sábado, 29 de março de 2014

Carlos Kawall: Brasil pode perder grau de investimento se não fizer reformas

Martha Beck - O Globo

 
  • Economista-chefe do banco Safra disse que decisão da Standard & Poor’s de reduzir rating do país já era esperada pelo mercado

Carlos Kawall, economista-chefe do Banco Safra
Foto: Marcos Alves / Agência O Globo/Arquivo
Carlos Kawall, economista-chefe do Banco Safra Marcos Alves / Agência O Globo/Arquivo


O economista-chefe do banco Safra, Carlos Kawall, afirmou neste sábado que a decisão da agência de classificação de risco Standard & Poor´s (S&P) de reduzir o rating do Brasil já era esperada pelo mercado. Segundo ele, a surpresa do downgrade, anunciado na segunda-feira passada, foi o país ter conseguido manter o status de grau de investimento.


— O temor que existia era que o Brasil perdesse o grau de investimento — disse Kawall ao participar de seminário organizado pelo Institute of International Finance (IIF) na Costa do Sauípe, Bahia.

O economista-chefe do Safra afirmou que o governo terá dificuldades para conduzir a política fiscal em 2014. Isso porque apesar dos esforços da equipe econômica para realizar um superávit primário (economia para o pagamento de juros da dívida pública) mais alto este ano, ela terá que lidar com gastos adicionais com o setor elétrico.

A falta de chuvas aumentou o uso de energia térmica no Brasil, que é mais cara que a hidrelétrica. Assim, para evitar que esse custo extra seja repassada aos consumidores e pressione ainda mais a inflação, o Tesouro já se comprometeu a repassar R$ 13 bilhões às distribuidoras a fundo perdido.
— O governo vai tentar fazer um primário maior (em 2014), mas terá dificuldades por causa de setor de energia— afirmou Kawall.

Ele também disse que se o governo não colocar em prática uma agenda de reformas (como a da Previdência Social) que reduza os gastos obrigatórios, o país pode acabar perdendo o grau de investimento.

O economista também fez um diagnóstico negativo para a inflação. Além dos problemas no setor de energia, os alimentos também estão ficando mais caros por causa da falta da chuvas. Ele lembrou ainda que houve um represamento de tarifas de transporte e de gasolina em 2013 que precisará ser corrigido em 2014:

— Este ano, o Banco Central vai continuar subindo juros — afirmou Kawall.