domingo, 30 de abril de 2017

Coreia do Norte pode melhorar mísseis e temos que impedi-los, diz Trump

Associated Press



Após mais um fracassado teste de míssil na Coreia do Norte, o presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que o líder comunista Kim Jong-un acabará por desenvolver melhores mísseis e "não podemos permitir que isso aconteça".

Carlos Barria/Reuters
U.S. President Donald Trump speaks during an interview with Reuters in the Oval Office of the White House in Washington, U.S., April 27, 2017. REUTERS/Carlos Barria ORG XMIT: WAS304
O presidente Donald Trump no Salão Oval no último dia 27

Em entrevista divulgada neste domingo pela CBS, ele não discutiu a possibilidade de ação militar contra o país. "É um jogo de xadrez", afirmou. "Não quero que as pessoas saibam qual é o meu pensamento sobre isso."

Em outra entrevista, o conselheiro de segurança nacional do presidente, o tenente-general do Exército H. McMaster, disse que o recente teste de mísseis representa "um desafio aberto à comunidade internacional". Ele afirmou que a Coreia do Norte representa "uma grave ameaça", não apenas para os EUA e seus aliados asiáticos, mas também para a China.

No sábado, o teste com um míssil balístico norte-coreano de médio alcance falhou minutos após o lançamento, no terceiro fracasso do tipo neste mês. As repetidas falhas do programa nos últimos anos deram origem a suspeitas de sabotagem norte-americana.

Na entrevista à CBS, o presidente foi indagado por que os testes com foguetes da Coreia do Norte continuam falhando.

"Eu prefiro não discutir isso", respondeu Trump. "Mas talvez eles não sejam mísseis muito bons, mas eventualmente ele terá bons mísseis. E, se isso acontecer, nós não podemos permitir."

Ele também chamou o líder norte-coreano de "líder astuto" por conseguir se manter no poder após assumir o cargo ainda jovem.

KCNA/Reuters
North Korean Leader Kim Jong Un visited the Thaechon Pig Farm of the Air and Anti-Air Force of the Korean People's Army in this undated handout photo by North Korea's Korean Central News Agency (KCNA) made available on April 23, 2017. KCNA/Handout via REUTERS ATTENTION EDITORS - THIS IMAGE WAS PROVIDED BY A THIRD PARTY. EDITORIAL USE ONLY. REUTERS IS UNABLE TO INDEPENDENTLY VERIFY THIS IMAGE. NO THIRD PARTY SALES. SOUTH KOREA OUT. TPX IMAGES OF THE DAY ORG XMIT: SIN901
O líder norte-coreano Kim Jong-un


SAÍDA

Em sua entrevista, McMaster disse que Trump "deixou claro que ele vai resolver esta questão de um modo ou de outro", mas que a preferência do presidente é trabalhar com a China e outros países para resolver o problema sem ação militar.

Os EUA e a Coreia do Sul também iniciaram a instalação de um sistema de defesa antimísseis que deve estar em operação nos próximos dias.

Elenco de ‘O Poderoso Chefão’ se reúne no 45º aniversário do filme

Jill Serjeant - Reuters


Coppola quase foi demitido e encontrou resistência à escolha de Al Pacino como Michael Corleone, e de Marlon Brando como o poderoso chefão






Foto: Andrew Medichini/ AP
O diretor Francis Ford Coppola
O diretor Francis Ford Coppola

Al Pacino foi considerado baixinho, Marlon Brando foi obrigado a fazer um teste de câmera e o diretor Francis Ford Coppola quase foi demitido.
No sábado, 29, o diretor e o elenco de O Poderoso Chefão se reuniram em Nova York para o aniversário de 45 anos do filme e relembraram as provações, perseverança e inspiração que resultaram na sequência de filmes de máfia vencedora do Oscar.
Coppola, Al Pacino, Robert De Niro, Diane Keaton, James Caan, Talia Shire e Robert Duvall assistiram O Poderoso Chefão (1972) e O Poderoso Chefão - Parte II (1974) junto a outras 6 mil pessoas na noite de encerramento do festival de cinema de Tribeca.
"Eu não assisto a esses filmes há anos", afirmou Coppola. "Tive uma experiência muito emocionante. Tinha esquecido sobre a produção do filme e pensei na história, e a história usou muita família e minhas coisas pessoais".
Os dois filmes ganharam nove Oscars e a história de como um órfão da Sicília emigrou para os Estados Unidos na virada do século 20 e formou a família do crime Corleone tornou-se um clássico do cinema.
Mas o filme teve um começo menos auspicioso. Coppola lembrou que o estúdio hollywoodiano Paramount queria, na década de 1970, fazer um filme "barato e rápido".
Por diversas vezes, Coppola quase foi demitido e encontrou resistência à escolha de Al Pacino como Michael Corleone, e de Marlon Brando como o poderoso chefão.
Brando, que morreu em 2004, teve vários fracassos após uma carreira bem sucedida na década de 1950 e tinha uma reputação de ser difícil.
"Foi-me dito (por executivos de estúdio) que ter Brando no filme o tornaria menos comercial que ter um total desconhecido", disse Coppola.
Brando criou a voz áspera, as bochechas macias e os cabelos oleosos para Corleone no teste de tela. No entanto, três semanas depois da filmagem, havia mais problemas.
"Eles (o estúdio) odiavam Brando, achavam que ele murmurava e odiaram o filme ... Estava muito escuro", disse Coppola. Brando ganhou um Oscar pela performance.
O estreante Al Pacino teve que fazer o teste "inúmeras vezes" para o papel de Michael, o filho universitário que se encarregava dos negócios da família Corleone. Os chefes do estúdio o acharam muito baixo e queriam Robert Redford ou Ryan O'Neal no papel.
No entanto, Coppola persistiu porque "toda vez que lia o roteiro, sempre via seu rosto (de Pacino), especialmente nas cenas da Sicília".
Pacino disse que, originalmente, queria o personagem do filho cabeça quente, Sonny, e chegou a pensar que Coppola "estivesse realmente louco" por deseja-lo no papel de Michael.
O filme o lançou como um dos atores mais honrados de sua geração.
Por sorte, desempenhou um papel na criação de algumas das cenas mais memoráveis dos dois filmes. A revelação da esposa de Corleone, Kay (Keaton), de que havia abortado seu bebê por causa do horror sobre as atividades criminosas de seu marido foi sugerida por Talia Shire (Connie).
E o gato na cena de abertura de O Poderoso Chefão, fazendo um forte contraste com sua presença intimidante, foi uma adição de última hora. "Eu coloquei aquele gato em suas mãos, era o gato do estúdio, era uma tomada", disse Coppola.












