Venezuelana cassada fala no Senado nesta 4ª
Blog do Josias de Souza
Se o regime de Nicolás Maduro não prendê-la antes, chega a Brasília nesta quarta-feira (2) a deputada venezuelana cassada María Corina Machado. Ela vem para discursar no Senado. Em princípio, falaria na Comissão de Relações Exteriores. Mas pode ser recepcionada no plenário da Casa.
Deve-se o convite a Corina aos senadores Ricardo Ferraço (PMDB-ES) e Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), respectivamente presidente e membro da Comissão de Relações Exteriores. Os dois conversaram com ela há uma semana, num seminário ocorrido em Lima, no Peru. Restava apenas marcar a data.
Engenheira, divorciada, três filhos, Corina tornou-se uma das mais combativas opositoras do chavismo. Há uma semana, ela sofreu uma violência cívica. Teve o mandato de deputada cassado em procedimento sumário, sem a abertura de um processo. Acusaram-na de trair a pátria ao falar contra Maduro na OEA, em espaço cedido pelo Panamá.
Corina convocou para esta terça-feira, véspera de sua viagem ao Brasil, uma manifestação pública pelo “respeito à soberania popular”. Daí as condicionantes que envolvem a presença dela no Senado brasileiro. O risco de prisão de Corina é real.
Na semana passada, ao aceitar o convite feito por Ferraço e Aloysio, a opositora de Nicolás Maduro lamentara o silêncio do Brasil ante a morte de mais de três de dezenas de venezuelanos nos protestos de rua. “A indiferença diante do que está acontecendo na Venezuela é um sinal de cumplicidade”, disse ela, sem mencionar nomes.
O senador Ferraço procurou o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Sugeriu que Corina seja ouvida no plenário da Casa, não na Comissão de Relações Exteriores. Renan soou receptivo. Ferraço diz tratar a visita como algo institucional, não partidário. “Estão em jogo valores e princípios democráticos”, disse.