Moscou confirma saída de batalhão motorizado ao fim de exercícios militares
- Movimento poderia ser um simples rodízio ou estar relacionado com as negociações entre Rússia e Estados Unidos
O Globo
Com agências internacionais
MOSCOU — A Rússia confirmou a saída de um batalhão motorizado da fronteira com a Ucrânia, horas depois de o Ministério da Defesa em Kiev anunciar que Moscou estava “retirando progressivamente” suas tropas. A Ucrânia temia uma invasão do Leste do país após a perda da Crimeia. O movimento acontece no mesmo dia em que o primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, chega à Crimeia juntamente com mais da metade dos ministros de seu governo em sua primeira visita à península desde sua plena incorporação à Rússia em 21 de março.
— As forças russas se retiram progressivamente da fronteira — disse o porta-voz Olexii Dimitrashkivski. — Talvez tenha ligação com a necessidade de assegurar um rodízio. A outra hipótese é que estaria relacionada com as negociações entre Rússia e Estados Unidos.
O governo russo não relacionou a retirada do batalhão — que teria até 1.200 soldados — ao encontro da véspera entre o secretário de Estado americnao, John Kerry, e o chanceler Sergei Lavrov. Segundo o Ministério da Defesa russo, o batalhão se retirou após completar os exercícios em Kadamovsky, na região de Rostov.
Embora o governo russo negue, o presidente do Conselho de Segurança Nacional ucraniano, Andrei Parubei, afirmou na quinta-feira que Moscou havia instalado 100 mil tropas ao longo da fronteira com a Ucrânia.
Já os Estados Unidos mencionaram a presença de 20 mil homens e condicionaram a retirada dessas forças à saída da crise ucraniana, conforme reiterou no domingo em Paris o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, depois de um encontro com o seu homólogo russo, Sergei Lavrov.
A Rússia alegou que as recentes inspeções internacionais não haviam identificado qualquer atividade militar incomum, acusando o Ocidente de má-fé. No sábado, Lavrov teiterou que Moscou não tinha “absolutamente nenhuma intenção ou desejo” de atravessar a fronteira ucraniana.
Em uma reunião do governo russo na península do Mar Negro, Dmitry Medvedev afirmou que Moscou vai tornar a Crimeia uma zona econômica especial, oferecendo incentivos fiscais e redução de burocracia para atrair investidores.
— Nosso objetivo é tornar a península mais atrativa possível para os investidores, de modo que possa gerar renda suficiente para o seu próprio desenvolvimento — disse o premier.