segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Eike embarca em NY rumo ao Rio e diz ser hora de passar coisas a limpo

Renata Cafardo - Folçha de São Paulo


Considerado foragido pela Polícia Federal, o empresário Eike Batista embarcou no aeroporto JFK, em Nova York, na noite deste domingo (29), por volta das 21h45 (horário de Brasília) com destino ao Brasil, com previsão de chegar às 10h30. No caminho até o local de embarque, questionado pela reportagem se iria se entregar, apenas sorriu.

Já na área interna do aeroporto, reservada aos passageiros que aguardavam a chamada de seu voo, o 973 da American Airlines, o empresário concedeu uma entrevista à TV Globo, exibida pelo "Fantástico". "Estou voltando, vou responder à Justiça, como é o meu dever."

"Meu sentimento é que tem que se mostrar o que é. Está na hora de passar as coisas a limpo", afirmou Eike.

Ele afirmou ainda que nunca pensou em fugir para a Alemanha –Eike tem dupla nacionalidade. "Sempre venho a Nova York a negócios."

Eike foi o principal alvo da Operação Eficiência, deflagrada pela Polícia Federal, na quinta-feira (26).

Quando a ação estourou, ele estava fora do país. Seus advogados negaram, na ocasião, que ele tivesse fugido.

O empresário foi declarado foragido e teve o nome incluído na lista de difusão vermelha da Interpol (alerta internacional de foragidos).

Ele teve a prisão decretada depois que dois doleiros fizeram acordos de delação com a Operação Lava Jato no Rio e contaram que ele pagou US$ 16,5 milhões de propina ao ex-governador do Rio Sergio Cabral, que está preso.

O dinheiro teria sido depositado no Uruguai em contas movimentadas por operadores de Cabral. A operação foi justificada, segundo os investigadores, com a simulação da compra e venda de uma mina de ouro.

Antes de embarcar de volta ao Brasil, neste domingo, Eike caminhou tranquilamente pelo terminal 8 do JFK.

Ele chamou a atenção de outros passageiros brasileiros que estavam no local e chegaram a tirar fotos do empresário, que não se mostrou apressado ou nervoso.
Eike carregava apenas uma mala de mão e não enfrentou filas para fazer o check in. A cada pergunta feita pela reportagem, respondia apenas com sorrisos.

Como mostrou a Folha na última sexta (27), pessoas próximas ao empresário diziam que ele estava disposto a se entregar à PF desde que não tivesse que ir para uma prisão comum –ele temia correr risco de vida.

O receio vem do fato de Eike não ter curso superior.