domingo, 31 de agosto de 2014

Fotos de Jennifer Lawrence nua vazam na internet

Veja



Vazam fotos de Jennifer Lawrence, de 'Jogos Vorazes', nua

Ação que TMZ chama de campanha massiva de hacker atinge vários famosos

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A atriz Jennifer Lawrence ficou em 4º lugar
A atriz Jennifer Lawrence - Ethan Miller/Getty Images/VEJA
A atriz Jennifer Lawrence acaba de entrar para a lista dos famosos vitimados por hackers ou maldosos no comando de editores de imagem. Em fotos que circulam na internet neste domingo, a atriz aparece sem roupa ou em trajes de banho e em poses sensuais. Projetada pela saga distópica Jogos Vorazes e por filmes como O Lado Bom da Vida, que lhe rendeu o Oscar de melhor atriz em 2013, Jennifer logo entrou para os trend topics -- a lista dos temas mais comentados -- do Twitter.
Há pelos menos nove fotos de Jennifer Lawrence em circustância íntimas circulando nas redes sociais, mas ela não é a única. Diversos outros artistas tiveram imagens vazadas neste domingo, entre eles as também atrizes Kirsten Dunst e Mary Elizabeth Winstead e as cantoras Ariana Grande e Victoria Justice, no que o site TMZ define como uma campanha massiva orquestrada por hacker. 
Victoria Justice se pronunciou sobre as fotos. Segundo ela, as imagens em que aparece são falsas. Já Mary Elizabeth confirmou que as fotos eram suas, mas disse que são antigas, tiradas e apagadas há muito tempo. "Para aqueles que estão vendo as fotos que tirei com meu marido anos atrás: espero que se sintam bem consigo mesmos", declarou.
Representantes de Jennifer Lawrence também falaram a respeito das fotos, divulgadas por sites mequetrefes como o WWTDD, que, além de expor as imagens sem cortes ou tarjas, comete a irresponsabilidade de sugerir que a atriz Gwyneth Paltrow pode ser a responsável pelo vazamento. Jennifer vem sendo apontada como a nova namorada de Chris Martin, cantor do Coldplay que se separou em março da estrela de Shakespeare Apaixonado.
"Trata-se de uma flagrante violação de privacidade. As autoridades já foram acionadas e vão perseguir e encontrar o autor das imagens, que foram roubadas de Jennifer Lawrence", disse ao site TMZ um porta-voz da atriz, que não negou a autenticidade das fotos. 

Famosos que tiveram fotos íntimas vazadas na internet

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Murilo Rosa


No dia 16 de março deste ano, uma série de fotos íntimas atribuídas ao ator Murilo Rosa ganharam a internet. Na sequência imagens, ele aparece primeiro sem camisa e, depois, encobrindo o órgão sexual com as mãos - mas nesta última, a pessoa aparece somente da cintura para baixo, não sendo possível confirmar que se trata do ator. Murilo foi chantageado por uma pessoa que pedia dinheiro para não divulgar a montagem, que teria sido retirada de um vídeo que ele teria feito para a mulher, a modelo Fernanda Tavares.







Conheça história do "Levanta a Mão", o hit eleitoral que ajudou a eleger FHC

Carolina Garcia - iG


Unir publicidade, política e a emoção dos acordes musicais pode ser o segredo dos jingles das campanhas eleitorais de sucesso. E foi exatamente isso que a equipe da campanha do então candidato à Presidência, Fernando Henrique Cardoso, em 1994, conseguiu ao criar o hit eleitoral “Levanta a Mão”. Cantada pelo sanfoneiro e ídolo nordestino Dominguinhos, a música elegeu FHC no 1º turno com 55% votos de todas as regiões do Brasil, contra 27% do rival Luiz Inácio Lula da Silva.

O projeto somou a criatividade dos publicitários Nizan Guanaes e Sérgio Campanelli e o conhecimento musical de César Brunetti. (veja no vídeo abaixo como foi criado o hit ‘Levanta a Mão’). Na época, muitos consideram o jingle uma estratégia de marketing para angariar votos ao tucano do Nordeste, onde FHC não tinha um sólido eleitorado. E foi considerado uma alfinetada no então rival Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – que perdeu o dedo mínimo da mão esquerda em uma máquina.

