O mercado de trabalho brasileiro criou 34.313 empregos com carteira assinada em janeiro, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados nesta quinta-feira, 28, pelo Ministério da Economia.
O saldo de janeiro decorre de 1,325 milhão de admissões e 1,290 milhão de demissões. Em janeiro de 2018, a abertura líquida de vagas havia chegado a 77.822, na série sem ajustes, mais que o dobro do desempenho do mês passado.
O resultado de janeiro ficou muito abaixo da projeção mais modesta de abertura de vagas. As estimativas dos analistas do mercado financeiro, consultados pelo Projeções Broadcast, iam de geração de 59.192 a 107.360 vagas, com mediana de 89.048 postos de trabalho.
Em dezembro de 2018, havia ocorrido o fechamento líquido de 334.462 vagas com carteira assinada, como é comum para o último mês do ano.
Setores
O resultado do mês foi puxado pelo setor de serviços, que gerou 43,449 postos formais, seguido pela indústria de transformação, que abriu 34.929 vagas de trabalho.
Também tiveram saldo positivo no mês a construção civil (14.274 postos), a agropecuária (8.328 postos) e a extração mineral (84 postos).
Já o comércio fechou 65.978 vagas em janeiro, enquanto a administração pública encerrou 686 vagas no mês passado. Os serviços industriais de utilidade pública também fecharam 88 vagas no começo do ano.
Resultado mostra criação de 3.352 vagas de emprego com contrato intermitente
Os dados do Caged também mostram a criação líquida de 3.352 empregos com contrato intermitente em janeiro.
De acordo com os dados do Ministério do Economia, o emprego intermitente registrou criação total de 7.768 postos ao mesmo tempo em que houve fechamento de 4.416 vagas.
Houve ainda a abertura de outras 135 vagas pelo sistema de jornada parcial. As duas novas modalidades foram criadas pela Reforma Trabalhista.
O Caged informou ainda que houve 17.754 desligamentos por acordo no mês de janeiro.
Resultado foi o 2º melhor para o mês nos últimos seis anos
O secretário de Trabalho do Ministério da Economia, Bruno Dalcolmo, avaliou que janeiro teve o segundo melhor resultado para o mês na criação de empregos nos últimos seis anos.
“Ainda sofremos um pouco com o realinhamento das expectativas e com a retomada de investimentos. Mas a tendência de geração de empregos deve continuar”, avaliou.
O coordenador geral de estatísticas da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Mário Magalhães, argumentou que o saldo de geração de empregos no mês passado está em linha com o observado no começo de 2013 e 2014 – os dois últimos anos antes da recessão.
Magalhães apontou o fechamento líquido de 65.978 vagas pelo comércio em janeiro representou metade da queda do ritmo de abertura de vagas no mês passado, mas ponderou que a quantidade de trabalhadores temporários que continuaram empregados no setor aumentou neste ano.
“Isso tem a ver com o maior número de contratações temporárias em novembro e dezembro do ano passado. O resultado do comércio parece negativo, mas houve 108 mil contratações pelo setor no fim de 2018, ante 74 mil no fim de 2017. Com o ajuste de janeiro, cerca de 26 mil trabalhadores continuaram trabalhando no comércio no começo do ano passado, saltando para 42 mil no começo deste ano”, detalhou.
Ritmo do mercado
Bruno Dalcolmo também avaliou que o ritmo de evolução do mercado de trabalho está atrelado ao ritmo de crescimento da economia. Segundo ele, a aprovação da reforma da Previdência é fundamental para estimular a criação de emprego e renda no País.
“O ritmo do mercado de trabalho não tem como fugir do ritmo da economia, e o ritmo da economia depende da reforma da Previdência. Sem a reforma da Previdência, todos os indicadores macroeconômicos sofrerão”, alertou. “O que importa é o saneamento das contas públicas, e o principal instrumento para fazê-lo é a reforma”, completou.
De acordo com dados divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 1,1% em 2018. “Diversos especialistas afirmam que a reforma da Previdência pode levar o Brasil a um crescimento de 2,5% a 3% do PIB”, considerou.
“Dado o contingente de desempregados, processo de reincorporação desses trabalhadores é progressivo. Mas se o PIB continuar crescendo apenas 1%, mercado de trabalho seguirá andando de lado”, completou.
Já o coordenador geral de estatísticas da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Mário Magalhães, destacou que dos 12 setores da indústria de transformação detalhados no Caged, 11 apresentaram crescimento no emprego em janeiro. A exceção foi a indústria de produtos alimentícios, com destaque para o fechamento de vagas na produção de açúcar e álcool.
Segundo ele o fato da construção civil ter registrado um saldo positivo de 14.275 vagas em janeiro também foi uma boa notícia. “Há maior criação de vagas na construção de edifícios e na montagem de instalações industriais e de estruturas metálicas, que significam investimentos”, apontou.
Eduardo Rodrigues, O Estado de S.Paulo