A economia brasileira tem duas grandes alavancas, capazes de impulsioná-la nas próximas décadas: o agronegócio e a exploração/produção de petróleo e gás na camada do pré-sal.
Nesse sentido, será um passo atrás se a candidata Marina Silva, no caso de vitória nas urnas, endossar a retirada da ênfase ao pré-sal, como afirmam assessores e adiantou O GLOBO.
Os combustíveis fósseis são apontados como vilões do aquecimento global e, por coerência com seu próprio discurso, um eventual governo Marina Silva de fato abraçará mais as bandeiras dos movimentos que defendem mais restrições ao uso do petróleo.
A sustentabilidade não é somente uma questão filosófica. Consequências práticas das mudanças climáticas já são observadas em todo o planeta, e não é possível ficar de braços cruzados diante desse fenômeno. Muito pode se feito, como, por exemplo, no caso do Brasil, o esforço para se eliminar o desmatamento ilegal e o estímulo para o uso de fontes mais limpas de energia.
A crescente participação da energia eólica na matriz energética brasileira (que contará também com a contribuição de usinas de energia solar) é bem-vinda e merece apoio, previsto no programa da candidata do PSB. No entanto, para atender à demanda por eletricidade, insumo estratégico, novas hidrelétricas e usinas termelétricas serão essenciais para o país.
A situação do petróleo é semelhante. Ainda por algumas décadas será insubstituível, tanto pelo uso de seus derivados como combustíveis, como pelo aproveitamento em diferentes tipos de indústria (fertilizantes, plásticos, remédios etc.).
Com o pré-sal, o Brasil se habilitará não só a atender à sua própria demanda (de petróleo e gás), como se tornará um importante exportador. Por ser um negócio atrativo, o pré-sal mobiliza investimentos em toda a cadeia produtiva e impulsiona avanços tecnológicos, que se estendem por outros ramos.
Talvez se constitua na futura fonte de renda que permitirá ao país subir vários degraus na direção da sustentabilidade, embora aparentemente possa indicar que estaremos trilhando o caminho inverso. Investimentos no pré-sal não dependem de subsídios aos preços domésticos da gasolina ou do óleo diesel.
Ao contrário, essa distorção forma uma barreira que afasta investidores e favorece apenas aqueles que desejam restringir o setor a uma espécie de monopólio estatal obtuso (até porque o agente desse monopólio, que seria a Petrobras, é financeiramente sacrificado por esta política). A produção de biocombustíveis, como etanol e o biodiesel, depende de preços realistas para a gasolina e o óleo diesel, e não de subsídios.
Quanto a mudanças no pré-sal, elas são necessárias apenas no modelo de exploração, definido a partir de um viés estatizante.