Na sexta-feira, governos federal e estaduais escancararam o conluio com a organização criminosa de Lula

O que ocorreu nas grandes cidades brasileiras nesta sexta-feira remete ao presidente Ronald Reagan, ainda no início de seu primeiro governo, em 1981.

Sob pretexto de melhores salários e condições de trabalho, 'servidores' ameaçaram parar os Estados Unidos, barrando a subida e descida de aviões.

Reagan mandou avisar que se deflagrassem a greve seriam demitidos sem exceção.

Parte dos sindicalistas desafiou o presidente da maior potência do planeta.

E pagou um preço alto.

11.359 grevistas foram para o olho da rua. Sem perdão.

Muitos jamais retornaram ao serviço público.

Reagan levou em consideração o óbvio:

"Os diretos da maioria não podem ser atropelados por uma minoria, mesmo que as razões dessa minoria sejam nobres."

É assim que funciona num país decente.

Reagan tomou a decisão em nome da democracia. Ainda hoje é reconhecido por essa e outras decisões como um dos mais populares e queridos presidentes da história dos Estados Unidos.

Nesta sexta-feira, grupelhos da organização criminosa comandada por Lula, o mais célebre dos corruptos brasileiros, interditaram metrôs, trens e ônibus em cidades como Rio e São Paulo, num atentado terrorista que se torna ainda mais grave porque sob a conivência de governantes - na verdade, presidente da República e governadores são servidores públicos pagos para garantir os direitos da maioria. Mas, que se omitiram descaradamente.

O direito de 'ir e vir' do cidadão que trabalha e paga impostos foi estupidamente violentado.

Jogar bomba em bandoleiros não significa proteger a população da agressão de facínoras.

O que se viu nesta sexta-feira foi o governo federal e os governos estaduais em conluio com bandoleiros da organização criminosa comandada por Lula.

