Yolanda Fordelone - O Estado de São Paulo
Atualmente, o VGBL soma 66% da carteira de previdência; modalidade atende desde investidor de baixa renda até quem quer transmitir herança
Com características que agradam a diversos tipos de investidores, os planos Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL) têm ganhado cada vez mais espaço na previdência privada. Atualmente, os VGBLs têm participação de 66% no total da carteira de previdência, quase o dobro da fatia que detinha há dez anos, segundo balanço da Federação Nacional de Previdência Privada (FenaPrevi).
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"O VGBL tem um potencial de atingir um número maior de pessoas", diz o presidente da FenaPrevi, Osvaldo Nascimento. A começar pelo planejamento tributário, a maioria da população faz a declaração simplificada do Imposto de Renda, o que torna mais interessante o investimento no VGBL em prol do Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL). Em 2014, 58,30% das declarações anuais do IR foram feitas no modelo simplificado.
O PGBL permite que o valor investido seja abatido da base de cálculo do IR, desde que a quantia não ultrapasse 12% da renda bruta anual do contribuinte. Tais planos acabam sendo indicados para quem faz a declaração completa. No futuro, quando o investidor for resgatar o dinheiro, o IR será cobrado sobre o valor total sacado do plano.
Já o VGBL não permite abatimentos do IR, sendo assim sugerido para quem faz a declaração simplificada. A vantagem, neste caso, está no fato de que o IR no resgate é cobrado só sobre o rendimento.
Especialistas lembram que a vantagem tributária não acaba aí. Se o objetivo é aplicar no longo prazo, os dois planos são interessantes por não terem o "come-cotas" - cobrança antecipada do IR em maio e novembro -, diferentemente dos fundos de renda fixa e referenciado DI.
"A previdência se transformou em mais uma opção poupança de longo prazo", comenta o presidente da Bradesco Vida e Previdência e vice-presidente da FenaPrevi, Lúcio Flávio de Oliveira. "No começo, era voltada para a aposentadoria, mas se modernizou com a criação do PGBL e VGBL para ser também parte do planejamento sucessório, uma reserva para a educação do filho e outros fins", diz. O PGBL surgiu em 1998 e o VGBL, em 2002.
Alta e baixa rendas. O VGBL se popularizou no mercado por englobar diferentes tipos de perfis, segundo o superintendente de produtos da Brasilprev, Sandro Bonfim da Costa. "O VGBL se desenvolveu em cima da maior capacidade de poupança do investidor", afirma.
Boa parte da alta renda aplica em planos PGBL, mas muitos superam o teto dos 12% de benefício tributário. "O que excede o valor acaba sendo direcionado para o VGBL", diz Costa.
A alta renda ainda utiliza o plano para planejar a herança, pois o VGBL não paga tributo de transmissão. Caso o investidor faleça, o beneficiário indicado no plano recebe a reserva sem ela passar pelo inventário, o que faz com que não seja preciso contratar um advogado.
Na outra ponta da pirâmide de renda, tem crescido a oferta e interesse da classe C no produto. Na Brasilprev, há planos a partir de R$ 25 por mês. Como a maioria desse público declara o IR pelo modelo simplificado, acaba optando pela aplicação no VGBL. "Esse consumidor no passado teve uma forte expansão do consumo e agora já começa a pensar mais no futuro", afirma o superintendente da Brasilprevi. Segundo ele, em volume a participação ainda é pequena, mas a quantidade de planos tem crescido.
Disciplina. Além da análise tributária para verificar qual plano é mais adequado, disciplina é a palavra fundamental na previdência privada. Isso porque a aplicação é indicada no longo prazo, a partir de cinco anos. Muitos investidores entram no plano, mas o abandonam no meio do caminho ou sacam o dinheiro diante de alguma emergência. "Há dois segredos na previdência: ter disciplina e começar a investir o quanto antes para ter de contribuir pouco por mês", diz Nascimento. Para aqueles que se perdem nas contas, já é possível colocar o investimento em débito automático.
Desde que começou a aplicar na previdência privada em 1998, o objetivo de Luiz Carlos de Oliveira, de 60 anos, era um só: complementar a renda da aposentadoria. “Tinha outros investimentos, mas a quantia da previdência era sagrada. A ideia era ter segurança no futuro.”
Gostou tanto do produto que além da própria previdência fez dois planos para as filhas.
No ano passado, ele conseguiu antecipar a aposentadoria e o plano tradicional que havia feito começou a lhe render frutos. “Com a renda de algumas aplicações mais a previdência faço diversas viagens pelo Brasil. Agora penso em ir para a Argentina”, afirma.