Com auxílio do preço do petróleo e da alta do dólar, a Petrobrás conseguiu deixar para trás quatro anos consecutivos de prejuízos e fechou 2018 com lucro de R$ 25,77 bilhões. É o primeiro resultado positivo desde a descoberta do esquema de corrupção pela Operação Lava Jato da Polícia Federal em 2014.
No ano passado, o preço do petróleo do tipo brent no mercado internacional subiu 31%. O desempenho também foi favorecido pela redução do pagamento de juros da dívida e pela regularização de um crédito de R$ 5,3 bilhões com a Eletrobrás. Além disso, como a petroleira atrela seus preços aos do mercado internacional, a alta do dólar frente ao real contribuiu para engordar o caixa.
Para o presidente da empresa, Roberto Castello Branco, o ano passado marcou “o fim de um ciclo doloroso”. Mesmo otimista, o executivo admite que o desempenho da estatal ainda “está muito aquém do desejável.” No quarto trimestre, o lucro foi de R$ 2,1 bilhões, abaixo dos R$ 7,8 bilhões projetados pelo mercado, segundo o Estadão/Broadcast.
Para concluir a recuperação da petroleira, a diretoria pretende continuar vendendo ativos e cortando custos. A intenção também é reduzir o intervalo de tempo entre o início das atividades exploratórias e a extração do primeiro óleo. “ Uma empresa opera com prejuízo até que consiga remunerar o capital empregado em suas operações”, ressalta o presidente.
A Petrobrás encerrou o ano com dívida líquida de R$ 268,82 bilhões, queda de 4% ante 2017. Com isso, atingiu a meta de alavancagem, que compara o quanto da geração de caixa está comprometida com o pagamento da dívida. O objetivo era que cada US$ 1 de caixa gerado correspondesse a US$ 2,5 de dívida, o que significa uma métrica de alavancagem de 2,5 vezes. A petroleira encerrou 2018 com métrica de alavancagem de 2,34 vezes abaixo do prometido. Já a venda de ativos, de US$ 6 bilhões, ficou aquém do esperado.
Cortes
Para Castello Branco, a Petrobrás ainda “está convalescendo de uma grave doença”, como afirmou em vídeo gravado aos funcionários no fim da quarta-feira, após participar da reunião com o conselho de administração para aprovar as contas de 2018. “Para cortar custos, a empresa anunciou o fechamento do escritório que mantém na Avenida Paulista, além dos escritórios de Nova York, África, Irã e Japão. O conselho também decidiu que os salários da diretoria, incluindo o do presidente, permanecerão congelados neste ano”, disse.
A produção de petróleo e gás, em 2018, alcançou 2,63 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed), 5% menos que em 2017. “Nossa produção ficou praticamente estagnada durante os últimos cinco anos, o que é consequência de vários fatores, tais como a ausência de leilões de blocos de petróleo no Brasil por cinco anos, atrasos sistemáticos no desenvolvimento de projetos em parte associados às rígidas exigências de conteúdo local e o declínio natural de campos maduros”, argumentou a companhia.
Para este ano, o plano é ampliar a produção para 2,8 milhões de barris. “Esse crescimento será viabilizado pelo ‘ramp-up’ (crescimento da produção) das plataformas recém-instaladas e pela entrada em operação da (plataforma) P-77 e da P-68. Seguiremos com os desinvestimentos e a redução da alavancagem financeira, mantendo a disciplina de capital e otimizando a gestão de portfólio, da dívida e do caixa”, diz o balanço.
Fernanda Nunes e Denise Luna, O Estado de S.Paulo