Boni projeta as chances dos políticos em 2018

 Luisa Bustamante e Thiago Prado - Veja


Ex-todo-poderoso da TV Globo, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, é sinônimo de televisão. Sob seu comando, a emissora atingiu o topo da audiência no Brasil e não vê seu posto ser ameaçado desde a década de 60. Desligado da Globo desde 2003 e à frente da afiliada TV Vanguarda, o ex-diretor agora envereda pelo setor público. Aos 81 anos, aceitou convite das prefeituras de São Paulo e Rio de Janeiro para atuar como conselheiro nas áreas de cultura e turismo.
O encontro improvável com o prefeito do Rio, Marcelo Crivella (sobrinho do bispo Edir Macedo, dono da Record) se deu durante as eleições municipais do ano passado. Crivella foi um dos convidados de Boni para um dos tradicionais almoços restritos em sua casa. Na ocasião, falaran sobre turismo e os programas eleitorais do candidato. Já a história com João Doria é mais antiga. Boni trabalhou com João Doria pai na Rádio Bandeirantes, e mantém contato com o filho desde então. Nesta entrevista, o ex-manda-chuva da Globo analisa o cenário político do Brasil e dá sua opinião afiada sobre a atual programação das TVs. Confira os principais trechos:
O senhor assumiu o papel de conselheiro das prefeituras das duas mais importantes cidades do país. Agora que está ligado a dois governos, o que espera das eleições presidenciais em 2018?
A Lava Jato contaminou todos os políticos. A classe está desmoralizada. Acho que, legalmente, o Lula não conseguirá ser candidato. Os tucanos e os demais estão sem força nenhuma. Vão fazer campanha e esbarrar em uma porção de denúncias. O João Doria é inteligente, honesto e será candidato um dia, mas agora acho um erro. Ele tem que terminar esse mandato com êxito. Não entregaria o país na mão de nenhum dos políticos atuais. Tem que haver renovação.
O que acha quando chamaram a Globo de golpista durante o impeachment?
Chamar a Globo de golpista é como chamar um país inteiro de golpista. O que aconteceu com Dilma foi uma manobra necessária, porque ela estava metendo os pés pelas mãos. Outra coisa: no passado, o Lula cansou de ir na sala do doutor Roberto Marinho. Eu cansei de sentar sozinho com o Lula para conversar sobre questões políticas. Com quem a Globo bateu de frente mesmo foi com o Leonel Brizola porque ele fazia campanha contra a emissora.
Como o senhor avalia a cobertura da Lava Jato feita pelo jornalismo da Globo?
Acho impecável. Com muito cuidado, sem interferência. O que me incomoda é a falta de concisão. Todo dia, na cobertura da Lava Jato, o apresentador perde cinco minutos dizendo que fulano, procurado, não comentou as denúncias. É exigência do departamento jurídico para que eles não sejam processados. Por que não coloca tudo numa tela? Eu também não gosto quando são informais demais.
Informais como?
Me incomoda o fato de um apresentador de jornal, que tem que ter credibilidade, levantar para falar com uma tela. A garota do tempo não está lá, isso é para fazer de conta que os dois estão juntos no estúdio? Ninguém acredita. Outra coisa que não gosto é essa tendência de explorar o policialesco. Imagina na Revolução Francesa: a cada guilhotinada, um anúncio. Isso não tem valor de mercado. Quem vai botar anúncio no meio de dois crimes?
Já que entramos no tema televisão, o que o senhor acha de programas considerados fúteis, como o Big Brother?
O Boninho faz o melhor Big Brother do mundo, e, enquanto houver audiência, ele vai fazer o programa. Todo entretenimento é fútil, ele nada mais é que uma distração necessária. Talvez o brasileiro goste tanto do BBB porque é um povo fofoqueiro. Outro dia falei para o Boninho: pega esse pessoal todo condenado na Lava Jato e bota no programa. Você vai ter dez anos de reality.
O senhor acha graça do humor na TV atualmente?
Não. Dificilmente encontro alguém que me faça rir e refletir como o Chico Anysio. À exceção do Porta dos Fundos , que é muito bom, não há graça no resto porque é amador. É como assistir a um teatro de gente com talento, mas sem texto e direção. Um exemplo: o Marcelo Adnet precisa ser descoberto, ele mesmo não se achou. Dá meia dúzia de redatores bons e ele fará um sucesso imenso. Assim como ele, o humor brasileiro está cheio de talento perdido.
É porque faltam roteiristas que as novelas têm perdido espaço para as séries americanas?
Sim. As séries têm uma linguagem de suspense e expectativa que impede o espectador de perder a atenção. Perdemos público para as séries porque insistimos na mesma linguagem. Aqui as novelas eram longas por uma questão de custo, quanto mais capítulos, mais barato. Esse modelo está obsoleto, temos que roteirizar as novelas. Infelizmente não formamos bons roteiristas. Nos Estados Unidos, todo dia brotam dez sujeitos supertalentosos no mercado que nem conseguem emprego.
O senhor acredita que a exploração de temas polêmicos, como identidade de gênero, afastam o telespectador mais conservador?
Não tem a ver com isso. É um problema de texto. Se você está apaixonado por duas velhinhas que vivem juntas e são homossexuais [referência às personagens de Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg em ‘Babilônia’], o dia que elas se beijarem você vai ficar enternecido, vai sentir que há amor. Mas botar duas velhinhas para se beijar no primeiro capítulo? É uma apelação.
Quando a Xuxa foi para a Record, o senhor disse que era um erro. Ainda pensa assim?
O problema do artista é que ele tem orgulho de ter feito sucesso. Então ele quer fazer o que deu certo, mas talvez esteja na hora de fazer diferente. Se a Xuxa tinha dificuldade de fazer sucesso na Globo, quanto mais na Record. Ela é boa apresentadora, mas não tem a importância que tinha no passado. Ela perdeu, não por falta de talento, mas por ter sido mal conduzida. É preciso lembrar que os baixinhos cresceram. E a Globo não tem que ser grata aos artistas que lhe deram audiência. Qual time iria botar o Ronaldo para jogar hoje? Eu convenci o Renato Aragão a parar de fazer o programa, não por falta de talento, mas porque não queria mais vê-lo levando tombo e cadeirada na cabeça.
Todos os anos a Globo gasta 1 bilhão de reais na compra de direitos de transmissão do futebol. Vale a pena?
Não acho bom transmitir jogo de um time qualquer do interior toda quarta-feira. Você derruba a audiência da novela, porque o capítulo é mais curto e o espectador acaba que nem liga a TV. Futebol tem que ser só partida decisiva. Eu não vejo a Espanha ou a Itália transmitirem jogos de futebol de segundo nível em horário nobre.

O crescimento do conteúdo streaming e das televisões à cabo pode acabar com a televisão aberta?
Quando nasci, todo mundo dizia que o rádio ia acabar com os jornais e a TV com o cinema. A internet é mais um meio de distribuição do conteúdo, não acho que seja um míssil capaz de destruir todos os veículos de comunicação. Enquanto houver notícia e eventos ao vivo, a TV aberta vai continuar. A fechada, embora esteja perdendo assinantes no mundo todo, também seguirá existindo. Esta, no entanto, terá que baixar seus preços devido à concorrência.

O Poderoso Chefão - 45 anos depois, elenco do filme se reúne

Bruno Silva - UOL


Festival de Tribeca contou com uma rara reunião de integrantes do elenco de O Poderoso Chefão. Participaram do encontro Robert de Niro, Al Pacino, Robert Duvall, James Caan, Diane Keaton, Talia Shire e o diretor Francis Ford Coppola - veja na foto abaixo (via The Guardian):
O Poderoso Chefão
O evento, organizado por de Niro, relembrou histórias da produção da trilogia, iniciada há 45 anos. O local foi decorado como a famosa biblioteca de Don Corleone, com direito a uma foto do personagem vivido por Marlon Brando na parede. Também foram exibidas as partes 1 e 2 da trilogia.
Por lá, o elenco relembrou a difícil batalha para colocar o longa no cinema, já que Coppola era um diretor novato à época e Pacino, cuja experiência se resumia ao teatro, enfrentava resistência por parte da Paramount. Nem mesmo o material original - o livro de Mario Puzo - era tido por muitos como uma base boa para um filme. "Fiquei decepcionado com o livro quando o li pela primeira vez porque é muito longo, e meio feijão com arroz", disse o diretor.
A resistência da Paramount também cansou Pacino, que teria desistido do papel de Michael Corleone se não fosse por Coppola. "Pensei que não era um papel muito bom. Achei que ficaria melhor como Sonny", referindo-se ao papel de Caan. De Niro, que fez o jovem Vito Corleone na parte II, também fez testes para o papel de Sonny.

