Um funcionário do hotel Saint Peter, em Brasília, foi feito refém na manhã desta segunda-feira. A Polícia isolou o local. Cerca de 300 pessoas deixaram o prédio e a área foi isolada. O sequestrador apareceu com a vítima algemada e com um colete no 13º andar do prédio, localizado no Setor Hoteleiro Sul. O sequestrador, que teria aproximadante 30 anos, de acordo com a polícia, está com uma pistola e tem levado o refém várias vezes até a sacada do hotel.
Ele faz exigências genéricas de caráter político, como a aplicação da Lei da Ficha Limpa, nestas eleições, a extradição do italiano Cesare Battisti e a reforma política. De acordo com a Polícia Civil, ele deu o prazo até as 18h para que as exigências sejam cumpridas. Caso contrário, ele ameaça acionar o colete explosivo que foi colocado na vítima. Porém, a todo momento, ele sinaliza que pode fazer isso antes.
— A gente tem quase certeza que são explosivos: 98% — disse o diretor de comunicação da Polícia Civil, delegado Paulo Henrique de Almeida.
A polícia acredita que os explosivos têm grande poder de destruição e aumentou o perímetro de afastamento da imprensa e pedestres de 60 para 100 metros. De manhã, estava em 30 metros. Uma agência dos Correios em frente ao hotel também já foi evacuada. O trânsito nos arredores do hotel também foi interrompido.
— O que a gente percebe é que ele (o sequestrador) está ficando irredutível. Ele nem está mais negociando. (As negociações) estão um pouco emperradas - afirmou o delegado.
O diretor de comunicação disse também que o sequestrador deixa claro que tanto ele quanto o refém vão morrer. O delegado diz que o refém está fisicamente bem, apesar de abalado psicologicamente.
A negociação está sendo feita pela Divisão de Operações Especiais da Polícia Civil. Segundo Almeida, o sequestrador é de Tocantins. Ele trabalhava em uma campanha política, mas o cargo não foi identificado. Em Palmas, onde ele morava, a Polícia Civil encontrou três cartas, do dia 26 de setembro, deixadas pelo homem: uma na própria residência, outra na casa da mãe e uma terceira na casa do tio. Em todas elas há mensagens de despedida que, segundo o delegado, sinalizam que ele vai cometer suicídio.
Ainda de acordo com a polícia, nas cartas, o sequestrador fala que está desesperado e pede desculpa para a mãe e para os tios, diz que depois da tempestade vem a bonança e que quer mudar o panorama político do país.
Três negociadores estão em contato com o sequestrador. O contato começou por telefone, mas agora é feito por viva voz, já que eles estão próximos ao apartamento ocupado no 13º andar do hotel. Foi cortado o sinal de TV e o telefone do quarto. Atiradores de elite estão espalhados em prédios em volta do hotel.
Segundo o diretor, o sequestrador chegou nesta segunda-feira a Brasília, de carro, e deu entrada no hotel como hóspede por vota das 5h30. A informação é de que ele começou a criar tumulto a ponto de uma camareira ter alertado a gerência. Por causa disso, o chefe dos mensageiros foi verificar o que estava acontecendo e foi feito refém, por volta das 9h.
Depois, ele passou a entrar também em outros apartamentos. Segundo relato de hospedes, ao ser perguntado se era um assalto, o sequestrador disse que era “ um ato terrorista”. O veículo em que ele estava já foi apreendido.
Por volta das 13h, o sequestrador apareceu na sacada com o refém algemado, com a pistola na mão e jogou um pedaço de papel. Cerca de 100 policiais civis estão no local, além de a agentes da Polícia Federal, Abin e representantes do ministério da Justiça.
O hotel tem 120 funcionários, mas nem todos estavam no local. São 482 apartamentos. De acordo com informações do G1, um publicitário de Ribeirão Preto (SP) que está no DF a trabalho conta que foi abordado pelo homem às 8h40.
- Ele bateu na porta do meu quarto e mandou juntar todas as coisas e descer. Estava armado e com o mensageiro já algemado, cheio de bombas no corpo - disse.
Nas imagens do refém junto ao sequestrador, é possível ver que o colete tem uma fileira de objetos claros e cilíndricos nas laterais.