Pesquisa que mostra perda de popularidade do governo Dilma, com aumento das críticas à inflação, pode indicar que o relógio da política se acelerou
O desgaste da política econômica de Dilma pode ser mensurado de várias maneiras. As anêmicas taxas de investimento, aquém de 20% do PIB, em parte refletem, por exemplo, a insegurança do empresariado diante de vários riscos, como os regulatórios — os quais o Planalto passou a enfrentar a partir do ano passado —, tributários, e mesmo diante de perspectivas negativas para fundamentos da economia. A atmosfera tensa ficou mais visível quando rumores de que pesquisa eleitoral teria captado uma perda de terreno da candidata à reeleição provocaram alta na Bolsa.
Animou os mercados a perspectiva de que poderá não continuar no Planalto quem eles identificam como responsável por várias problemas: abalo financeiro da Petrobras, hoje avaliada em bolsa pela metade do valor de poucos anos atrás, devido ao equivocado congelamento de preços de combustíveis; e desmontagem do setor elétrico, também por uma política voluntariosa, esta para cortar tarifas de energia, mas cujo resultado tem sido a montagem de uma bomba fiscal de alto poder destrutivo, pois o Tesouro passou a subsidiar parte da conta de luz. A relação de desacertos é longa.
Mas não havia a tal pesquisa de intenção de votos negativa para Dilma. Ao contrário, a que foi divulgada a manteve favorita nas urnas de outubro. Os rumores devem ter surgido de outra sondagem de opinião, do Ibope, sobre a avaliação do governo. Nela, a parcela dos que aprovam a administração, considerando-a “ótima ou boa", caiu sete pontos, de 43% para 36%, índice empatado com o dos que acham o governo “regular” — tudo em relação a novembro do ano passado.
Um aspecto a considerar é que as entrevistas foram feitas entre os dias 14 e 17. Portanto, não influenciadas pelo noticiário sobre os bilhões gastos pela Petrobras em negócios mal explicados, um deles a compra da refinaria em Pasadena, Texas, quando a ministra Dilma era presidente do conselho de administração da estatal. Há dias, Dilma revelou que considera o relatório enviado, à época, a ela e conselheiros, sobre a operação, “técnica e juridicamente falho". Isso não impediu o fechamento do negócio.
A pesquisa de popularidade do governo indica que a tática de empurrar o enfrentamento de problemas para 2015 pode não funcionar. Chama a atenção que o contingente de insatisfeitos com a inflação haja subido oito pontos, de 63% para 71%.
É um indício de que a leniência com a inflação pode cobrar um preço em outubro. Pois a questão não é apenas que o IPCA esteja, com persistência, mais próximo de 6% do que da meta de 4,5%. O problema para a candidata Dilma é que a inflação de serviços, dos “preços livres", os que se refletem bastante no bolso da população, há algum tempo rodam na faixa dos 7%, 8%. Há sinais de que o aperto causado por essa inflação possa estar sendo sentido agora. Neste caso, o relógio da política teria se acelerado e, com isso, colocado em xeque a tática eleitoral de ganhar tempo. Ele pode se esgotar antes de outubro.
Animou os mercados a perspectiva de que poderá não continuar no Planalto quem eles identificam como responsável por várias problemas: abalo financeiro da Petrobras, hoje avaliada em bolsa pela metade do valor de poucos anos atrás, devido ao equivocado congelamento de preços de combustíveis; e desmontagem do setor elétrico, também por uma política voluntariosa, esta para cortar tarifas de energia, mas cujo resultado tem sido a montagem de uma bomba fiscal de alto poder destrutivo, pois o Tesouro passou a subsidiar parte da conta de luz. A relação de desacertos é longa.
Mas não havia a tal pesquisa de intenção de votos negativa para Dilma. Ao contrário, a que foi divulgada a manteve favorita nas urnas de outubro. Os rumores devem ter surgido de outra sondagem de opinião, do Ibope, sobre a avaliação do governo. Nela, a parcela dos que aprovam a administração, considerando-a “ótima ou boa", caiu sete pontos, de 43% para 36%, índice empatado com o dos que acham o governo “regular” — tudo em relação a novembro do ano passado.
Um aspecto a considerar é que as entrevistas foram feitas entre os dias 14 e 17. Portanto, não influenciadas pelo noticiário sobre os bilhões gastos pela Petrobras em negócios mal explicados, um deles a compra da refinaria em Pasadena, Texas, quando a ministra Dilma era presidente do conselho de administração da estatal. Há dias, Dilma revelou que considera o relatório enviado, à época, a ela e conselheiros, sobre a operação, “técnica e juridicamente falho". Isso não impediu o fechamento do negócio.
A pesquisa de popularidade do governo indica que a tática de empurrar o enfrentamento de problemas para 2015 pode não funcionar. Chama a atenção que o contingente de insatisfeitos com a inflação haja subido oito pontos, de 63% para 71%.
É um indício de que a leniência com a inflação pode cobrar um preço em outubro. Pois a questão não é apenas que o IPCA esteja, com persistência, mais próximo de 6% do que da meta de 4,5%. O problema para a candidata Dilma é que a inflação de serviços, dos “preços livres", os que se refletem bastante no bolso da população, há algum tempo rodam na faixa dos 7%, 8%. Há sinais de que o aperto causado por essa inflação possa estar sendo sentido agora. Neste caso, o relógio da política teria se acelerado e, com isso, colocado em xeque a tática eleitoral de ganhar tempo. Ele pode se esgotar antes de outubro.