BOGOTÁ E BRASÍLIA — O vice-presidente da República, Hamilton Mourão , já está em Bogotá, na Colômbia, para participar da reunião do Grupo de Lima , que discute possíveis soluções para a crise da Venezuela. O Brasil defenderá entre os outros 13 países das Américas presentes que haja maior pressão diplomática e econômica para o isolamento internacional do governo de Nicolás Maduro . O fim de semana foi de alta tensão nas fronteiras venezuelanas com os territórios brasileiro e colombiano.
— Vamos manter a linha de não intervenção, acreditando na pressão diplomática e econômica para buscar uma solução. Sem aventuras — disse Mourão ao jornalista Gerson Camarotti, da TV Globo.
A reunião de hoje também terá a presença do vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, e de Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional da Venezuela que se autoproclamou presidente interino do país sul-americano com apoio da Casa há mais de um mês. Desde então, foi reconhecido no cargo por mais de 50 países, incluindo o Brasil.
Um porta-voz da União Europeia destacou, por sua vez, que o bloco clama por esforços de evitar uma "intervenção militar" na Venezuela. No domingo, Guaidó pediu que os governos aliados mantenham "todas as opções" sobre a mesa contra Maduro, numa referência indireta à possibilidade de ação armada, depois que no sábado falharam as tentativas da oposição de levar carregamentos de ajuda internacional para dentro da Venezuela, apesar das objeções do Palácio de Miraflores.
No Brasil, duas camionetes com oito toneladas de comida tentaram entrar na Venezuela por Pacaraima, Roraima, mas foram barradas na fronteira, que está fechada pelos militares venezuelanos desde a noite de quinta-feira. Na Colômbia, 10 caminhões com alimentos tentaram entrar na Venezuela pelas pontes que ligam Cúcuta ao estado venezuelano de Táchira, mas também foram barrados. Dois caminhões foram queimados.
Negociações na fronteira
O governo brasileiro informou na noite de domingo que negociara com militares venezuelanos para diminuir a tensão na fronteira com o país vizinho, depois de um fim de semana de choques, mortes e deserções militares na região de Pacaraima, em Roraima. Os confrontos entre manifestantes e as forças de segurança deixaram 285 feridos na Colômbia, incluindo 255 venezuelanos, e quatro mortos no estado de Bolívar, limítrofe com o Brasil.
Segundo nota divulgada pelo Ministério da Defesa, ações foram tomadas pelos dois lados depois das conversas. Na Venezuela, o acordo resultou no recuo dos chamados veículos anti distúrbios. Já no Brasil, a decisão envolveu, de acordo com o comunicado, reforçar o controle dos imigrantes venezuelanos para evitar novos confrontos.
Segundo a nota, a decisão de retirar os veículos da fronteira foi tomada após conversa com militares da Guarda Nacional Bolivariana (GNB). "Militares brasileiros e venezuelanos negociaram, no local, e foi entendida a inconveniência da presença desse tipo de aparato militar", diz o documento.
Segundo a nota, a decisão de retirar os veículos da fronteira foi tomada após conversa com militares da Guarda Nacional Bolivariana (GNB). "Militares brasileiros e venezuelanos negociaram, no local, e foi entendida a inconveniência da presença desse tipo de aparato militar", diz o documento.
A pasta informou ainda que a fronteira continua aberta para acolher refugiados. "O Ministério da Defesa reitera a confiança numa solução urgente para a situação na Venezuela", completa o comunicado. 2015, 2,7 milhões de pessoas deixaram a Venezuela para países vizinhos, segundo estimativa da ONU. A escassez de alimentos e remédios no país é efeito de uma crise econômica precipitada em 2013 pela queda do preço do petróleo, seu principal produto de exportação. A crise, agravada por sanções econômicas americanas, provocou uma queda do PIB de 54% em quatro anos. Carente de divisas, a Venezuela deixou de importar produtos básicos, e a inflação, que chegou a mais de 1.000.000% no ano passado, corroeu o poder de compra dos salários.