LONDRES – O Partido Trabalhista do Reino Unido, da oposição, informou nesta segunda-feira que apoiaria a convocação de um segundo referendo do Brexit se o Parlamento rejeitar o plano alternativo para a saída do país da União Europeia (UE).
A pouco mais de um mês do prazo para o Reino Unido deixar o bloco, 29 de março, a primeira-ministra Theresa May ainda faz mudanças no acordo para saída de forma a quebrar o impasse no Parlamento.
A decisão dos trabalhistas pode prejudicar as esperanças de May de conseguir a aprovação de seu acordo modificado em votação marcada para 12 de março ao atrair os que apoiariam seu plano de forma a evitar uma saída sem acordo, mas que prefeririam a realização de um segundo referendo.
O Parlamento britânico deve debater e votar nesta quarta os próximos passos da tortuosa desvinculação do país da União Europeia, e os parlamentares devem apresentar propostas ou emendas no plano que podem incluir a exigência de um novo referendo.
— Estamos comprometidos em levar à frente ou apoiar uma emenda em favor de uma votação popular para evitar que um Brexir conservador danoso seja imposto à força para o país – afirmou Jeremy Corbyn, líder do Partido Trabalhista, em encontro com parlamentares de sua agremiação nesta segunda-feira. — De um jeito ou de outro, vamos fazer tudo que estiver em nosso poder para evitar (uma saída) sem acordo.
O Partido Trabalhista informou que apresentará uma emenda convocando o governo a adotar suas propostas para o Brexit, que incluem uma união alfandegária permanente com a UE e um alinhamento próximo com o mercado comum do bloco.
“Se o Parlamento rejeitar nosso plano, então o Partido Trabalhista vai cumprir a promessa que fizemos em nossa conferência anual e apoiar uma votação popular”, escreveu Keir Starmer, porta-voz trabalhista para o Brexit, na rede social Twitter.
Ainda não está claro, porém, se este apoio se manifestaria na votação no Parlamento nessa semana.
Uma proposta dos parlamentares trabalhistas Peter Kyle e Phil Wilson para que o acordo de May seja levado a público num novo referendo não será levada a votação pelo Parlamento até que May traga o acordo para ser aprovado.
O Partido Trabalhista afirmou que também apoiará uma proposta da parlamentar Yvette Cooper que daria ao Parlamento poderes legais para forçar May a buscar uma extensão do período de negociação determinado pelo Artigo 50, expandindo-o para além do prazo determinado, de 29 de março.
Corbyn tem sido pressionado para apoiar um segundo referendo. Na semana passada, oito parlamentares defensores de um segundo referendo abandonaram o Partido Trabalhista em parte por sua frustração em não conseguir apoio para um segundo referendo. A possibilidade de uma nova consulta popular apresenta um dilema para Corbyn: enquanto muitos dos membros e apoiadores do partido defendem apaixonadamente uma nova votação, outros simplesmente querem abandonar a UE o mais rápido possível.
Ainda não está claro se a maioria dos parlamentares britânicos é favorável a uma nova consulta popular.