domingo, 31 de agosto de 2014

Ações de estatais sobem 72% em 5 meses, influenciadas por cenário eleitoral e iminente derrota de Dilma

Letícia Marçal - UOL

As ações do Banco do Brasil, Eletrobras e Petrobras, que têm grande peso sobre oIbovespa (principal índice da Bolsa brasileira), acumularam valorização de 72,23% entre os dias 19 de março e 27 de agosto. No mesmo período, o Ibovespa acumulou ganhos de 32,07%.
O levantamento foi feito pela consultoria Economatica a pedido do UOL
A alta desses papéis tem sido influenciada, principalmente, pelo cenário eleitoral.
Durante esse período, a ação preferencial da Petrobras (PETR4), que dá prioridade na distribuição de dividendos, acumulou valorização de 87,31%. A ordinária (PETR3), que dá direito a voto, avançou 80,96%. 
A ação ordinária do Banco do Brasil (BBAS3) subiu 76,82% nesse período. O banco não tem ações preferenciais.
Já os papéis ordinários da Eletrobras (ELET3) acumularam alta de 62,15%, e os preferenciais (ELET6), de 53,89%.
Por exemplo, se em 19 de março um investidor tivesse pego R$ 1.000 e comprado essas cinco ações, divididas na mesma proporção, em 27 de agosto ele teria o equivalente a R$ 1.720 na Bolsa. 

Dilma cai, estatais sobem

No final de março, as ações das empresas controladas pelo governo começaram a ser fortemente influenciadas pelo cenário eleitoral e por pesquisas de intenções de voto para a Presidência e avaliações do atual governo.
Via de regra, quando as pesquisas mostram queda da presidente Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição, as ações das estatais registram alta significativa.
"Os investidores estão descontentes com a administração da Dilma e a crítica fica ainda pior quando se trata das estatais, pois há grande intervenção do governo", diz o economista Samy Dana, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Dana cita como exemplo o caso da Petrobras, que tem suas contas afetadas porque o governo controla o preço dos combustíveis para evitar uma alta da inflação.
O preço das ações não é formado somente com base na situação atual mas, também, em expectativas futuras. "A ideia de que a Dilma pode perder as eleições e que possa entrar um governo melhor faz as ações se valorizarem", segundo Dana.

As 5 ações saltaram mais de 4% cada no dia 20 de março

Até o fim de fevereiro, quando o Datafolha divulgou a primeira pesquisa de intenções de voto de 2014, Dilma ainda liderava a disputa com grande vantagem e tinha boas chances de vencer no primeiro turno.
Um mês depois, expectativas de que uma pesquisa Ibope pudesse revelar um avanço dos demais candidatos fez as cincos ações (PETR4PETR3BBAS3,ELET3ELET6saltarem mais de 4% cada no dia 20 de março. A pesquisa foi divulgada somente após o fechamento da Bolsa.
Desde então, as ações das estatais vêm subindo conforme as pesquisas mostram alterações na disputa pela Presidência.
Por exemplo, a ação preferencial da Petrobras subiu 8,33% em 6 de junho, após o Datafolha apontar baixa nas intenções de votos em Dilma.

Marina entra na disputa, ações sobem

Na terça-feira (26), após o fechamento dos mercados, pesquisa Ibope mostrou que Marina Silva (PSB) derrotaria Dilma Rousseff (PT) em um eventual segundo turno das eleições. Foi o primeiro levantamento depois da morte do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos e da definição da ex-senadora como candidata.
No dia seguinte, as ações ordinárias da Eletrobras, da Petrobras e do Banco do Brasil subiram 6,52%, 4,7% e 4,68%, respectivamente.
A entrada de Marina no páreo também mexeu com o Ibovespa. Até o dia 13, data do acidente aéreo que matou Campos, o Ibovespa acumulava queda de 0,44% no mês. Do dia 13 até esta sexta-feira (29), o índice contabilizou uma valorização de 10,27%, e fechou agosto com ganhos de quase 10% --puxados, em grande parte, pela guinada das estatais.
Para Samy Dana, as ações das estatais ainda têm espaço para subir mais, mas o cenário é incerto. "Agora é esperar propostas mais concretas da Marina e ver como o mercado vai receber."