“Não passa de uma lenda, e o FHC nunca seria tão deselegante”, nega Campanelli, a respeito das duas histórias ao iG. O publicitário reconhece, porém, que a voz de Dominguinhos foi fundamental para o resultado do jingle, pois “representava a voz da razão, paterna e emoção”. Em um momento sensível da política e consolidação do Plano Real, tal combinação era o que o eleitor procurava para o Brasil, opinou o profissional, que consolidou sua carreira na publicidade à frente da MCR, uma das produtoras mais premiadas do País. E era apenas o primeiro trabalho dele no mundo político.
Divulgação/MCR
Publicitário Sérgio Campanelli
Após a eleição de FHC, o publicitário ajudou a eleger governadores e deu consultoria a políticos famosos, como Fernando Gabeira, Soninha Francine e até Marina Silva, que disputa à Presidência neste ano. “O perigo de você fazer uma música bem feita para um candidato é que ele pode ser eleito. No caso do Lula, ele teve a felicidade de ter um jingle ótimo. A ponto da imagem dele ainda sofrer influência na candidatura da Dilma”, explicou Campanelli relembrando o sucesso de “Lula lá”, escrito por Hilton Acioli na campanha de 1989.
“É tão perigoso [fazer um bom trabalho] que você pode eleger um poste como a Dilma Rousseff”, criticou o publicitário, que não esconde a aversão pelo PT e a admiração ao FHC, que “é melhor em tudo”, segundo ele. Ainda assim, o profissional reconhece que o PT “dá um banho” em todos os outros partidos no quesito publicidade. “É só comparar as cenas de Dilma na televisão e Aécio. É gritante. João Santana, que era braço-direito de Duda Mendonça está fazendo um trabalho maravilho. Ele é um ministro sem pasta”.
Neste ano, o publicitário foi responsável pela criação do jingle Coragem para Mudar o Brasil, tema da campanha presidencial de Eduardo Campos (PSB), morto em um acidente aéreo no último dia 13. A música sofreu uma adaptação na última semana, como antecipou o iG com exclusividade. Marina Silva decidiu adotar o mote Não vamos desistir do Brasil de Campos. “Eu e Brunetti [autor da letra] queríamos uma música jovem e que fosse um retrato do Brasil. Perfeita para eles [Eduardo e Marina] que são a terceira via, entre os tradicionais PT e PSDB”.
“Dois hambúrgueres, alface, queijo...”
Apesar de ter entrado com o pé direito no mundo político, foi com a tradicional publicidade que a empresa de Campanelli invadiu a cabeça dos brasileiros. A MCR – que chegou a empregar mais de 30 compositores – foi responsável por sucessos como “Pipoca e Guaraná”, do Guaraná Antárctica, “Bichos do Parmalat” e o conhecido “dois hambúrgueres, alface, queijo...” do McDonald’s.
Sérgio Campanelli coleciona peças publicitárias de sucesso. Na foto, no seu estúdio em São Paulo . Foto: Divulgação/MCR
Entre as campanhas que o publicitário conta com orgulho são as parcerias com grandes nomes da música brasileira, como Tom Jobim, João Gilberto, Milton Nascimento, Ray Charles e “quem mais você imaginar”. Campanelli lamenta apenas não ter tido a oportunidade de trabalhar com Elis Regina, “que odiava a publicidade”, ele conta. Mas supriu a vontade fazendo parcerias com os filhos da cantora, Maria Rita e Pedro Mariano.

“Eu não sou músico” foi uma das explicações que o publicitário mais repetiu durante a entrevista ao iG em seu escritório, em São Paulo. Criado em Londrina (PR), ele confessa ter sido encontrado pela música e dominar muito pouco as cordas do violão. Entre grandes músicos durante os projetos, seu trabalho é o de filtrar e separar boas e más ideias. E foi esse filtro que lhe rendeu inúmeros prêmios, entre três leões de Cannes e um Caboré, que reconhece a atuação publicitária de excelência no Brasil.

'Uma agenda de intervenções jogou a produtividade para baixo', diz Marcos Lisboa

ALEXA SALOMÃO - O ESTADO DE S. PAULO


Vice-presidente do Insper prevê dificuldades nos próximos 12 meses para a manutenção do atual baixo índice de desemprego do País

