Governo eleva salário de cubanos. Mas ditadura segue com a maior parte
Saúde eleva de 400 para US$ 1.245 o valor pago diretamente aos profissionais. Ainda assim, 70% do valor desembolsado pelo Brasil seguirá para os Castro
Gabriel Castro - Veja
Médica cubana do programa 'Mais Médicos' ganhará mais. Ministério da Saúde anunciou aumento de repasse (Andressa Anholete/Reuters )
O governo federal elevou de 400 para 1.245 dólares o salário pago diretamente aos doutores cubanos que participam do programa Mais Médicos. O anúncio foi feito nesta sexta-feira pelo ministro da Saúde, Arthur Chioro. O novo salário equivale a cerca de 3.000 reais, contra os 960 reais pagos anteriormente - ainda muito longe dos 10.000 reais pagos a médicos brasileiros e de outras nacionalidades que integram o programa.
A ditadura cubana seguirá com a maior parte do dinheiro pago pelo Brasil por médico. O aumento anunciado é, portanto, insuficiente para solucionar a disparidade injustificável entre os cubanos e os demais profissionais do Mais Médicos.
Pelo sistema antigo, os cubanos também tinham direito a outros 600 dólares mensais que ficavam, entretanto, retidos em Cuba - e só poderiam ser sacados ao fim do programa. Agora, o dinheiro poderá ser retirado mensalmente no Brasil, junto com outros 250 dólares concedidos de aumento.
O aumento resulta de uma tentativa de amenizar as críticas a uma das vitrines eleitorais da presidente Dilma Rousseff. Na avaliação do Planalto, um salário maior para os profissionais poderia ajudar, também, a amenizar o descontentamento do Ministério Público do Trabalho. Uma investigação sobre as condições dos médicos recrutados em Cuba está em curso. Os detalhes sobre o pagamento dos cubanos vieram à tona depois que a médica cubana Ramona Rodrigues desertou do programa e revelou que o governo de Cuba ficava com a maior parte do dinheiro pago aos profissionais. Os cubanos são a maioria dos 6.650 médicos contratados por meio do programa.