Na reta final da campanha, Dilma e Aécio travaram embates diretos em clima de tensão; em queda nas pesquisas, Marina esteve mais apagada
Por Talita Fernandes e Mariana Zylberkan, para VEJA.com
A uma semana das eleições, os três principais candidatos à Presidência da República, Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB), protagonizaram o mais tenso debate na televisão até agora, promovido pela TV Record, com embates diretos e os escândalos de corrupção na Petrobras no centro das discussões.
Visivelmente irritada, Dilma pediu direito de resposta quatro vezes e reclamou que estava impedida de rebater ataques laterais dos adversários. A emissora acatou somente uma queixa.
A petista tentou usar seus trinta segundos extras dizer que demitiu o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, que revelou em delação premiada um esquema de propina e desvios da estatal para políticos e partidos – inclusive a campanha de Dilma em 2010, conforme revelou a edição de VEJA desta semana. Dilma, entretanto, não conseguiu completar seu raciocínio porque estourou o tempo.
Numa tática arriscada, a própria presidente-candidata tentou virar o jogo e levar a Petrobras para o debate: ao questionar Aécio Neves, citou um discurso de 1997 no qual o então deputado disse que a privatização da estatal petroleira ”estava no radar” do governo Fernando Henrique Cardoso.
A pergunta resultou num tiro no pé. Na resposta, o tucano disparou:
– Não vou privatizá-la, vou reestatizá-la, tirá-la das mãos do grupo que aí está. O coordenador de campanha do PT pediu recursos para sua campanha nesse esquema e não vejo em você uma reação de indignação.
A partir daí, a maioria dos candidatos aproveitou para manter o tema no centro do debate.
Pastor Everaldo, do PSC, lembrou que a campanha de Dilma acionou a Justiça Eleitoral contra uma peça de propaganda de seu partido que apontava a corrupção na Petrobras. E até o folclórico Levy Fidelix, do nanico PRTB, abriu mão de falar do seu Aerotrem para alfinetar a presidente-candidata: “Já tivemos alguns escândalos recentes, como o mensalão e outros. Ao que tudo indica, o Youssef (o doleiro Alberto Youssef) vem com novos escândalos”.
Dilma ainda tentou voltar ao tema da corrupção num embate direto com Aécio ao afirmar que “deu autonomia para a Polícia Federal prender Paulo Roberto Costa”.
Aécio devolveu, constrangendo a rival:
– A senhora não tem que autorizar a Polícia Federal a prender ninguém porque isso é uma prerrogativa constitucional [da PF].