Por que o Brasil patina? “Uma agenda de intervenções jogou a produtividade para baixo. Primeiro, ela comprometeu a indústria. Agora chegou ao setor de serviços, que estava bem e sustentava um paradoxo: o País ter taxas de desemprego baixas apesar de a economia não ir bem. A perspectiva do emprego para os próximos 12 meses não é positiva. O que estamos vendo não é um simples ajuste. A perda de produtividade é estrutural e reduziu o crescimento potencial. Enfim, a capacidade de produzir bens e serviços ficou menor. O governo atribui o problema à retração internacional, mas o argumento não se comprova quando se compara o Brasil com outros países. A economia mundial cresceu quase 4% ao ano entre 2002 e 2010, ante 3,3% nesta década, comportamento semelhante ao da América Latina. O Brasil, porém, foi de 4% para 2% no período, devendo crescer menos de 1% em 2014. As taxas de crescimento latino-americanas, por sua vez, são maiores do que as apresentadas em anos anteriores à crise.”
Como reverter o problema? “Ganho de produtividade vem da concorrência. Na hora que tenho várias empresas tentando prosperar, muitas vão fracassar. Quebrar. É parte do jogo. Mas algumas vão ter sucesso. Vão crescer. Essas serão copiadas e vão gerar aumento de produtividade. Você pode até dar estímulos. Não sou contra estímulos. O Chile vinha tendo redução de investimento e fez recentemente uma política de estímulo. Mas eles não escolheram A ou B. Fizeram para todo mundo. Vou dar um exemplo local. O agronegócio teve proteção - mas para todo mundo. Empresas privadas e públicas, como a Embrapa, fazem pesquisa. O agronegócio concorre internacionalmente. Muita gente quis plantar soja em Mato Grosso e café no Cerrado mineiro e faliu. Mas as empresas que sobreviveram compraram as pequenas, investimento em novas máquinas, serviços e equipamentos. Precisamos sair da armadilha dos benefícios setoriais que foi criada nos últimos anos. Desarmar vai ser complicado. Haverá oposição, mas a direção é essa para que o Brasil retome o crescimento.” 

'O Banco Central precisa voltar a operar com autonomia', diz Monica De Bolle

ALEXA SALOMÃO - O ESTADO DE S. PAULO


Sócia diretora da Galanto entende que, antes de tudo, governo precisa reconhecer erros na política econômica

Por que o Brasil patina? “Caímos nessa armadilha de baixo crescimento por erros na política econômica. Um exemplo: levaram o Banco Central para um caminho muito ruim, de experimentalismos. Ele adotou as tais políticas macroprudenciais, que nunca souberam explicar o que era. Primeiro, foi frear a valorização do câmbio. Um belo dia, virou outra coisa. O Banco Central deveria cuidar do regime de metas de inflação e já não há nem clareza sobre qual é a meta. Oficialmente é o centro da meta, de 4,5%. Mas todo mundo sabe que a meta é ficar abaixo do teto, de 6,5%. Outro exemplo de erro foi o das desonerações. A ideia de reduzir carga tributária no momento de baixo crescimento não é ruim. Mas pareceu que nem o governo acreditou no resultado, porque em vez de oferecer para todo mundo, foi implantando devagar, setor por setor. Com isso, criou incertezas. Os setores beneficiados ficaram na dúvida se era ou não para sempre e não cumpriu o plano de investimento. Quem não recebeu, não fez nada esperando a benesse. A forma com foi feita desincentivou os investimentos.”
Como reverter o problema? “Precisamos, antes de tudo, que nossas autoridades reconheçam os problemas que criaram. O Banco Central precisa voltar a operar com autonomia, com uma equipe que não seja submissa ao governo e coloque o regime de metas de inflação para funcionar como sempre funcionou. Isso é o mais fácil de resolver. Difícil é reorganizar a política fiscal (a política relacionada à gestão da arrecadação e dos gastos públicos). Não vai bastar anunciar corte de gastos. Hoje o balanço das empresas dos setor elétrico, da Petrobrás, do BNDES, da Caixa Econômica Federal e do Tesouro Nacional fazem parte de um único pacote. É um nó difícil de desatar, igual aquele que se faz em correntinha comprada em feira hippie. Ninguém sabe com clareza o tamanho da conta, do buraco. Sabemos apenas que o fiscal está atrapalhado. A população não se preocupa com política fiscal, mas ela pede hoje mais qualidade na saúde, na educação, na segurança. Quando o fiscal está atrapalhado, fica difícil atender essas demandas.” 

Aécio diz que Dilma já perdeu a eleição

TIAGO ROGERO - O ESTADO DE S. PAULO


Candidato tucano ao Planalto participou de jogo com artistas e políticos no centro de futebol do ex-jogador Zico, no Rio de Janeiro

Candidato do PSDB à presidência da República, o senador Aécio Neves afirmou no início da tarde deste domingo, 31, que já é certa a derrota de Dilma Rousseff (PT) na eleição. "O atual governo fracassou, essa é a questão central, e não vencerá as eleições o grupo que está hoje no poder", cravou o tucano, que voltou a criticar o programa de governo da adversária Marina Silva, do PSB. Segundo Aécio, que participou de jogo com artistas e políticos no centro de futebol do ex-jogador Zico na zona oeste do Rio de Janeiro, o PSB traz em seu programa temas defendidos historicamente pelo PSDB, e já criticados num passado recente por Marina e pela presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT.

