segunda-feira, 31 de março de 2014

Bolsa fecha mês com melhor desempenho desde janeiro de 2012; Ibovespa subiu 7,04% em março

Dólar encerrou mês com recuo de 3,2%; nesta segunda, moeda subiu 0,44%. Moeda americana teve a maior queda mensal desde setembro de 2013

 
 
João Sorima Neto - O Globo
 
 
Na Bolsa de Valores, o principal índice do mercado de ações (Ibovespa) teve o melhor desempenho mensal desde janeiro de 2012, quando o índice subiu 7,4%. Em março, o Ibovespa teve ganho 7,04%, o primeiro mês positivo desde outubro de 2013. No ano, o índice ainda apresenta desvalorização de 2,1%. Nesta segunda, o Ibovespa fechou em alta de 1,30% aos 50.414 pontos e volume negociado de R$ 6,8 bilhões. O Ibovespa teve a melhor pontuação desde o dia 8 de janeiro, quando fechou aos 50.576 pontos. Nos últimos onze pregões, o Ibovespa subiu em dez deles.

- Diminuiu a aversão ao risco no exterior e investidores voltaram ao pregão brasileiro. Só para se ter uma ideia, eles estão comprados em 70 mil contratos no Ibovespa futuro, quando a média é de 35 mil contratos. Além disso, investidores americanos e europeus que colocavam seus recursos na Rússia fugiram para os outros mercados, entre eles o Brasil - diz Luiz Roberto Monteiro, operador da corretora Renascença.

- O cenário externo beneficiou a Bolsa brasileira, embora o rating do país tenha sido rebaixado pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s e os fundamentos da economia não tenham mudado - diz Marcio cardoso, sócio-diretor da Easynvest Título Corretora.

Cardoso lembra que o mercado também começou a embutir nos preços dos ativos o fator ‘eleição’.

Uma pesquisa mostrando queda na popularidade do governo da presidente Dilma Rousseff fez as ações da Petrobras subirem 8% em apenas um dia. No mês, os papéis preferenciais da petrolífera subiram 16,1%, enquanto as ações ordinárias tiveram ganho de 15,11%. Como ambas têm peso expressivo no Ibovespa, sua alta se refletiu no índice.

Nesta segunda, o Ibovespa seguiu o otimismo das Bolsas americanas que estão em alta. Declarações da presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, afirmando que a economia americana ainda precisa de estímulos influenciaram positivamente os pregões.

- O Ibovespa também mudou de patamar e ganhou força no curto prazo após superar a resistência dos 48.600 pontos. Agora, o próximo patamar é 52 mil pontos - diz um operador de Bolsa, que analisa graficamente o índice.

Entre as blue chips do pregão, as ações preferenciais (sem direito a voto) da Vale subiram 1,94% a R$ 28,35, e ajudaram a manter o índice no azul. O preço do minério de ferro subiu 4% no mercado externo, o que ajudou os papéis da Vale. Além disso, o mercado continua na expectativa de novas medidas de estímulo do governo chinês para a garantir o crescimento de 7,5% da economia.

Os papéis preferenciais da Petrobras subiram 0,76% a R$ 15,78. A maior alta foi apresentada pelos papéis ordinários da Gafisa, com ganho de 6,25% a R$ 3,57, enquanto a maior baixa foi dos papéis ordinários da LLX log, com queda de 3,88% a R$ 0,99.

Dólar se desvalorizou 3,2% no mês de março

Depois de dois dias de baixa frente ao real, o dólar comercial encerrou a sessão desta segunda-feira em alta. No fim da sessão, a moeda americana subiu 0,44%, sendo negociada a R$ 2,267 na compra e a R$ 2,269 na venda, mas manteve a menor cotação desde o dia 4 de novembro passado, quando fechou a R$ 2,245. Na mínima do dia, o dólar caiu a R$ 2,252 (queda de 0,30%), enquanto na máxima foi negociado a R$ 2,276 (valorização de 0,75%). No mês, a moeda americana fechou com uma desvalorização de 3,2% frente ao real, a maior queda desde setembro de 2013, quando a divisa caiu 7,09%. No ano, o recuo do dólar frente ao real é de 3,7%.

Pela manhã, o dólar subiu pressionado pela briga entre investidores ‘comprados e ‘vendidos’ no mercado futuro para a formação da Ptax, a taxa média do dólar usada para liquidação desses contratos de câmbio. Do total de US$ 10,1 bilhões em contratos, o BC não rolou US$ 2,6 bilhões. O BC também deu continuidade ao seu programa de intervenções diárias, ofertando 4 mil contratos, que equivalem a venda de dólares no mercado futuro, no total de US$ 198,5 milhões. Em seguida, a autoridade monetária fez um leilão de linha de até US$ 2 bilhões com compromisso de recompra em 2 de junho de 2014. A taxa de corte ficou em R$ 2,310.

- No exterior, a moeda americana perdeu valor frente a outras divisas, inclusive de países emergentes, após a presidente do Federal Reserve (o banco central americano), Janet Yellen, ter afirmado em uma conferência em Chicago que a economia dos Estados Unidos ainda está consideravelmente abaixo das metas do banco central para emprego e inflação e que ainda há necessidade de continuação dos estímulos por algum tempo - diz Guilherme França Squelbeck, operador de câmbio da corretora Correparti.

O fato de o Banco Central não ter rolado todo o lote de contratos de swap cambial que venciam em abril contribuiu para a alta do dólar por aqui, depois de uma queda de 2,88% na semana passada.

Captações feitas por empresas brasileiras e pelo Tesouro Nacional feitas no exterior trouxeram um fluxo de recursos positivos para o país, derrubando a cotação do dólar este mês. No exterior, o clima mais ameno depois da tensão entre Rússia e Ucrânia, fez os investidores voltarem a procurar ativos de risco em países emergentes, entre eles o Brasil.

- O juro brasileiro está muito atraente comparado com os EUA e Europa. As taxas de longo prazo de alguns papéis oferecem ganho de até 13%. Com isso, muitos investidores estrangeiros estão vindo aproveitar essa possibilidade de ganho na renda fixa, o que derruba a cotação do dólar - afirma Paulo Bittencourt, diretor da Apogeo Investimentos.

Ele lembra ainda que muitos investidores acabaram vendendo ativos na Rússia e buscando outros lugares para investir. O Brasil também é beneficiado por esse movimento de fuga de capitais, que já tirou do país mais de US$ 60 bilhões.

O mercado acompanha nesta semana a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que deve elevar a taxa básica da economia (Selic) dos atuais 10,75% para 11% ao ano. A decisão será anunciada na quarta-feira.

Segundo o boletim Focus, do Banco Central, que levanta as estimativas para os principais indicadores da economia com cem instituições financeiras, a mediana para a taxa Selic em abril é de 11%.
Em maio, haveria mais um aumento de 0,25 ponto percentual e a Selic seria mantida em 11,25% até o fim do ano, para chegar a 12% no fim de 2015, segundo as expectativas do boletim Focus.