(Seguem-se, em tradução livre, os principais trechos do pronunciamento da deputada Maria Corina Machado na volta a Caracas)
Para mim é muito claro quais são meus deveres e meus direitos. Um deputado só pode ser deposto pela morte, pela renúncia, pela cassação decidida em plenário ou por uma sentença judicial, respeitadas as garantias constitucionais e o direito de ampla defesa. O presidente da Assembleia Nacional não tem poderes para depor um deputado. Eles me acusam de ter cometido um delito.
Vocês sabem o que eu fiz. Fui à Organização dos Estados Americanos para falar em nome do povo, das mães que hoje têm seus filhos assassinados, desses jovens que estão lutando nas ruas. A perseguição a um parlamentar que faz seu trabalho, que vocaliza o pensamento dos cidadãos, prova que existe uma ditadura na Venezuela.
Se esse é o preço a pagar para que a voz dos venezuelanos seja ouvida no mundo inteiro, para que todos entendam a magnitude das atrocidades cometidas contra nós, para que se ouça o choro das mães e dos jovens que sentem que tentam arrebalhar-lhes seu futuro, saiba, senhor Cabello, que estou disposto a pagá-lo uma ou mil vezes. Sou deputada porque o povo me elegeu. Continuarei na Assembleia Nacional enquanto vocês quiserem.
Os jovens conseguiram derrubar a fachada de um regime que se diz democrático. Depois de oito semanas de luta, o mundo inteiro chama o senhor Nicolás Maduro pelo que ele é: um ditador. Quero dizer aos venezuelanos que não estamos só, que a cada dia mais e mais democratas acompanham nossa luta. Não há nada a temer.