A tendência ao aumento dos índices de rejeição a Dilma Rousseff, confirmada nesta semana, deixou atônitos os líderes do Partido dos Trabalhadores.
Isso porque o número de eleitores afirmando “não votar de jeito nenhum” em Dilma supera em até dois pontos percentuais a soma das intenções de voto (34%) da presidente-candidata. É bem acima da rejeição a Aécio Neves (PSDB), com 23%, e Marina Silva (PSB), com 15%.
Reafirma-se a harmonia entre a rejeição, frustração com o governo e declínio das expectativas de progresso — realçados pela economia recessiva e com alta inflação. O resultado é o desejo crescente de mudanças, que avançou de 76% para 79%, informa o Datafolha. É a característica desta eleição.
Dilma animou-se à luta pela reeleição, em meados de 2012, quando tinha 75% de aprovação. As manifestações de junho de 2013 sinalizaram inflexão. A desaprovação dobrou (para 47%).
Sobravam evidências de ineficiência governamental (a burocracia bloqueara o uso de 60% dos recursos destinados à saúde e 40% ao transporte durante a década.) Dilma e o PT optaram por reagir com a receita clássica da perfumaria política para crises — Constituinte exclusiva, plebiscito, etc. A sociedade ficara mais moderna que o seu Estado, mas Lula escolheu bater nos manifestantes: “Isso é coisa da direita”.
Um ano depois, a desaprovação e a rejeição à presidente-candidata continuam altas. Trapaças da História: o desejo de mudança alcançou nível só comparável ao de 2002, prévio à eleição de Lula, numa disputa com três ex-fundadores do PT — entre eles a líder nas pesquisas, Marina Silva.