domingo, 31 de agosto de 2014

"A economia americana volta a surpreender", editorial do Estadão

A economia americana cresceu 4,2% no segundo trimestre, 0,2 ponto porcentual acima da estimativa anterior, anunciou o Departamento de Comércio. Ficou para trás a desaceleração do primeiro trimestre, quando as condições meteorológicas desfavoráveis atingiram em cheio a produção, a distribuição, a exportação e o consumo de bens, derrubando o Produto Interno Bruto (PIB) em 2,1%, pelo critério de taxa anualizada.
A melhora do indicador superou as expectativas dos analistas e veio acompanhada de outros dados favoráveis. Os gastos com consumo avançaram a uma taxa anual de 2,5% no período, contribuindo com 1,69 ponto porcentual do crescimento do PIB. Os lucros das empresas aumentaram 6%, de US$ 1,735 trilhão no primeiro trimestre para US$ 1,840 trilhão no segundo. Entre junho e julho, as vendas pendentes de imóveis avançaram 3,3%, segundo a Associação Nacional dos Corretores de Imóveis (NAR, na sigla em inglês), superando o previsto pelos analistas. E houve uma pequena redução do número de pedidos de auxílio-desemprego.
Os gastos com novas construções, máquinas e pesquisa e desenvolvimento superaram as previsões do Departamento de Comércio, indicando que famílias e empresas demonstram confiança na recuperação econômica. O índice de preços relativo ao consumo pessoal subiu 2,3% no segundo trimestre, acima da meta do Federal Reserve (Fed, o banco central note-americano).
Apesar de a força da recuperação ser inquestionável, atenuando o temor de que a economia volte a enfrentar dias difíceis neste ano, não há razões para euforia. As primeiras informações de agosto divulgadas pelo Fed de Kansas City - que abrangem os Estados do Colorado, Kansas, Nebraska, Oklahoma, Wyoming e partes do Novo México e do Missouri - dão conta de que o índice de atividade industrial regional perdeu ritmo em relação a julho, embora continue no campo positivo.
Combinando a queda do primeiro trimestre com a recuperação do segundo, o crescimento econômico do primeiro semestre foi de apenas 1,05%. Em 2013, o Fed previa um crescimento de 2,8% a 3,2% neste ano. A previsão foi rebaixada para 2,1% a 2,3%.
A retomada global será mais rápida com a melhora da economia americana, mas, em contrapartida, a atividade na União Europeia está patinando. O Brasil depende da demanda desses dois mercados - além do chinês - para exportar mais.