Em seus 60 anos de história, a Petrobrás só registrou queda de produção
quatro vezes. Em apenas três anos, o governo Dilma tornou-se responsável por
dois desses resultados negativos. O mais recente é o de 2013, quando a produção
média ficou em 1,931 milhão de barris por dia, 2,5% menos do que a média de 2012
(1,980 milhão de barris/dia), que já tinha sido 2,1% menor do que a de 2011
(2,022 milhões de barris/dia).
Trata-se de uma proeza político-administrativa, que elimina qualquer dúvida,
se ainda restava alguma, quanto ao caráter falacioso do estrondoso anúncio da
autossuficiência do País feito em abril de 2006 pelo então presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, com as mãos cobertas do óleo do primeiro jato do petróleo
do poço de Albacora Leste, na Bacia de Campos. Lula imitava o gesto do então
presidente Getúlio Vargas, na comemoração do primeiro poço da Petrobrás, empresa
que acabara de ser criada. Com ele, Lula pretendia demonstrar que o sonho da
autossuficiência por muitos acalentado desde o fim da década de 1940, com a
campanha "O petróleo é nosso", se tornava realidade.
O fato de, naquele momento, o País ter alcançado um volume de produção
suficiente para atender à demanda interna não era, porém, garantia de que a
produção nacional continuaria sendo sempre superior ao consumo. Era preciso
investir em manutenção das unidades em operação e em novas, para assegurar o
crescimento da produção em ritmo igual ou superior ao do aumento da demanda.
Nos seis primeiros anos que se seguiram ao anúncio ufanista de Lula, de fato,
a produção cresceu. A partir de 2011, no entanto, a tendência se reverteu. Poços
mais antigos, alguns considerados maduros, passaram a produzir menos, enquanto
os novos ainda não produziam o suficiente para compensar a queda observada nos
demais.
É natural que, tendo alcançado seu auge, a produção comece a declinar. Mas,
no caso dos poços da Petrobrás não se pode culpar a natureza por isso. Em muitos
campos, entre os quais os de maior produção, o declínio vinha sendo mais intenso
do que o observado em outras regiões, o que causou preocupação na Agência
Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Investimentos em
manutenção não foram feitos no ritmo e no volume necessários e as paradas das
operações para reparos e manutenção em geral tornaram-se mais longas do que
seria normal.
Para tentar reverter a tendência de queda acelerada da produção dos campos
antigos, a Petrobrás criou o Programa de Aumento da Eficiência Operacional, o
que, segundo nota por ela divulgada, contribuiu para melhorar a eficiência das
unidades do Rio de Janeiro e da Bacia de Campos e permitiu que o declínio da
produção nos campos em operação ficasse "dentro dos padrões esperados pela
empresa e compatível com o padrão da indústria de petróleo".
Mas nem tendo alcançado esses resultados nos campos em operação a empresa
conseguiu evitar a queda de sua produção em 2013. Os problemas de manutenção das
plataformas em operação são apenas parte das dificuldades que, por influência
político-partidária do governo do PT em sua gestão, a Petrobrás enfrenta há
anos.
Ela foi submetida a uma rígida política de controle de preços dos
combustíveis, que a forçou a acumular prejuízos crescentes. O preço de venda não
cobria os custos de produção nem, muito menos, o custo dos derivados que, por
não ter investido a tempo na ampliação de seu parque de refino, a estatal passou
a importar, em volumes cada vez maiores para atender a uma demanda cada vez mais
aquecida.
Seu plano quinquenal de investimentos foi fortemente influenciado pelos
interesses político-eleitorais do governo, que a obrigou a destinar volumes cada
vez maiores de recursos para a área do pré-sal, prejudicando outras atividades,
como a de refino e a de manutenção das unidades em operação.
O resultado de 2013 ficou abaixo do previsto em seu plano de investimentos.
Mas a diretoria da empresa prevê que o de 2014 será melhor, pois três novas
unidades de produção devem iniciar suas operações ainda no primeiro
semestre.