Recentemente, foi anunciado que os bastidores da produção de O Poderoso Chefão vão virar um filme - saiba mais.
Leia mais sobre O Poderoso Chefão

Elis Regina - "Como Nossos Pais", de Belchior

Belchior morre aos 70 anos

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Delação da Andrade Gutierrez na Lava Jato compromete Aécio Neves e Dilma 'trambique'

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No rastro do dinheiro: Visitas a endereços da delação da Odebrecht reforçam depoimentos



Visitas aos endereços citados por colaboradores da Odebrecht como lugares de pagamento de propina em espécie confirmam boa parte dos relatos feitos à Operação Lava-Jato. Levantamento do GLOBO feito a partir das planilhas do Setor de Operações Estruturadas da empreiteira — responsável por fazer os repasses ilegais — mostra detalhes, e também algumas imprecisões, das informações prestadas por ex-funcionários da empresa.

O GLOBO visitou 20 endereços, em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Belo Horizonte, citados como locais de pagamentos de propina da Odebrecht na última década.

A lista inclui hotéis luxuosos, restaurantes, salas comerciais e escritórios de advocacia. Em mais da metade deles foi possível identificar, ainda hoje, vestígios de vínculo com os acusados.

Num desses locais, onde um representante do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB), teria recebido R$ 1 milhão, funcionam três empresas ligadas a ele, no Centro Histórico de Porto Alegre. O GLOBO verificou que há um funcionário chamado Luciano, nome citado pelos delatores como responsável por receber valores.

Em Contagem (MG), Oswaldo Borges, tesoureiro de Aécio Neves (PSDB-MG), de fato despachava na concessionária Mercedes Benz citada pelo executivo Sérgio Neves. Num galpão nos fundos está a coleção de carros antigos mencionada pelo delator como visitada no dia em que levou R$ 500 mil para Borges. Procurado, não se manifestou.



A concessionária Mercedes Benz MinasMáquinas, endereço onde Oswaldo Borges da Costa, tesoureiro de Aécio Neves, teria recebido propina da Odebrecht - Agência O Globo


Citado como emissário do filho de Dimas Fabiano — operador de propinas para o PSDB e o PP —, Anderson Luis Correa Marques mora em endereço de Belo Horizonte destacado como local de pagamento de R$ 3 milhões, em 12 parcelas. Ela já trabalhou na Assembleia de Minas, inclusive para Dimas Fabiano. O operador acusa delatores de "camuflarem doações feitas a outrem ou encobrirem desvios internos no âmbito da própria companhia".

O hotel em São Paulo, no bairro Vila Olímpia, onde um emissário de Lindbergh Farias (PT-RJ) teria recebido propina funciona ao lado do escritório do marqueteiro Duda Mendonça, responsável pela campanha do petista ao Senado, em 2010. Duda é citado como beneficiário final dos pagamentos. Lindbergh nega a acusação, e o marqueteiro não quis se manifestar. Ex-presidente do Metrô na gestão Alckmin, Luiz Carlos David morou na mesma rua citada pelo delator Fábio Gandolfo, no bairro de Pinheiros, Zona Oeste da capital paulista, mas em número diferente. Ele também não se manifestou.

NA SUÍÇA, PISTAS DO DINHEIRO VIVO

Se à primeira vista a entrega de propina em dinheiro vivo não deixa rastro, a Lava-Jato acredita ser possível provar o contrário. Isso porque a maior parte dos registros de entregas estavam nas planilhas do sistema de propina da empreiteira, o que afastaria a hipótese de manipulação de dados para corroborar delações. Armazenado em servidores na Suíça, o sistema agora está em posse dos investigadores. A PF já iniciou a averiguação em endereços que envolvem políticos com foro privilegiado, autorizada pelo ministro do STF Edson Fachin.

Um pagamento de R$ 1,06 milhão, mencionado como parte de R$ 4 milhões que teriam sido acertados pela Odebrecht com o atual ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o Secretário-Geral da Presidência, Moreira Franco, é vinculado ao 12º andar do edifício no número 1.184 da Rua Siqueira Campos, em Porto Alegre.

— Ele fez a arrecadação como sendo uma coleta para o partido — disse o ex-diretor da Odebrecht Infraestrutura Benedicto Júnior, que citou “Luciano Pavão” como o responsável por receber o valor em 17 de março de 2014.

No endereço funcionam as empresas EP Advocacia e Consultoria Jurídica, Padilha & Bittencourt Advogados Associados e a Gaivota Participações, todas vinculadas ao ministro. Ocupam praticamente todo o andar (há apenas uma sala alugada para outro escritório), frequentado com regularidade pelo peemedebista às sextas-feiras, segundo porteiros. 

Funcionários do edifício e do escritório citaram que há um funcionário responsável por fazer serviços de rua, como pagamentos, chamado Luciano, mas não souberam informar o sobrenome. Eles negaram que ele fosse identificado como "Pavão". O GLOBO deixou recados para o funcionário, mas ele não retornou. Padilha informou que se manifesta apenas "ante os órgãos competentes".

OS MILHÕES DE ROYAL STREET

O edifício Royal Street, citado como endereço de pagamento de R$ 2 milhões para Adhemar César Ribeiro, cunhado do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), está atualmente desativado. Mas comerciantes da Avenida Faria Lima, em São Paulo, onde está localizado, afirmam que, no oitavo andar do edifício, funcionaram empresas do cunhado do tucano. Uma delas, a AR Planejamento, Serviços e Administração Empresarial Ltda., ainda está registrada no endereço, segundo cadastro da Receita. Procurado, Adhemar não se manifestou. Ackmin informa não ter autorizado que pedissem recursos irregulares em seu nome.

Um apartamento no nono andar de um edifício no bairro de Lourdes, zona nobre da capital mineira, foi alugado pela Odebrecht para abrigar funcionários, segundo apurou O GLOBO, e teria sido usado para fazer pagamentos ilegais às campanhas de Antonio Anastasia e do candidato derrotado ao governo do estado Pimenta da Veiga (PSDB). Moradores contaram que a rotatividade era grande.