Depois de dizer que Dilma não vencerá, Aécio afirmou que das "duas alternativas competitivas que aí estão", uma é a do PSDB (a outra, a do PSB). "Apresentamos uma alternativa absolutamente coerente com nosso passado, com aquilo que pensamos lá atrás, e com o que queremos fazer pelo Brasil. E a população brasileira terá a oportunidade de avaliar entre essas propostas, até porque não há nada mais velho na política do que o discurso adaptado às circunstâncias do momento", disse, em referência às corriqueiras críticas que Marina Silva faz ao que tem chamado de "velha política".
Wilton Junior/Estadão
Aécio Neves participou do "Futebol entre Amigos", promovido pelo ex-jogador Zico
Aécio rebateu as críticas do candidato a vice de Marina, Beto Albuquerque. Ontem à noite, em eventono Rio, Albuquerque afirmou que, para criticar o programa de Marina, Aécio deveria primeiro lançar o seu. "As diretrizes foram lançadas. Talvez o candidato Beto não esteja acompanhando de perto as discussões que fizemos ao longo dos últimos anos. Será lançado nos próximos dias, em data pré-estabelecida, mas não é pra se ofender", disse Aécio.
"Eu apenas encontrei no programa do PSB as defesas das mesmas posições que nós defendemos historicamente, no ponto de vista da macroeconomia, da transformação do Bolsa Família em um programa de estado, a meritocracia no setor público. Lamento apenas que, no momento em que implementamos essas medidas, nenhum deles estava ao nosso lado para ajudar", afirmou.
Participam do jogo, além de Zico e Aécio, os ex-atletas Bebeto (campeão mundial de futebol em 1994 e candidato à reeleição como deputado estadual no Rio) e Giovanni (ex-jogador de vôlei, candidato a deputado federal pelo PSDB em Minas Gerais) e artistas como o ator e cineasta Márcio Garcia. Aécio jogou com a camisa 45 no mesmo time de Zico, que vestiu a 10.

Gustavo Franco: por que o ‘brazil’ exporta pouco?


O Globo


A produção industrial vem se tornando um fenômeno cada vez mais internacional, assunto que tem trazido um misto de contrariedade e excitação quanto às suas vastas consequências. Trata-se aqui de um dos capítulos mais intrincados da globalização, tanto que apenas pode ser descrito, infelizmente, com palavras em inglês capazes de embaralhar as falas mais amestradas, além de sacudir os brios dos nacionalistas do idioma: offshoring e outsourcing.


Não há uma tradução para isso, como frequentemente ocorre com novos e complexos processos relativos à economia global, o leitor deve olhar para esses vocábulos como ideogramas, ou talvez deixar-se embriagar pela sua sonoridade, pela associação com coisas referentes à alta tecnologia ou com relações internacionais. Talvez um dia entrem para o vernáculo, como o abajur, o bonde e a manicure.

Concretamente, trata-se de processo pelo qual a produção industrial se desagrega em etapas que vão sendo implantadas ou transferidas para diversos países, conforme a vantagem locacional, e de sorte a reduzir a exposição a variações cambiais e otimizar a cadeia, ou mais propriamente, a rede internacional de valor.

Pense no seu smartphone (que já está quase entrando no dicionário) e repare que a fabricação pode se dar na China, com componentes vindos de diversos países, com peças e software de outros, e o desenvolvimento, o branding e o marketing em outros. Ou pense num call center nos EUA onde os atendentes estão na Índia ou na Bahia e os data centers na nuvem. A globalização, às vezes, parece propaganda de um curso de inglês, não é mesmo?

A história desses processos tem muito a ver com outro fenômeno que outrora pareceu perturbador: a empresa multinacional. Nos anos 1950 e 1960 as grandes empresas, sobretudo americanas, começaram a abrir filiais no exterior, em muitos casos apenas para atender os desejos de “substituição de importações”, ou de “produção local”, em países clientes que se tornaram mais protecionistas. Com o tempo, o número e o volume de produção e vendas do conjunto das filiais no exterior foi crescendo a ponto de mudar a natureza dessas organizações, que deixaram de ser federações de réplicas da mãe, e foram assumindo uma personalidade distintamente transnacional. A divisão internacional do trabalho se aprofundou dentro da empresa, e com isso explodiu o fenômeno do “comércio intrafirma” (entre partes relacionadas) que já nos anos 1990 tinha ultrapassado 1/3 do comércio mundial.

