Rafael Moraes Moura - O Estado de S. Paulo
Relação de convidados inclui o genro da presidente Dilma Rousseff, além de parentes de ministros; custo unitário dos convites, segundo estimativas, é de R$ 12 mil
A Comissão de Ética
Pública da Presidência da República decidiu nesta segunda-feira, 31, pedir
esclarecimentos aos ministros Guido Mantega (Fazenda), Miriam Belchior
(Planejamento) e Ideli Salvatti (Secretaria de Relações Institucionais) sobre a
inclusão de parentes na lista
de convidados VIPs da Petrobrás para assistir ao GP do Brasil de
Fórmula 1, em novembro passado.
Em nota, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom) informou que o genro da presidente compareceu ao GP Brasil a convite da Petrobrás, sem a mulher, Paula Rousseff - e que Dilma não tinha conhecimento do convite. "A presidente disse que, se tivesse sido (consultada), teria dito para ele (Covolo) não comparecer. Isso porque, embora não exista irregularidade, não vale o incômodo", comunicou a Secom.
O custo unitário dos convites da Petrobrás, segundo estimativas, é de R$ 12 mil.
"Foram pedidas informações, mas não foi aberto ainda (processo) para quem foi denunciado", limitou-se a dizer o presidente da comissão, Américo Lacombe. "Quem foi intimado vai ter de dar explicações. Eu não posso dar opinião agora."
A decisão da comissão ocorreu após o PPS protocolar representação contra Mantega, Ideli e Miriam. "Se confirmarem as informações (...), restará evidente que os denunciados violaram não apenas os padrões de conduta da Alta Administração Federal, estabelecidos no Código, mas também os mais comezinhos preceitos de comportamento ético ao se valerem da condição de Ministros de Estado para receberem convites de R$ 12 mil para seus familiares", diz trecho da representação.
De acordo com Lacombe, os ministros terão dez dias "ou até mais" para prestar os esclarecimentos solicitados à comissão.
Censura. Segundo o presidente da comissão, os conselheiros também decidiram nesta segunda-feira aplicar censura ética para um ex-integrante do governo federal. Lacombe, no entanto, se recusou a informar quem seria a pessoa penalizada.
"De acordo com o que já decidimos, só posso dar o nome depois que (o posicionamento da comissão) for comunicado à autoridade superior dele", desconversou. Lacombe garantiu não se tratar de ex-ministro.