— Tinha engenheiro que passava a noite, outros ficavam semanas ou meses. Alguns recebiam visitas — contou um porteiro.

Segundo o delator Leandro Azevedo, em casarão da Urca, no Rio, Renato Pereira, marqueteiro das campanhas do PMDB, recebeu R$ 11,6 milhões em 2012, vinculados a trabalhos para Eduardo Paes. Até poucos meses, a agência Prole funcionava no local.

O ex-governador do Rio Anthony Garotinho mantém como escritório político o imóvel onde também funciona a Palavra de Paz, empresa de venda pela internet de produtos religiosos. 

É no 11º andar de um prédio da Rua Conde de Lages, na Glória, que delatores afirmam ter mandado entregar dinheiro para a campanhas do casal Garotinho entre 2008 e 2014. O ex-governador, que ainda utiliza o local, nega ter recebido qualquer repasse.

Único a admitir dinheiro como caixa 2, o ex-governador do Rio Sérgio Cabral é vinculado a diferentes endereços. Um é um escritório na Torre do Rio Sul, onde um emissário de Benedicto Júnior teria levado, em 2007, R$ 1 milhão. Atualmente, lá funciona um escritório de advocacia.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/brasil/no-rastro-do-dinheiro-visitas-enderecos-da-delacao-da-odebrecht-reforcam-depoimentos-21277714#ixzz4fjyNjUhJ 
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Fernando Gabeira: "Promessas de maio"

O Globo



Em maio, as manhãs no Rio costumam ser lindas e, ao entardecer, em Minas, começam a aparecer crianças vestidas de anjo. Mas é em Curitiba que grande parte da atenção se concentra. O depoimento de Lula diante de Sérgio Moro é tido como um grande momento. Talvez contra a corrente, acredito que nada de essencial será mudado. Em confronto com as evidências que o ligam ao triplex de Guarujá e o sítio de Atibaia, Lula vai negar e, possivelmente, reafirmar que não há documento oficial que o ligue a essas propriedades. Imagino também que, se houver provocações, Sérgio Moro terá a habilidade e vai contorná-las, seguindo com as perguntas que realmente possam esclarecer.

A ideia de que um processo dessa natureza se resolve com manifestações políticas é mais um equívoco da esquerda. Aliás, apoiado em outro equívoco: o de que uma performance num interrogatório pode ser transformado numa alavanca para a campanha presidencial. Se, por acaso, têm como modelo o famoso “A História me absolverá” de Fidel Castro, independentemente de comparar oratórias, é gritante a disparidade de situações. Uma coisa é ser acusado de tramar contra a ditadura de Fulgencio Batista, outra é ser acusado de receber propinas por negócios na Petrobras. Lula está numa situação incômoda, tentando revertê-la em seu favor, e apreensivo com a possibilidade de prisão. Algo que, creio, não vai acontecer. As forças de esquerda no Brasil jogam toda a sua sorte num líder carismático e resolvem acompanhá-lo na aventura, pois temem desaparecer sem ele.

Não sou muito de discutir processos, notas frias, assinaturas falsas. Talvez por isso me interesse mais pela experiência vivida, aquilo que meus olhos e ouvidos revelaram. Por exemplo, estou voltando de Porto Velho, onde aprendi um pouco sobre a história da Usina de Santo Antônio, aquela em que a Odebrecht comprou todo mundo: governador, senadores, deputados, centrais sindicais, polícia e índios.

A delação da Odebrecht fala que as centrais sindicais foram lá, a pedido da empresa e pagos por ela, para controlar os motins dos trabalhadores. O que o delator não contou é que a Odebrecht precisava terminar a obra com muita rapidez, pois assim teria um tempo para vender a energia no mercado livre, por um preço três vezes maior. Os trabalhadores foram submetidos a um intenso ritmo de trabalho, e por isso se rebelaram. Não é a maneira mais racional de reagir. Mas era um trabalho intenso no calor insuportável de Rondônia. Eu mesmo, depois de um dia de trabalho levíssimo se comparado com os deles, não me sentia muito capaz de reagir racionalmente. Não antes, pelo menos, de um banho frio.

As duas obras de Rondônia foram a famosa estrada Madeira-Mamoré, com o sacrifício de muitos na selva, e a Usina de Santo Antônio, imposta em ritmo extremamente duro para os trabalhadores.
A História vai registrar que a CUT e a Força Sindical se colocaram a serviço de uma empresa que, ansiosa por sobrelucros, oprimiu milhares de peões. Lula surgiu com aquela frase dos bagres impedindo a construção da usina. Como bom funcionário da Odebrecht, omitiu que não eram os bagres, mas todas as espécies de peixe que se movimentam no Rio Madeira para a reprodução.

O julgamento dos 20 mil trabalhadores, dos atingidos pela barragem, dos moradores da Jaci Paraná quando tomarem conhecimento de tudo isso, certamente vai dispensar a ida ao tabelião para buscar provas. É uma verdade histórica.

Com a insistência na negação suicida e jogando todas as suas fichas no destino de seu líder, se a esquerda sonha de verdade em chegar ao governo e não está apenas fugindo da polícia, é um sonho cinzento. Nas circunstâncias, dificilmente venceria e, se o fizesse, a resistência colocaria a todo instante a tentação totalitária.

Isso não é futuro, é punk. O que pode acontecer com essa insistência no erro é um cenário parecido com o da França, onde, por outros motivos, a esquerda nem chegou ao segundo turno.

Não tenho a pretensão de acertar num futuro tão nebuloso como o nosso. Mas algumas coisas, aprendi. O que fizeram na Usina de Santo Antônio, por dinheiro, foi uma vergonha.

