Bruno Rosa e Ramona Ordoñez - O Globo
Estatal economiza R$ 11,5 bi com programa para reduzir despesas, mas dívida sobe R$ 138 bi
Desde fevereiro de 2012, quando Maria das Graças Foster assumiu a Petrobras, muita coisa mudou na companhia. De um lado, a empresa iniciou um programa de redução de custos e houve a entrada recorde de nove plataformas de produção. Mas, de outro lado, a defasagem dos preços e os escândalos envolvendo a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, afetaram em cheio o valor de mercado da estatal, que passou de R$ 329 bilhões, às vésperas da posse da executiva, para R$ 295,5 bilhões na sexta-feira, acumulando queda de 10%, o dobro do recuo do Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo.
Apesar de o mercado financeiro ver Graça como uma executiva de “perfil técnico”, lembra Pedro Galdi, analista da corretora SLW, sua gestão é regida pelas ordens do acionista controlador, o governo. Ele cita o fato de a companhia ter de aumentar as importações de combustíveis para fazer frente ao consumo maior enquanto não consegue concluir suas refinarias, como a de Abreu e Lima, em Pernambuco, e o Comperj, em Itaboraí, no Rio.
— Não é que a Graça seja melhor ou pior. O mercado a vê como uma pessoa competente, mas sem força para mudar a ingerência do governo. Se não fosse um técnico no comando, como é hoje, a situação estaria pior. A questão é que os investimentos ruins da companhia (como as refinarias) não foram feitos em sua gestão, e são projetos mais demorados. Por isso, a Petrobras vem destinando mais recursos para a produção, cujo resultado é mais rápido e ela consegue gerar caixa exportando o petróleo — explica Galdi, da SLW.
Desde 2012, a Petrobras investiu R$ 230 bilhões, enquanto o endividamento líquido aumentou R$ 138 bilhões. Segundo a estatal, o volume de investimentos representa a dimensão das oportunidades que a Petrobras tem para aumentar sua produção de petróleo e de derivados, principalmente. “Nossas reservas de petróleo, produção de óleo, bem como o mercado de derivados cresceram mais do que o das grandes empresas de petróleo (ExxonMobil, Chevron, Shell e BP). Estamos captando recursos para investir em novos projetos, portanto, nos endividando para crescer”, diz, em nota.
Mesmo com as perdas da defasagem, Graça conseguiu quatro reajustes para gasolina (de 19,5%) e seis para diesel (31,8%). Em novembro de 2013, a companhia anunciou uma política de reajustes, com o objetivo de alinhar os preços ao mercado internacional até o fim de 2015.
Outra marca da gestão de Graça lembrada por analistas é o corte de despesas. Com o programa de otimização de custos, a estatal obteve economia de R$ 11,5 bilhões. “A meta para o período era de R$ 7,5 bilhões, ou seja, superamos em 53% nossa expectativa”, disse a empresa.