O dado mais relevante da pesquisa Datafolha realizada nos dias 28 e 29 de agosto é a consolidação, neste momento, de Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PSB) como as primeiras colocadas na disputa presidencial. Elas estão empatadas com 34% de intenções de voto cada uma.
Nunca nas eleições diretas para presidente da República pós-ditadura militar, nesta fase da campanha, os dois protagonistas isolados foram de partidos cujas origens estão na esquerda do espectro político.
A eleição é em 5 de outubro. Restam pouco mais de 30 dias para uma reversão do quadro. Se isso não ocorrer, pela primeira vez o Brasil não terá um legítimo representante do centro ou da direita entre os dois finalistas na disputa presidencial.
Aécio Neves (PSDB) e seus 15% de intenção de voto empurram os tucanos para fora do protagonismo do debate político nacional depois de mais de duas décadas. Essa tendência foi vista logo depois da morte de Eduardo Campos, na pesquisa realizada pelo Datafolha nos últimos dias 14 e 15. No início desta semana, o Ibope mostrou a onda pró-Marina. Agora, o Datafolha confirma o que pode ser a cristalização do quadro.
Não é incomum haver viradas de última hora em eleições. É sabido também que os eleitores tendem a prestar mais atenção nos comerciais apenas na primeira semana do horário eleitoral (que já passou) e nos últimos cinco ou dez dias.
A janela de oportunidade para Aécio será, portanto, no final de setembro. É impossível saber com precisão quais são as chances do tucano. Ou quais vulnerabilidades novas Dilma e Marina poderão apresentar.
Hoje, o fato indisputável é que se instalou uma nova polarização na política brasileira. O PT, quem diria, virou o velho. Marina e o PSB sequestraram para si o vago conceito de "nova política". Espremido, o PSDB parece perdido e não sabe como se encaixar nesse cenário.