O debate deste domingo à noite na TV Record entre os presidenciáveis foi só um “esquenta” para o encontro final, daqui a quatro dias, quando a Globo realiza o último embate antes do primeiro turno. As estratégias estão delineadas. A presidente Dilma Rousseff, do PT, que lidera as pesquisas, não vai conseguir se livrar do tema Petrobras — nem se livrar nem responder coisa com coisa. A exemplo do que se viu ontem, quando confrontada com os escândalos na estatal, a petista tem como resposta o ataque, despropositado como sempre e ancorado numa falsidade: os adversários criticariam a roubalheira na empresa porque estariam querendo privatizá-la, e ela teria feito tudo o que estava a seu alcance para combater os malfeitores. Nem uma coisa nem outra são verdadeiras.
Contra Marina, Dilma encontrou uma arma que se sustenta em fatos, sim. A presidenciável do PSB, com efeito, quando parlamentar, votou contra a criação da CPMF no governo FHC, embora diga por aí ter votado a favor — uma inverdade tola, que só lhe custa desgaste. Dilma a cobrou no ar por isso. A peessebista poderia ter respondido que seguiu a orientação do PT — afinal, o partido votava sistematicamente contra todas as propostas do governo tucano. Mas tentou lá engrolar umas desculpas e acabou se dizendo perseguida pelo jogo bruto dos adversários. Ficou na defensiva. Foi a sua pior atuação. Parece que o jogo pesado alterou um tanto o seu equilíbrio.
O tucano Aécio Neves, como se viu, usou a Petrobras contra Dilma, levou como troco a pecha de privatista — o que é sabidamente falso — e voltou a questionar a coerência de Marina, como vem fazendo. De longe, foi o que teve o melhor desempenho no debate. Repetidas as performances da noite deste domingo na Globo, é possível que haja uma mudança no cenário? Vamos ver.
As estratégias estão estabelecidas. Aécio passou a falar em nome de uma real mudança do país, o que não aconteceria nem com Dilma — que seria o continuísmo com continuidade — nem com Marina, a continuidade sem continuísmo. Dilma abraçou definitivamente a perspectiva reacionária e agora fala em nome do medo: quer que os brasileiros temam um tucano privatista (que não existe; como lembrou o candidato, foi o PT quem privatizou a Petrobras) e alerta para o risco Marina, que estaria sempre mudando de posição. A candidata do PSB por sua vez evoca a sua retidão moral — diz ter mudado de partido para não mudar de lado — e tenta se colocar como a boa vítima dos maus. Neste domingo, essa personagem ficou meio sem lugar no embate. Será preciso voltar à prancheta.