O volume de aplicações financeiras das pessoas físicas cresceu 9% em 2018 em relação ao ano anterior, para R$ 2,797 trilhões, de acordo com a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima).
No segmento de varejo, o total das aplicações financeiras foi de R$ 1,831 trilhão, montante 8,1% superior a 2017. No varejo tradicional, as aplicações somaram R$ 958,7 bilhões, correspondendo a um aumento de 4,7% em relação a 2017, enquanto no varejo alta renda houve aumento de 12,1% no mesmo período comparativo, para R$ 872,6 bilhões. Incluindo as aplicações em previdência do público de private banking, o total das aplicações neste segmento somou R$ 1,08 trilhão.
A concentração dos investimentos das pessoas físicas de varejo continua na poupança, com 39,9% de participação, segmento para o qual foram destinados R$ 730,7 bilhões em 2018, de R$ 664,2 bilhões em 2017. Os títulos e valores mobiliários responderam por 27,6% das aplicações do varejo, somando R$ 504,7 bilhões no ano passado, de R$ 492,1 bilhões em 2017. Os fundos de investimento atraíram R$ 595,9 bilhões, respondendo por 32,5% das alocações das carteiras, contra R$ 538 bilhões em 2017.
Os investimentos das pessoas físicas do segmento private estiveram em sua maioria nos fundos, que atraíram R$ 517 bilhões do total de R$ 1,08 trilhão em 2018. Em 2017, os investidores private destinaram R$ 450,8 bilhões para os fundos. Os investimentos em ativos de renda fixa atingiram R$ 290,2 bilhões em 2018, acima dos R$ 270,8 bilhões em 2017, enquanto os investimentos em renda variável somaram R$ 154,9 bilhões no ano passado, de R$ 147,3 bilhões. Os investimentos em previdência aberta subiram para R$ 114,6 bilhões no ano passado, de R$ 96,1 bilhões em 2017.
Varejo deve crescer entre 8% e 10%; private acima de 11%
Os volumes destinados pelas pessoas físicas do segmento de varejo devem crescer entre 8% e 10% este ano em relação a 2018, disse Claudio Sanches, vice presidente do Comitê de Varejo da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima) em conferência telefônica para comentar o desempenho da indústria no ano passado. Em 2018, o total das aplicações financeiras no segmento de varejo foi de R$ 1,831 trilhão, montante 8,1% superior a 2017.
"No varejo a tendência é crescer entre 8% e 10% em 2019, claramente com um aumento na velocidade de mudança de mix das carteiras. Com a queda da Selic, percebemos busca de alternativas pelo varejo tradicional e varejo de alta renda, que começam a entender melhor risco. Portanto, sem nenhum fator exógeno ao longo do ano, a tendência é essa", explicou Sanches.
No segmento private, a percepção é de crescimento acima dos 11% registrado em 2018. Segundo João Albino, presidente do Comitê de Private Banking, esse porcentual pode ser maior caso os fundos exclusivos e fechados passem a ser tributados, já que os investidores devem migrar recursos para a previdência.
"Caso as atuais condições do País não mudem, há tudo para a indústria private superar o crescimento de 2018, já que o sentimento está melhor e muitos já pensam em retomar investimento", afirmou João Albino, lembrando que a indústria private move-se com maior velocidade quando crescem os volumes de operações de fusões (M&A, em inglês) e aquisições e de ofertas de ações (IPO, em inglês). "Se o País andar no caminho que estamos vendo, teremos um pipeline muito grande de IPOs e M&As", acrescentou.
Albino disse também que a tendência é que o público private cada vez mais busque produtos alternativos, citando fundos de ações, de private equity e imobiliários. O executivo comentou ainda que a disputa por clientes nessa indústria está empurrando os players a adotar uma visão holística dos clientes.
"Temos uma disputa mais acirrada pelo private entre os players da indústria, o que implicará margens menores, fazendo com que os bancos busquem escala e trabalhem em eficiência e em tecnologia. Vamos ter de cuidar do banking do cliente, usando o conceito europeu de visão holística, de cuidar da pessoa, da família e do negócio", previu Albino.
Em termos de produtos, Sanches aposta que o Tesouro Direto deve ganhar importância na carteira do público de pessoas físicas do varejo, enquanto no varejo alta renda, em específico, espera-se que a renda variável chame também atenção, por conta do desempenho do segmento no ano passado. Ele citou ainda as debêntures, que têm pequena participação nas carteiras do varejo, influenciado por uma tendência de aumento nas emissões de debêntures e de massificação dos produtos, já que se destaca entre as opções de captação para os emissores. "Claramente, a tendência do varejo é olhar cada vez mais a carteira como um todo, sem focar somente no produto, para garantir o suitability, que é muito importante para a indústria como um todo", observou.
Cynthia Decloedt, O Estado de S.Paulo