sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Com foco na energia sustentável, norueguesa Equinor investirá US$ 15 bilhões no Brasil

A tecnologia tem contribuído para que fontes de energia limpa possam ser agregadas aos planos de negócios de algumas das maiores empresas do setor de petróleo e gás, ampliando as alternativas ancoradas na sustentabilidade do planeta.
A norueguesa Equinor optou por essa estratégia de negócio e assim, além de atuar no setor de petróleo e gás, tem apostado forte na expansão por meio de outros projetos de energias renováveis, com operações de energia solar e eólica. O Brasil é  parte fundamental desse novo momento da companhia. É aqui que está localizado o primeiro projeto solar da empresa em todo o mundo, a usina de Apodi, no Ceará.
Essa mudança de rumo foi marcada pela alteração do nome da empresa de Statoil para Equinor no ano passado, conta Margareth Øvrum, presidente da Equinor Brasil. As novas diretrizes, no entanto, começaram a ser colocadas em prática bem antes.
– Se voltarmos alguns anos antes desse anúncio, podemos ver que a empresa já estava se desenvolvendo como uma empresa de energia ampla, produzindo o petróleo e o gás que o mundo ainda precisa, mas com emissões mais baixas, ao mesmo tempo em que constrói um portfólio lucrativo dentro da energia renovável – explica. Não é à toa que a empresa está no topo do ranking das empresas de petróleo e gás mais preparadas para um futuro de baixo carbono, segundo a organização internacional CDP, que orienta governos e empresas em ações para redução de emissões.
A decisão de abraçar as fontes de energia renovável não foi tomada apenas por uma questão de negócio. A Equinor é uma das apoiadoras do Acordo de Paris. Margareth ressalta que a companhia trabalha em conjunto com outros setores da sociedade para oferecer respostas para as grandes mudanças por qual o mundo está passando:
 –Isso significa definir que tipos de recursos são produzidos e como são produzidos. Além disso, estamos trabalhando fortemente para reduzir as emissões de nossas operações em andamento e de projetos em desenvolvimento. Fazemos isso trabalhando sistematicamente para melhorar a eficiência energética, rastreando e reduzindo as emissões de metano em toda a cadeia de valor do gás natural,  trabalhando com nossos fornecedores para reduzir o CO² em nossa cadeia logística e inovando para capturar e armazenar CO2 de nossas operações.
O Complexo Solar Apodi, no Ceará, começou sua produção em novembro de 2018 Foto: Divulgação
O Complexo Solar Apodi, no Ceará, começou sua produção em novembro de 2018 Foto: Divulgação
A nova estratégia da Equinor levou a uma série de transformações internas que refletem no dia-a-dia do negócio. A companhia, por exemplo, tem como meta para a totalidade do portfólio estar abaixo de 8 kg de CO² por barril produzido, um número muito abaixo da média da indústria, que é de17 kg de CO²/barril.
Os investimentos estão em expansão em energias renováveis, principalmente em projetos eólicos offshore (alto-mar) e solares. Até 2030, aportes de recursos da Equinor em novas soluções energéticas serão responsáveis por cerca de 15 a 20% do total anual de investimentos da empresa. Boa parte desses recursos é destinado a projetos inovadores, como o de energia eólica em alto-mar. Hoje, estão em operação três parques eólicos no Mar do Norte e estão em desenvolvimento projetos de larga escala na Europa e Estados Unidos. Só na Europa, essas operações são responsáveis por abastecer 1 milhão de residências.
Até o momento, foram investidos cerca de US$ 2,3 bilhões nessa área. Entre os destinos, a tecnologia própria de plataforma flutuante que permite a geração de energia eólica em áreas de águas profundas. O Hywind Park, na costa da Escócia, é o primeiro parque eólico flutuante do mundo e está na vanguarda desse desenvolvimento.
