras dos partidos de esquerda e sindicatos americanos, incentivando assim ser visto por quem não viu à época.
É difícil reconhecer e descrever o poder que um dirigente sindical detém. Isto, em qualquer lugar do mundo; imaginem o que vinha ocorrendo no Brasil desde Getúlio Vargas, com as facilidades criptofascistas da CLT e uma justiça trabalhista leniente…
Não é por acaso que temos mais de 17 mil entidades sindicais, além de um grande número de federações e dez ou doze “centrais”. Confiram:  são ocupadas por bem nutridos “representantes de trabalhadores” que vivem à tripa forra.
Os sindicatos, inegavelmente idealistas sob influência anarquista, foram se degenerando a partir da ditadura Vargas e da redemocratização de 1945, pela disputa de poder entre comunistas e petebistas. Com o fim da ditadura militar e a ascensão da pelegagem lulopetista, as representações trabalhistas apodreceram de vez.
Os sindicatos tornaram-se caça-níqueis de grupos, verdadeiras quadrilhas, e um trampolim para a entrada na política burguesa dos mais espertos como António Palocci, Jacques Wagner, Lula da Silva, Mantega, Paulo Paim e outros que ocuparam cadeiras no Congresso, ministérios, a magistratura e até a presidência da República.
Com este salto para a política convencional levaram todas as malandragens da pelegagem no sentido carreirista da conquista do poder, e é aí que mora o perigo para quem não tem essa origem tão ao gosto dos pervertidos obreiristas da USP e da CNBB.
O resumo vale um alerta para o presidente Jair Bolsonaro, para que dê as costas â mídia para reger o governo em conformidade com a partitura da campanha eleitoral sem concessões aos picaretas do Congresso; tapando os ouvidos para movimentos artificiais e as ONGs sanguessugas.  E que se desfaça de qualquer corrupto que comprometa o seu governo.
Lembramos que o poder foi conquistado pela reação do povo brasileiro contra o lixão do lulopetismo e que vivemos um momento de virada, da faxina, das reformas, da justiça para todos e do desenvolvimento econômico.
Na luta revolucionária dos que elegeram Bolsonaro pela recuperação dos valores éticos, temos pela frente o alvo mais icônico e simbólico do poder: O foro privilegiado de políticos e juízes, cujo fim será o começo de um novo Brasil. É chegada a hora de entrilhar o País na estrada de ferro que nos levará a um futuro promissor.