Veja
A quebra do banco
Lehman Brothers (2008) e suas conseqüências – a deflagração da maior crise
financeira global desde os anos 1930 e uma severa recessão nos países ricos –
animaram analistas de esquerda a vaticinar o declínio americano.
Distintas corrente
de opinião apontaram a China como a potência do século XXI. A profecia
declinista não se confirmou. A economia americana já se recuperou e deve
crescer em torno de 3% neste ano, nível similar ao desempenho pré-crise.
O PIB chinês
pode ser o maior do mundo até 2020, mas os Estados Unidos tendem a continuar
como líderes do planeta, principalmente por manterem a posição de maior
potência tecnológica e bélica.
Lula comprou
a tese declinista e foi mais longe. Em 2010, ao visitar o campo de petróleo
Tupi, na Bacia de Santos, afirmou que o século XXI seria “o século do Brasil e
da América Latina”.
Já fora do
governo, comemorou a crise americana. “Foi gostoso passar a Presidência da
República e terminar o mandato vendo os Estados Unidos em crise”.
E jactou-se
de supostos feitos ao afirmar que a solução para o problema econômico do Brasil
não foi dada por “nenhum doutor, nenhum americano e nenhum inglês, mas por um
torneiro mecânico pernambucano”.
A tese
declinista subestimou a capacidade de reação dos Estados Unidos, que deriva de
suas inúmeras vantagens: solidez das instituições, cultura capitalista,
qualidade da educação e inigualável propensão a inovar.
Oito das dez
melhores universidades do mundo são americanas, segundo a Times Higher
Education. Vinte e sete das trinta universidades cujas pesquisas são as mais
citadas em artigos acadêmicos são americanas, diz a Universidade Netherland Leiden.
Os Estados
Unidos contabilizam um terço dos gastos mundiais em pesquisa e desenvolvimento,
conforme a Rand Corporation. Em parte por causa disso tudo, o trabalhador
americano é muitas vezes mais produtivo do que o chinês, o brasileiro e mesmo o
de países ricos.
Um novo e
inédito fenômeno está em curso nos Estados Unidos. Assiste-se a uma
reindustrialização, provocada pelo reshoring, o oposto de offshoring, que é a
migração de indústrias, particularmente para a China.
Estudo
especial da The Economist (19/1/2013) mostrou que 48% das maiores empresas
americanas com vendas anuais acima de 10 bilhões de dólares repatriam fábricas.
A principal
razão é o aumento dos custos trabalhistas na China.
Os avanços dos
Estados Unidos espalham benefícios por todos os cantos do planeta.
A população
mundial se comunica por meio de tecnologia do Vale do Silício. A internet foi
criada nos Estados Unidos. As empresas líderes de tecnologia de informação e
comunicação – Apple, Microsoft, Google, Facebock e Twitter – são americanas.
Os Estados
Unidos protagonizam uma nova revolução energética por meio da tecnologia de
extração de gás e petróleo de xisto.
Segundo a
Agência Internacional de Energia, em 2020 o país se tornará o maior produtor
mundial de petróleo, superando a Arábia Saudita.
Essa
revolução teve muito a ver com o ambiente de regras pró-mercado e de instituições
que preservam direitos de propriedade e respeito aos contratos, incluindo leis
de patentes.
O dono do
solo é também do subsolo. Foi isso que levou o empreendedor George Mitchell
(1919-2013) a investir 10 milhões de dólares do próprio bolso para desenvolver
a tecnologia de perfuração horizontal, que libera o olé e o gás contido nas
rochas. Mitchell morreu bilionário e sua inovação se dissemina mundo afora,
ampliando o potencial energético de vários países. O Brasil será um deles.
Aqui, os
governos do PT, movidos por visão estatista e desconfiança em relação ao setor
privado, promovem retrocessos na área energética.
No governo
Lula, substituiu-se o bem-sucedido regime de concessão pelo de partilha na
exploração do petróleo, atribuindo ao Estado a responsabilidade maior nessa
área.
No governo
Dilma, aumentou-se a intervenção estatal na energia elétrica (medida provisória
579) e as empresas estais foram postas a serviço de políticas populistas e de controle
de inflação.
Por essas e
outras, está longe o dia (se houver algum) em que nosso país será potência
mundial dominante.
Já os
Estados Unidos crescem agora mais do que nós.
O vaticínio
de seu declínio fracassou redondamente.