Todos os que se intitulam progressistas e embarcam nessa canoa furada do lulapetismo, diante do episódio não têm outra saída: ou engolem ou cospem.

Num artigo escrito há quase dez anos, previ que a experiência petista ia acabar numa delegacia da esquina. O artigo era “Flores para os mortos”.

Talvez por isso, maio em Curitiba me pareça tão familiar como as lindas manhãs do Rio e os anjos subindo ladeira ao entardecer numa cidade histórica de Minas. A maioria da esquerda ainda acredita que nada aconteceu e que vai chegar ao poder. O interessante é que muitos que sabem o que aconteceu consideram possível essa hipótese.

Em maio, costumo delirar.

Le Pen ataca Macron por ter mulher 24 anos mais velha

Andrei Netto - O Estado de S.Paulo

Ex-professora tinha 39 anos quando conheceu favorito à presidência francesa, então com 15


PARIS - Acostumado a dar declarações polêmicas sobre o holocausto ou sobre muçulmanos, Jean-Marie Le Pen, fundador do partido de extrema direita Frente Nacional (FN) e pai da candidata Marine Le Pen, encontrou um novo alvo na quinta-feira. O empresário se referiu a Emmanuel Macron com uma expressão de igual mau gosto: “marido de madame cougar”, termo pejorativo para mulheres que se envolvem com parceiros mais novos. A ironia tinha endereço: Brigitte Macron, de 64 anos, possível primeira-dama.
O relacionamento entre Macron e sua mulher, Brigitte, 24 anos mais velha que seu marido, chamou atenção do mundo há uma semana, quando ele a homenageou no discurso de vitória no primeiro turno - uma atitude ainda rara no mundo da política na Europa. Em uma campanha feroz e marcada pelo vale tudo ds parte de Marine Le Pen, a diferença de idade do casal virou alvo de ataques a Macron, apresentado de forma pejorativa como candidato “liberal e libertário” por setores ultraconservadores da sociedade francesa.
Foto: Pascal Lachenaud/Pool Photo via AP
Brigitte Macron em evento de campanha do marido: influência na vida privada e discrição em público
Brigitte Macron em evento de campanha do marido: influência na vida privada e discrição em público
A história do brilhante estudante de ensino médio que se apaixona pela professora de teatro é um hit das páginas de revistas de fofocas e de celebridades na França desde 2016, quando o caso de amor veio ao conhecimento do grande público. Só a revista semanal Paris Match, uma das mais conhecidas do país, publicou cinco capas sobre o candidato e sua mulher nos últimos 18 meses - a última delas na quinta-feira, em que Macron aparece ao lado de Brigitte sob o título “Aposta bem-sucedida”.
Emmanuel Macron e Brigitte Auzière, casada e mãe de filhos adolescentes, encontraram-se em um ateliê de teatro na escola de ensino médio jesuíta La Providence, situada na cidade de Amiens, ao norte de Paris. Então a professora tinha 39 anos e o estudante, 15. A situação geraria o afastamento da professora pela direção, comandada por uma das avós de Macron. A relação, no entanto, só se concretizaria, ou ao menos só viria à tona anos mais tarde, quando provocou surpresa e indignação na cidade de 147 mil habitantes.
Em 2006, Brigitte deixou o marido, o banqueiro André Louis Auzière, casando-se no ano seguinte com Macron. “Quando eu decido algo, eu faço”, afirmou a potencial primeira-dama em um documentário, La stratégie du météore (A estratégia do meteoro).
Avessa a entrevistas, a professora foi um dos alvos de um livro, o perfil Les Macron (Os Macron), escrito pelas jornalistas Caroline Derrien e Candice Nedelec. Na obra, Brigitte é apresentada como “os olhos e os ouvidos” do marido. Mas esse papel é desempenhado em relação privada, jamais em público. Sobre sua postura, Brigitte foi clara em abril de 2016, em rara entrevista publicada pela revista Paris Match. “Ser casada com um político não é fácil. Devemos ficar de pé e nos calar”, afirmou.
Calada em público, a mulher de Macron não hesita em expressar sua contrariedade em privado com frases claras - do tipo “Eu não estou de acordo com Emmanuel” -, sem que no entanto tenda a impor sua visão sobre a do marido, segundo os observadores mais próximos. Brigitte não participa de reuniões do partido, nem de seu comitê de campanha presidencial.

Conheça cinco candidatos à presidência da França

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Ainda que não se faça presente em termos políticos, a relação privada valeu a definição de “casal fusional” por um dos amigos da família, o apresentador de TV Stéphane Bern. Em uma das oportunidades nas quais falou sobre a mulher em público, Macron confirmou a proximidade entre ambos: “Ela está sempre lá porque me acompanha, porque contribui para o ambiente”, disse o marido.
Às vésperas da eleição que pode levar o casal ao Palácio do Eliseu, a relação atípica foi alvo de uma nova onda de rumores - a de que Macron na realidade seria homossexual. A especulação, que circulava nas redes sociais com o intuito de desacreditar sua candidatura, acabou revertida com uma piada pelo candidato, na qual ele afirmou que seria difícil ter uma vida paralela com a mulher próxima todo o tempo.

Entre agressões, como a de Jean-Marie Le Pen, e rumores e ofensas nas redes sociais, o casal resiste também porque é sintomático de uma França que se transforma, ainda que a passos lentos. Em um país em que 56% dos casais são formados por homens mais velhos, já são 14% os casos de casais como Brigitte e Macron - em que a mulher, ou “cougar”, como prefere Le Pen, é a mais velha. Reformador assumido, o provável futuro presidente da França terá a oportunidade de servir como exemplo também em sua vida privada.

