terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Deputado gaúcho diz que saída de Bebianno após vazar áudios tentando destruir Bolsonaro purifica o PSL

Bibo Nunes Foto: Reprodução
Bibo Nunes Foto: Reprodução

O deputado Bibo Nunes (PSL-RS) não poupa de críticas o ex-ministro Gustavo Bebianno, demitido do governo na última segunda-feira. Dono de uma retórica inflamada que lhe rendeu o apelido por alguns colegas de partidos de o "bagual" gaúcho — regionalismo que pode ter conotação negativa ou positiva, mas que nesse caso é no sentido de tosco, grosseiro —, Nunes afirma que Bebianno é uma pessoa "má intencionada" e o acusa de tentar expulsá-lo do partido após o parlamentar denunciar irregularidades na campanha de Carmen Flores, ex-presidente do PSL gaúcho. O deputado ainda isentou Luciano Bivar, atual presidente do PSL, de qualquer responsabilidade pelo escândalo das candidaturas laranjas do partido.  Ele afirma que Bivar nem sabia quem seriam os candidatos em abril do ano passado, quando deixou a presidência do partido para que Bebianno assumisse no período da campanha eleitoral. 
Como o senhor analisa a situação do PSL e do governo Bolsonaro após a saída do Gustavo Bebianno?
Considero que foi bom porque purifica o partido. Bebianno já foi tarde. Saiu completamente queimado. Essa questão de divulgar os áudios íntimos dele com o Bolsonaro é reveladora. Acabou prejudicando a todos. Pelo que demonstrou ser jamais deveria ter entrado no partido. É uma pessoa má intencionada.
O que causou mal-estar na relação do senhor com o Bebianno?
Eu sempre tive liderança no Rio Grande do Sul, onde sou líder da bancada do partido. Antes da eleição, o Bebianno não me aceitava porque ele e a Carmen Flores (ex-presidente do PSL) queriam que o Onix Lorenzoni ( ministro da Casa Civil), que era do DEM, comandasse o partido. Eu nunca aceitei isso. Não sou capacho. E o Bebianno era amigo do Onix. Não aceitava a minha rebeldia. Ele me ameaçou expulsar do partido quando denunciei irregularidades.
O senhor tem conhecimento de irregularidades de candidaturas laranjas no PSL ?
O Bebianno sempre protegeu a Carmen Flores (ex-presidente do PSL no estado), que concorreu ao senado e perdeu.
A prestação de contas da candidatura da Carmen está cheia de problemas. Contratou a filha por R$ 40 mil. A secretária dela recebeu R$ 95 mil. Depois da eleição, em três dias ela fez 76 depósitos de R$ 1 mil. Isso é normal?
Fiquei chateado porque o Bebianno ficou me pressionando dizendo coisas como "não te mete porque ela (Carmen) tem costas quentes".  Aí renunciei à vice-presidência, fiquei na minha, me candidatei e fui o mais votado do partido.
Embora seja um crítico feroz do Bebianno, o senhor não menciona o deputado Luciano Bivar, hoje presidente do PSL. Como o senhor avalia a situação do Bivar após a revelação das candidaturas laranjas do PSL ? 
Eu não sei nada sobre o Bivar. Não tem nem como compará-lo com o Bebianno. É outro tipo de pessoa. Outro nível. O Bivar não presidiu o partido durante a eleição. Não teria como ele colocar laranjas. O Bivar saiu para a entrada do Bebianno em abril. Antes disso, o Bivar não sabia nem quem seria candidato. Se for frio no cálculo, Bivar não tem nada a ver com essas candidaturas laranjas. Não foi na época dele. Esses casos aconteceram na gestão do Bebianno.
Embora o presidente tenha empunhado a bandeira do combate à corrupção durante a campanha, em menos de dois de governo já há denúncias graves como as candidaturas laranjas e o caso que envolve Flávio Bolsonaro e seu ex-assessor Fabrício Queiroz. O senhor considera que esses casos prejudicam a imagem do governo ?
Não. A questão dos laranjas diz respeito à gestão do Bebianno, que já foi tarde. Quem não atende o padrão está fora. E eu acho que a maneira como o presidente Bolsonaro tem conduzido esse casos de denúncias tem sido muito correta. Ele já disse que se a pessoa tem alguma culpa vai ter que pagar. Até mesmo ao comentar o caso do filho, o presidente disse que, se ficar comprovado, ele (Flávio) terá que pagar.
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