Pergunta rotineira em minhas palestras: se os liberais têm a história a seu lado e os melhores argumentos, por que fracassaram do ponto de vista político? A resposta exige um tratado. A luta é desigual, a esquerda apela às emoções, ao sensacionalismo, oferece promessas irreais, seduz com fantasias, exime o indivíduo de responsabilidade por sua própria vida, etc.
Mas tem uma parcela de responsabilidade dos próprios liberais. Costumo dizer que nosso departamento de marketing é muito ruim. Talvez justamente por ter a evidência empírica e a razão do nosso lado, relaxamos, passamos a acreditar que a vitória política será automática. Doce ilusão. Na democracia, não é assim que funciona. É preciso conquistar o público, saber vender melhor nossas ideias.
Com isso em mente, só posso elogiar o esforço de Fabio Giambiagi e Alexandre Schwartsman ao publicarem um novo livro que tenta justamente mastigar melhor os conceitos de uma economia mais sólida – e, por isso, muito mais liberal – a ponto de poder ser digerida pelos leitores leigos no assunto. É esse o caminho. Temos que popularizar mais a nossa mensagem, fazê-la chegar a mais gente, a pessoas que não necessariamente entendem o “economês”.
Confesso que ainda não li o livro deles, e falo com base na reportagem de hoje no GLOBO. Mas já ficou claro que o propósito foi exatamente esse, partindo inclusive de sugestão de Marcelo Madureira, do Casseta & Planeta, alguém habilitado a falar sobre o assunto, pois é economista (trabalhou no BNDES) e humorista popular. Ou seja, está acostumado a se dirigir ao grande público.
Diz o jornal:
Nele, os autores tentam explicar os motivos pelos quais o Brasil cresce abaixo de seu potencial. Em 15 capítulos com títulos pouco usuais, como “O Elefante na Sala” e “A Tia Doida”, Giambiagi e Schwartsman enumeram problemas que hoje atrapalham a economia. Entre eles, o aumento dos gastos públicos, o baixo avanço da produtividade e a falta de reformas.
— Queremos passar como mensagem do livro a ideia de que o problema maior da economia hoje não é que estejamos à beira de uma catástrofe e, sim, o fato de que há um estado de coisas que pode nos condenar a uma fase de mediocridade — explica Giambiagi.
Resta saber oferecer esse mapa de forma compreensível e convencer os eleitores de que, sem ele, não chegaremos a lugar algum que preste; teremos apenas voos de galinha, de baixa altitude, barulhentos e curto alcance.