"Se os holandeses tivessem vencido em Guararapes, seríamos um país desenvolvido?", por Leandro Karnal

O Estado de São Paulo

Um mundo de tulipas e de espinhos


Estou na Holanda, quase voltando ao Brasil. Ao passear por ruas limpas, canteiros de tulipas no Keukenhof, clima ameno de primavera, arquivos e bibliotecas organizados, vem ao cérebro de um brasileiro a ideia de como a história batava resultou no que contemplo e, quase por antítese, como a história brasileira nos conduziu até aqui. 
É um tema que apaixonava pessoas no passado: explicar as diferenças nacionais e sociais e, principalmente, o motivo de um “atraso” brasileiro. O devir nacional, como tema da História, tratava do nosso “atraso” comparativo. O problema do subdesenvolvimento deu lugar ao da desigualdade. Este, rapidamente, cedeu terreno às discussões sobre nossa corrupção aparentemente genética.
Para entender por que éramos subdesenvolvidos, invocamos, no passado, questões raciais. Foi assim no século 19 e no início do 20 (e talvez até hoje no inconsciente social). Sílvio Romero, por exemplo, esperava pouco de um país que teria misturado o pior de tudo na sua mentalidade: portugueses, africanos e indígenas. Determinações racistas já foram defendidas em livros e universidades. Um efeito colateral desse viés é pensar: e se os holandeses tivessem vencido em Guararapes, seríamos um país desenvolvido? Bem, a colônia holandesa da Indonésia seria uma boa resposta. 
Determinismos geográficos e climáticos também já foram hipótese. O Brasil é tropical: sol e calor, impeditivos da disciplina do trabalho. O frio estimularia a poupança e o pensamento estratégico. Se eu não guardar alimentos, estocar conservas ou lenha, morrerei. Rigores climáticos seriam aliados de desenvolvimento. Num país tropical, como o em que eu moro, “abençoado por Deus e bonito por natureza”, eu seria feliz sempre, rico nunca. Se isso fosse correto, economias mediterrâneas, a Austrália e a Califórnia seriam terras paupérrimas.
No cadinho dos preconceitos, já colocamos raça e clima. Falta o toque supremo, a explicação de cunho histórico: a colonização portuguesa. Catolicismo, aversão ao mundo do trabalho árduo, visão estatista do mundo, rejeição do pensamento crítico e racional: tudo isso veio no pacote lusitano. Como ser uma potência se nosso progenitor, Portugal, não o é? O que geraria um país pequeno e pobre da Europa? Um país grande e pobre na América. Essa explicação omite muito: Portugal foi uma potência nos séculos 15 e 16; o Brasil está longe de ser pobre... 
Quase toda discussão em torno do tema desenvolvimento pátrio e suas inviabilidades termina com uma tautologia: “Isso é o Brasil”! Assim sendo, pelo destino, pela natureza, pela história e pelas pessoas, somos, como no filme de Sérgio Bianchi: cronicamente inviáveis. Nossa sociedade repetiria, incessantemente, o mantra inevitável de desordem, caos, ineficácia, corrupção, atrasos, caráter predatório dos agentes econômicos e um estatismo gigantesco. O Brasil sempre seria o Brasil e todo Mauá fracassaria aqui, porque o empreendedorismo encontraria, na zona tupiniquim, seu túmulo perfeito. 
No contexto do quarto centenário de São Paulo, meu conterrâneo, Vianna Moog, pensou na comparação entre os bandeirantes do Brasil e os pioneiros dos EUA. Seu raciocínio passa pelas considerações geográficas e inclui a questão do calvinismo. O enfoque weberiano associa ao sucesso econômico a religião do trabalho, da condenação do ócio e da predestinação. Não existe país calvinista pobre. Em passagem interessante, Moog firma que, optando por fazer uma refeição pesada na metade do dia de trabalho, nosso almoço, escolhemos sabotar o restante do dia. Americanos comem mais no café da manhã e no jantar e consomem algo leve para o meio do dia. Menos lido hoje, o livro Bandeirantes e Pioneiros ainda traz questões pouco trabalhadas. 
A partir da influência de pensadores marxistas como Caio Prado Jr., a economia de um sistema colonial e de uma elite predatória e pouco adepta de um verdadeiro projeto nacional seria o vetor que nos acorrentava ao subdesenvolvimento. Eliminado o modelo de exportação de produtos de baixo valor agregado e instituída nova elite que pensasse o Brasil, teríamos um futuro brilhante. Esse pensamento está na base do nacional-desenvolvimentismo e de muitos projetos revolucionários surgidos ao longo da história recente. Geralmente, os projetos ligados ao pensamento conservador idealizam o passado: tudo era melhor antes, todos eram mais respeitosos, precisamos restaurar aquele amor ao país que existia outrora. Em contrapartida, a esquerda idealiza o futuro: tudo será bom se eliminar o ponto X ou Y e substituirmos essa prática por outra. O paraíso pretérito ou futuro é um divisor de águas no pensamento brasileiro.
O tema merece mais análise, claro. Interrompo aqui (voltarei depois) com um questionamento de um português muito culto. Quando pensávamos uma exposição em Portugal, uma parte do grupo repetia o mantra: somos pobres por causa de Portugal. O ilustrado lusitano ouviu muito os meus colegas e, após algumas reuniões, soltou essa: “Sim, a colonização é sempre predatória; vocês estão independentes há quase 200 anos. Não daria para ter feito algo?”. Os críticos ficaram em silêncio. A história como esconderijo é uma zona confortável. Bom domingo a todos vocês. 


