No topo da lista de funcionários da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) com movimentações financeiras consideradas “atípicas” pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) ,Elisângela Barbiere foi exonerada do gabinete do deputado estadual André Ceciliano (PT) . O petista, eleito no dia 2 para permanecer na presidência da Alerj, decidiu na última sexta-feira dispensar Elisângela e nomear outra pessoa para a vaga de “assessora parlamentar 5” deixada pela ex-funcionária.
Com salário mensal de R$ 5 mil no Legislativo fluminense, Elisângela ganhou notoriedade após o Coaf revelar que ela movimentou R$ 26,5 milhões entre janeiro de 2011 e maio de 2017.
Procurado, André Ceciliano negou que tenha dispensado a agora ex-assessora por conta da divulgação do caso. Por meio de sua assessoria de imprensa, o deputado afirmou que a troca de Elisângela por outra funcionária fez parte de “uma renovação natural” em seu gabinete. Ele justificou a mudança como “parte das medidas de austeridade” adotadas este ano.
“Antes, cada deputado podia alocar em seu gabinete até 63 servidores, sendo 60 comissionados. Na atual legislatura, André Ceciliano limitou esse número para 40. É natural que haja renovação e dispensa de funcionários não só em seu gabinete mas em todos os gabinetes da Assembleia Legislativa”, disse a assessoria de imprensa do petista.
Em outras ocasiões, questionado sobre a movimentação financeira milionária de sua então funcionária, Ceciliano afirmou que cabia a cada um responder pelo seu CPF ou pelo seu CNPJ.
Elisângela Barbiere, o marido dela e também ex-assessor de Ceciliano, Carlos Alberto Dolavale, e o pai, Benjamin Barbiere, movimentaram R$ 44,8 milhões entre janeiro de 2011 e maio de 2017, por meio de contas da mesma agência do Itaú em Paracambi, cidade onde moram na Baixada Fluminense.
A disparidade entre o volume de transações e as rendas declaradas pelo trio chamou a atenção do Coaf. De todos os funcionários da Alerj citados no relatório, Elisângela é a recordista individual, com movimentação de R$ 26,5 milhões no período.
Entre maio e novembro de 2016, as contas de Elisângela, de seu marido e de seu pai receberam R$ 448 mil em depósitos de uma empresa do deputado federal Gelson Azevedo (PHS), ex-vice-prefeito de São João de Meriti, também na Baixada Fluminense.