Dois fatos ocorridos nesta segunda-feira —a homologação das delações da Odebrecht pela presidente do Supremo, Cármen Lúcia, e a prisão de Eike Batista— são desdobramentos vitais para o bom andamento da Lava Jato, seja na investigação original, que corre em Brasília e Curitiba, seja na ramificação estadual que se desenvolve no Rio de Janeiro.
A decisão de Cármen Lúcia assegura a manutenção do ritmo da Lava Jato, que mudará de patamar com a abertura de novos inquéritos para apurar as explosivas revelações dos delatores da Odebrecht. Quanto a Eike Batista, ao decidir retornar de Nova York para se entregar às autoridades brasileiras, o ex-bilionário sinaliza a intenção de colaborar com a Justiça, tornando-se mais um delator.
Para ser aceito como colaborador, Eike não pode ser seletivo. Não basta esmiuçar detalhes do seu relacionamento promíscuo com Sérgio Cabral. O ex-bilionário terá de abrir o baú por inteiro. O que é um prenúncio de problemas para partidos como o PT e o PSDB.
É curioso notar que esses desdobramentos da Lava Jato envolvem dois nomões do empresariado brasileio. O principal delator da Odebrecht é Marcelo Odebrecht. Ex-presidente e hedeiro da maior construtora do país, ele está preso há um ano e sete meses em Curitiba.
Eike Batista já frequentou a lista de homens mais ricos do planeta da revista Forbes. Hoje, ao ingressar no sistema prisional do Rio, vestiu uniforme de presidiário e teve a cabeça raspada. Nesse ritmo, ou os corruptos roubam menos ou providenciam cadeias mais confortáveis.