segunda-feira, 31 de março de 2014

Copa causa pouco impacto na economia brasileira, diz Moody's

O Globo

 
  • Competição vai gerar apenas 0,4% do crescimento do PIB no período de dez anos
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LONDRES - Os gastos com a Copa do Mundo terão um impacto insignificante sobre a economia brasileira, apesar da percepção popular de que o torneio custa muito caro ao país, afirma estudo desenvolvido pela Moody's. A competição vai gerar apenas 0,4% do crescimento do PIB no período de dez anos e os gastos com infraestrutura representam apenas 0,7% do total de investimentos previstos para o período entre 2010 e 2014.

- A economia brasileira é muito grande, então, por causa da curta duração da Copa do Mundo e porque os investimentos são concentrados em algumas cidades e estados, o impacto não é tão grande – afirmou Barbara Mattos, analista da agência, em entrevista ao “Financial Times”.

Entretanto, o governo tem destacado os ganhos econômicos gerados pela realização da Copa, com a promessa de criação de 3,6 milhões de postos de trabalho, numa tentativa de vender os benefícios de sediar o evento para um público cada vez mais cético. Mas o descontentamento da população com a qualidade dos serviços públicos alimentou protestos no ano passado, durante a Copa das Confederações.

O relatório da Moody's serve como um lembrete para governos e eleitores de grandes economias para não exacerbar as expectativas sobre a realização de grandes eventos esportivos. No ano passado, o ministro dos Esportes, Aldo Rebelo, listou uma série de benefícios esperados da Copa do Mundo, incluindo o investimento de R$ 28 bilhões em transportes urbanos, portos, aeroportos, estádios e infraestrutura turística.

Citando estudo da Ernst & Young, o ministro disse à época que a competição movimentaria outros R$ 112 bilhões entre 2010 e 2014, mas admitiu que parte dos projetos de infraestrutura já estava incluída no Plano de Aceleração do Crescimento.

A Moody's afirma que os gastos com a Copa do Mundo não afetam o rating do país e da maioria de suas empresas, já que o impacto nas contas públicas não é tão expressivo. Em Mato Grosso, por exemplo, que investiu na construção de estádio e sistema de metro na capital Cuiabá, o incremento na dívida em relação às receitas será de nove pontos percentuais, para 51%, nível considerado confortável para o grau de investimento.

Por outro lado, o país corre riscos de arranhar sua reputação caso a competição enfrente problemas. Segundo a Moody's, uma Copa do Mundo bem sucedida vai elevar a estatura do Brasil no cenário mundial, mas “agitação social durante os jogos ou incapacidade de oferecer infraestrutura necessária podem manchar a imagem do país”.