O Brasil tem um papel preponderante nos planos da Equinor. Até 2030, a companhia deve investir US$ 15 bilhões no país. Hoje, a atuação já é muito relevante em projetos nas bacias de Campos e Santos, como é o caso de Carcará, o primeiro projeto no pré-sal a ser desenvolvido por uma empresa internacional de energia. Além desses investimentos, a multinacional tem uma usina de energia solar de grande porte no Ceará, que começou a produzir em novembro de 2018 e é operada pela sócia Scatec Solar e já está gerando 162MW de energia limpa.
O grupo norueguês tem ainda uma parceria estratégica com a Petrobras para avaliar projetos eólicos offshore. A área é nova no Brasil e seu arcabouço regulatório ainda está em discussão pelas autoridades. Por outro lado, lembra a presidente da Equinor, há muitas oportunidades para criar um ambiente de negócios competitivo.
 – O Brasil tem um grande potencial para a geração de energia solar e eólica e estamos avaliando cuidadosamente as oportunidades de negócios no país. Assinamos o memorando de entendimento com a Petrobras para começar a avaliar as oportunidades potenciais de negócios nessa área. É cedo e estamos conversando com várias partes interessadas para entender da melhor forma possível a operação – pontua Margareth. 
Além dos planos de expandir as áreas de energia renovável, a Equinor segue firme com os ativos de petróleo e gás, conforme detalha a presidente da empresa:
– Estamos investindo em nossos ativos em produção, como os campos de Peregrino e Roncador, que estão entre os 10 maiores do País. Nosso objetivo é  maximizar a produção de petróleo e prolongar a vida útil desses campos, gerando e mantendo empregos no Brasil por mais tempo.
“O Brasil tem um grande potencial para a geração de energia solar e eólica”, diz Margareth Øvrum, presidente da Equinor no país Foto: Divulgação
“O Brasil tem um grande potencial para a geração de energia solar e eólica”, diz Margareth Øvrum, presidente da Equinor no país Foto: Divulgação
Parte dos novos investimentos da Equinor será focado em novas soluções de energia e outra parte na exploração de áreas adquiridas nas últimas rodadas de licitação. Dessa forma, há projetos em todas as fases do desenvolvimento, o que motiva os mais de 400 colaboradores da companhia.
O Brasil, garante a presidente, é uma das áreas centrais da Equinor. Com uma grande base de recursos de petróleo e gás e boas oportunidades em energias renováveis, o país se encaixa muito bem com as prioridades, experiência e DNA da norueguesa. Graças a esses investimentos a companhia é hoje uma grande geradora de postos de trabalho ao longo de toda a cadeia, colaborando para o crescimento da economia. Presente há apenas 17 anos no país, a empresa já é a segunda maior operadora de petróleo e gás, com uma produção média de aproximadamente 100 mil barris de petróleo por dia.
– O Brasil é uma das três áreas centrais da Equinor e, portanto, continuamos a buscar oportunidades que estejam alinhadas com nossa estratégia – garante a presidente da operação brasileira.
O tamanho da Equinor
• 2ª maior operadora do Brasil
• Geração de 162 MW a partir da energia solar
• 22 licenças de petróleo e gás
• US$ 10 bilhões investidos no Brasil até hoje.
• US$ 2,5 bilhões pagos por meio de impostos
• Mais de 40 campos de petróleo e gás são operados na Noruega e diversos outros ao redor do mundo.
• A produção de petróleo e gás no Brasil é feita desde 2011, quando entrou em operação o campo de Peregrino, na Bacia de Campos (RJ), a maior operação internacional offshore da empresa norueguesa. Até hoje, foram produzidos cerca de 180 milhões de barris.
• Peregrino é um dos 10 maiores campos em produção no Brasil, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Entre trabalhadores próprios e prestadores de serviço, são cerca de 1.000 pessoas.
• A empresa é parceira da Petrobras no campo de Roncador, o terceiro maior do Brasil. Com a experiência norueguesa para aumentar a recuperação de reservatórios, a Equinor e a Petrobras dobraram a estimativa de volume adicional de recursos recuperáveis, de 500 milhões para 1 bilhão de barris. 
Por Equinor