Em depoimento, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse à Polícia Federal (PF) nesta terça-feira que não incentivou a ocupação do tríplex do Guarujá. Lula foi ouvido num inquérito que investiga a invasão de integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) ao apartamento no Guarujá , no litoral paulista, ocorrida em 16 de abril do ano passado.
Segundo o advogado Manoel Caetano, que representa o petista, Lula desconhece os motivos da invasão do apartamento.
— Ele não incitou ninguém a invadir. Foi uma ação deles (MTST). O ex-presidente não sabe quais foram os motivos. Mas foi a uma ação do movimento. E não foi essa a única ocupação, como todos nós sabemos. A contribuição que ele (Lula) poderia dar para esse inquérito era praticamente nenhuma — disse Caetano.
Em janeiro de 2018, Lula fez um discurso na Praça da República, em São Paulo, logo após ter sua condenação mantida pela segunda instância e sua pena aumentada no processo que envolve o tríplex. Na ocasião, afirmou que se o apartamento lhe pertencia, o MTST poderia ocupar:
— Eu até já pedi para o Guilherme Boulos mandar o pessoal dele ocupar aquele apartamento. Já que é meu, ocupem — afirmou o ex-presidente, na ocasião.
O advogado Manoel Caetano afirmou que Lula apenas fez essa referência de seis segundos num discurso de meia hora. Nas palavras do defensor, a declaração foi "força de expressão".
— Ele (Lula) disse que estava num momento de indignação com a condenação injusta pelo Tribunal Regional da 4ªa Região (TRF4). E esclareceu que foi força de expressão e que não conversou com Boulos e nenhum membro do MTST depois daquele dia — disse Caetano.
No dia 16 de abril do ano passado, cerca de 50 integrantes do MTST entraram no apartamento atribuído a Lula. Eles ficaram cerca de quatro horas no apartamento e sairam após negociação com a Polícia Militar.
Na época da invasão, Lula já estava preso em Curitiba, onde cumpre pena por corrupção e lavagem de dinheiro, acusado de ter recebido o apartamento como propina da OAS. O ex-presidente sempre negou ter a posse do imóvel, alegando que ele sempre esteve registrado em nome da construtora.
O líder do MTST, Guilherme Boulos, foi ouvido pela PF no ano passado. Ele afirmou que não orientou nem incentivou a ocupação e que tratava-se de um protesto "legítimo" contra a prisão de Lula.