Em tempos mais recentes, o processo se acelerou ainda mais diante da ascensão industrial da China, e o Brasil poderia estar na crista da onda desse vendaval de transformações, pois a presença de multinacionais no país é imensa. Em 2010, tínhamos 16.844 empresas estrangeiras no país. Como eram 6.322 em 1995, pode-se dizer que foram duas novas a cada dia ao longo desses 15 anos. Essas empresas tinham ativos de R$ 2,4 trilhões e faturamento de R$ 1,6 trilhão e eram responsáveis por 38% das exportações totais do país e 43% das importações em 2010.

É possível estimar que esse conjunto de empresas tenha sido responsável pela geração de cerca de um quarto do PIB brasileiro em 2010, ou seja, esse PIB “estrangeiro” dentro do Brasil seria próximo de US$ 523 bilhões, o que colocaria este “país” (chamemos de “Brazil”) como o vigésimo segundo PIB deste planeta, entre Suécia (US$ 560 bilhões) e Polônia (US$ 516 bilhões).

Entretanto, a despeito da contribuição do “Brazil” para as exportações brasileiras, é importante observar que as empresas estrangeiras no Brasil exportam muito pouco, especialmente quando comparado: (i) ao Brasil, pois o “Brazil” exporta algo como 17% de seu PIB (cerca de US$ 87 bilhões), não muito mais que o Brasil (10,5%); (ii) a países “comparáveis”, Polônia e Suécia, que exportam 39% e 32% de seus respectivos PIBs; e (iii) às filiais de multinacionais estabelecidas pelo mundo, cuja propensão a exportar, segundo dados da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), deve ser superior a 45%.

Essas contas servem para mostrar que as empresas estrangeiras estabelecidas no Brasil, que respondem por 40% do comércio exterior do país, poderiam estar exportando o dobro ou o triplo, o mesmo valendo para a importação, se estivessem se comportando de modo minimamente parecido com o que fazem, em média, em outros países. Se o “Brazil” estivesse exportando na faixa de 45% de seu PIB suas vendas no exterior teriam sido cerca de US$ 150 bilhões maiores do que foram em 2010.

A pergunta que não quer calar é muito simples: por que então as multinacionais estabelecidas no Brasil exportam tão pouco?

É claro que a resposta começa pelo fato de que todas as razões que levam o Brasil a exportar pouco, sobretudo em manufaturas, valem para o “Brazil”. O intrigante é que, no “Brazil”, há bastante mais competitividade, a julgar pelos níveis de produtividade, que são cerca de dez vezes maiores relativamente ao Brasil. E isso serve para afastar o câmbio da discussão, pois a “sobrevalorização”, essa doença crônica, estaria em 20%, segundo a “The Economist” e sua métrica de big macs, de modo que não seria tão relevante. As organizações globais das multinacionais se formam, entre outros motivos, para diluir o risco cambial.

Sendo assim, por que então as multinacionais localizadas no Brasil não plugam mais intensamente as suas operações no Brasil com suas cadeias internacionais de valor?

Pode-se dizer que há um problema de nascença, pois essas empresas vieram para o Brasil pensando no mercado interno, em contraste com o que se passou na Ásia, e o período de hiperinflação nos subtraiu ainda mais da globalização. Com a passagem do tempo, todavia, o “Brazil” deveria ficar mais exportador (e a Ásia menos), e, de fato, considerando uma amostra mais restrita de filiais americanas, a razão exportações/PIB, que estava em 14% em 1995 (para as filiais no Brasil, contra 63% para as filiais na Ásia e 42% para a média mundial) sobe para 32% em 2005 (contra 52% para a Ásia e 46% para a o mundo), mas despenca para 22% em 2012 mercê do aumento substancial do protecionismo e dos “requisitos de conteúdo local”.

Nada pode ser mais prejudicial à ideia de elevar as exportações do “Brazil”, e a enriquecer os laços do Brasil com o resto do mundo, que esse protecionismo velho, que confunde soberania com autarquia e que privilegia a balança comercial em vez da corrente de comércio. Sem importar, não se exporta.

E mais: preferimos investir em parcerias “Sul-Sul” em vez de entrar para a OCDE e em acordos comerciais que nos colocam no mapa da produção internacional.
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Estamos perdendo tempo com políticas comerciais e industriais mercantilistas e obsoletas, que parecem combater e contestar a globalização (e os estrangeirismos), quando ela já está firmemente absorvida dentro de casa e nos oferece oportunidades que fingimos não enxergar.