Empresário negou que já tenha negociado uma delação premiada
NOVA YORK - No aeroporto JFK, em Nova York, o empresário Eike Batista, alvo de um mandado de prisão da Operação Eficiência, afirmou ao GLOBO que volta ao Brasil para responder à Justiça. Eike negou que já tenha negociado uma delação premiada. Ao ser perguntado se está tranquilo, disse que "tem que mostrar o que é" e precisa passar "as coisas a limpo".
- Eu tô voltando e (vou) responder à Justiça, como é o meu dever - afirmou, acrescentando:
- Sentimento é de tem que mostrar o que é. Tá na hora de eu ajudar a passar as coisas a limpo.
O empresário chegou na noite deste domingo ao aeroporto JFK, para se entregar à polícia no Brasil. Eike está no voo 973 da American Airlines, com decolagem prevista para as 21h45m deste sábado (0h45m no horário brasileiro de verão).
Eike negou que já tenha negociado com algum advogado a possibilidade de propor um acordo de delação premiada.
- Não. Estou me entregando, como é meu dever.
Eike evitou dizer se considera que tem culpa nos fatos que foram narrados pelo Ministério Público Federal (MPF): "estou à disposição da Justiça", disse - e afirmou que não pensou em ir para a Alemanha. O empresário tem cidadania alemã, o que poderia dificultar sua captura pelas autoridades brasileiras caso chegasse ao país europeu.
- Não, não. Eu venho sempre para Nova York a trabalho, tá, obrigado.
As investigações apontam que Eike e Flávio Godinho, do grupo EBX, pagaram propina de US$ 16,5 milhões ao ex-governador Sérgio Cabral, usando a conta Golden Rock no TAG Bank, no Panamá. Esse valor foi solicitado por Cabral a Eike Batista em 2010 e, para dar aparência de legalidade à operação, foi realizado em 2011 um contrato de fachada entre a empresa Centennial Asset Mining Fuind Llc, holding de Eike, e a empresa Arcadia Associados, por uma falsa intermediação na compra e venda de uma mina de ouro. A Arcadia recebeu os valores ilícitos numa conta no Uruguai, em nome de terceiros mas à disposição de Sérgio Cabral, de acordo com o MPF.
Eike Batista, Godinho e Cabral também são suspeitos de terem cometido atos de obstrução da investigação, porque numa busca e apreensão em endereço vinculado a Eike em 2015 foram apreendidos extratos que comprovavam a transferência dos valores ilícitos da conta Golden Rock para a empresa Arcádia. Na oportunidade os três investigados orientaram os donos da Arcadia a manterem perante as autoridades a versão de que o contrato de intermediação seria verdadeiro.