sábado, 29 de março de 2014

Mercedes vai dar férias coletivas a 450 funcionários em fábrica Juiz de Fora

Empresa argumenta que precisa ‘adequar a produção de caminhões à realidade dos mercados brasileiro e argentino’. Sindicato alerta para possibilidade de demissões

 
 
Ezequiel Fagundes, Especial para O Globo
 

Fábrica da Mercedes-Benz do Brasil, em Juiz de Fora
Foto: Guilherme Leporace / O Globo
Fábrica da Mercedes-Benz do Brasil, em Juiz de Fora Guilherme Leporace / O Globo


Na tentativa de readequar a produção, 450 funcionários da linha de produção da fábrica da Mercedes-Benz em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, vão entrar de férias coletivas no período de 22 de abril a 12 de maio. A medida, segundo a empresa, “pretende adequar a produção de caminhões feita na cidade à realidade dos mercados brasileiro e argentino.”

“Se for necessário, a redução da jornada continuará nos próximos meses”, advertiu a montadora, por meio de sua assessoria de imprensa, em São Paulo.

O Sindicato dos Metalúrgicos de Juiz de Fora garante que não participou de nenhuma negociação para definição da medida que será adotada na cidade.

— Recebi um telefonema informando sobre a decisão das férias coletivas — afirmou o presidente do sindicato, João César da Silva. A Mercedes contesta essa informação, diz ter informado sobre as férias com bastante antecedência.

Segundo Silva, a empresa não detalhou quantos funcionários seriam afetados, nem como funcionaria o esquema de pagamento. O sindicalista diz que há preocupação com relação ao futuro da fábrica.

— É a segunda vez neste início de ano que a Mercedes concede férias coletivas aos trabalhadores. A primeira ocorreu entre 29 de fevereiro e 7 de março — ressalta. — Isso causa insegurança, não só pela possibilidade de demissões, mas também com relação ao que vai ocorrer com a unidade local.
Na próxima semana, o sindicato irá se reunir com os trabalhadores para discutir a situação. No início do mês foi realizada audiência pública na Câmara Municipal de Juiz de Fora para discutir a situação dos metalúrgicos.

Na ocasião, as demissões na planta da cidade, a transferência da distribuição e do faturamento de veículos importados da cidade para Iracemápolis, em São Paulo, e o indicativo de 30 dias de férias coletivas teriam preocupado a categoria.

O receio era a possibilidade de esvaziamento da fábrica, que hoje utiliza cerca de 35% da sua capacidade produtiva e mantém entre 800 e 850 funcionários, sendo que já chegou a ter mais de 1 mil.