Rombo do INSS em 2016 chegou a R$ 149,7 bilhões

O Estado de São Paulo

Crescimento do buraco teve reflexo direto da desaceleração da economia e do encolhimento do mercado de trabalho


A Previdência Social apresentou no ano passado um rombo recorde de R$ 149,7 bilhões, um crescimento de 74,5% em relação ao ano anterior. E as previsões de especialistas apontam, para este ano, um rombo ainda maior, talvez na casa dos R$ 200 bilhões.
Em 2016, as receitas previdenciárias cresceram 2,2% em termos nominais (sem descontar inflação), chegando a R$ 358,137 bilhões. Enquanto isso, as despesas avançaram 16,5%, para R$ 507,871 bilhões.
Déficit
Rombo no INSS
O crescimento do buraco no ano passado teve reflexo direto da desaceleração da economia e do encolhimento do mercado de trabalho. A Previdência urbana foi a que mais refletiu a recessão econômica. Superavitário entre 2009 e 2015, o segmento teve resultado negativo de R$ 46,3 bilhões no ano passado. A Previdência rural, por sua vez, registrou rombo de R$ 103,4 bilhões. 
Mas o crescimento do buraco não se deve apenas aos fatores conjunturais. Entre os fatores estruturais que contribuem negativamente para as contas está principalmente o envelhecimento da população, que é contínuo e tem ocorrido de forma acelerada. Ou seja, haverá cada vez menos gente contribuindo para pagar a aposentadoria de uma parcela da população que só aumenta.

É com base nesses dados e na tendência de um rombo cada vez maior que o governo tem se esforçado para convencer os parlamentares da necessidade de aprovação da reforma da Previdência. O projeto foi apresentado em dezembro, mas sofreu uma série de modificações desde então.

Só 17% dos recursos foram repatriados

Alexa Salomão e Marcelo Godoy - O Estado de S.Paulo

Dados obtidos por meio da Lei de Acesso mostram que retornaram apenas R$ 26,6 bi, em sua maioria de pequenos e médios investidores


Apesar de ser chamado de “repatriação”, essa não é a melhor definição para o programa que legalizou bilhões em recursos clandestinos no exterior. Um levantamento feito pelo Estado, por meio da Lei de Acesso à Informação, identificou que a imensa maioria do dinheiro não voltou para o Brasil. Segundo a Receita Federal, foram regularizados R$ 152,7 bilhões até agora, mas permanecem lá fora R$ 126,1 bilhões – quase 83% do total. O Banco Central registrou a entrada no País de R$ 26,6 bilhões. Detalhe: o grosso, R$ 151,6 bilhões, pertence a pessoas físicas. 
Segundo advogados que trabalharam na regularização, essa parcela menor foi trazida, principalmente, pelos pequenos investidores, com menos de R$ 1 milhão. Tanto é assim que os quase R$ 27 bilhões repatriados entraram no Brasil por meio de 10.194 contratos de câmbio. Isso indica que, na média, cada contrato foi de R$ 260 mil.
Ficou onde estava
Repatriação
Investidores com valores maiores ainda resistem. Contam que tiraram o dinheiro do País para ter uma espécie de “seguro” contra a instabilidade do Brasil e não acham que é hora de voltar. “A maior parte dos investidores prefere deixar o dinheiro lá fora até as coisas se acalmarem; querem ter uma reserva em moeda forte contra os riscos econômicos e políticos daqui. Tem crise, desemprego, Lava Jato. Ainda não estão acreditando no Brasil”, diz Ordélio Azevedo Sette, sócio fundador do Azevedo Sette Advogados, que já fez mais de 100 procedimentos de regularização.
A legalização mostrou que é antiga a prática de “exportar” capital clandestinamente em tempos mais sensíveis. Pode-se dizer que o fluxo do dinheiro ilegal conta a história das crises brasileiras. “No meio do trabalho da repatriação, a gente pode ver, claramente, que os grandes movimentos de envio de recursos para o exterior foram em momentos pré-riscos políticos”, diz o advogado tributarista Tiago Dockhorn, sócio do escritório Machado, Meyer, que coordenou pessoalmente mais de uma centena de repatriações. Dockhorn pontua as ocasiões que mais lhe chamaram a atenção: 1986, época do Plano Cruzado, do presidente Sarney; 1990, no confisco de Fernando Collor de Mello; 2002, quando ficou claro que Luiz Inácio Lula da Silva ganharia as eleições. “Passamos por tudo isso e estamos todos aqui, vivos, com o País aberto e funcionando.”
Câmbio. Há razões financeiras também para manter o dinheiro fora do Brasil. Se o recurso foi conquistado no exterior, não está sujeito à tributação. Mas se for dinheiro gerado no Brasil e remetido para fora, a variação cambial vai fazer a diferença na volta. É preciso pagar imposto de 15% a 22,5%, dependendo do tamanho do ganho com a oscilação do valor da moeda. Pela lei da repatriação, o patrimônio mantido no exterior foi declarado com base num dólar a R$ 2,65. Hoje a cotação passa de R$ 3. Quem trouxer o dinheiro agora vai ter um custo.
Pesa também a questão da diversificação. “A realidade do mercado lá fora é totalmente outra: tem cultura de investimento de longo prazo, uma enorme diversificação de produtos que a gente ainda não encontra aqui, por mais que o mercado local já tenha se desenvolvido”, diz Adalberto Cavalcanti, sócio da RB Capital, uma subsidiária do grupo financeiro Orix. 
O Orix serve de exemplo. Tem sede no Japão, está presente em 37 países e oferece alternativas de investimento como obras de infraestrutura em municípios, construção de aeroportos e projetos de energia solar.

Os especialistas também acreditam que, após estruturar um investimento no exterior, fica desconfortável voltar atrás, de uma hora para outra. “Há também uma razão psicológica para esse dinheiro não estar voltando: a pessoa organizou esse dinheiro lá fora, muita gente até herdou ou está com o dinheiro há muito tempo no exterior, e não pensou na sua situação patrimonial em termos de lá fora e aqui dentro – mantém lá fora para não ter de tomar a decisão agora”, diz Beny Podlubny, sócio da XP Investimentos, a maior corretora do País.