Beto Barata/PR | |
Presidente Michel Temer discursa em evento para investidores, nesta terça (31), em São Paulo José Marques - Folha de São Paulo
O presidente Michel Temer (PMDB) afirmou nesta terça-feira (31) que o deficit primário da União chegou a R$ 154,2 bilhões em 2016 porque o governo passou a evitar o "descontrole dos gastos públicos", mas ainda
assim é uma "soma preocupante".
Sem citar nominalmente a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), Temer responsabilizou a gestão anterior pelo rombo nos cofres do governo e defendeu as reformas trabalhista e previdenciária para que as finanças
voltem ao equilíbrio.
"Buscamos restituir à condução do Estado o sentido de lucidez e até, por
que não dizermos, do senso comum. Demos transparência às contas públicas, passamos a encarar uma realidade que já é conhecida de todos aqui", disse o presidente, em evento destinado a investidores, em São Paulo.
"O fato é que a política econômica agiu de uma tal maneira neste período
que chegamos a cerca de R$ 155 bilhões de deficit. Ou seja, não precisamos atingir a marca pré-ajustada no primeiro momento [de R$ 170 bilhões]".
O deficit de R$ 154,2 bilhões nas contas do governo federal, divulgado
nesta segunda-feira (30), foram o pior resultado desde 1997, quando começa a série histórica, mas ficou R$ 16,3 bilhões menor do que a meta aprovada pelo Congresso, que era de um rombo de no máximo R$ 170,5 bilhões.
Ainda assim, Temer afirmou que o rombo atual é "uma soma fantástica"
e "preocupante". Para ele, a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que limitou os gastos públicos por 20 anos é uma "medida revolucionária" porque "agora os orçamentos do Brasil deixam de ser peça de ficção".
Nesta terça, foi divulgado que o setor público (que soma União, Estados e municípios) registrou o pior resultado da história, com deficit primário
de R$ 155,7 bilhões.
O presidente disse que a reforma fiscal só ficará completa após mudanças
na previdência que criem uma idade mínima para a aposentadoria. Segundo ele, essa mudança impedirá que "certas medidas de natureza social do governo acabem ficando inviabilizadas", como o Fies (programa de financiamento estudantil).
E voltou a defender que as convenções coletivas de trabalho, entre empregados e empregadores, prevaleçam nas relações trabalhistas.
Temer afirma que espera uma inflação em 2017 "até abaixo" dos 4,5%,
centro da meta do governo.
ENTENDA
Superavit ou deficit primário é o quanto de despesa ou receita o governo
gera, após o pagamento de suas despesas, sem considerar os gastos com os juros da dívida. O resultado é divulgado de duas maneiras. A primeira divulgação leva em conta a economia ou despesa apenas do Governo Central, enquanto a segunda leva em consideração o saldo de todo o setor público (Governo Central, mais estados, municípios e estatais). |