domingo, 30 de novembro de 2014

Ministérios da área de infraestrutura não alcançam nem 5% dos recursos públicos

Alexandre Rodrigues - O Globo

Pesquisa realizada com eleitores durante a corrida presidencial mostrou alta insatisfação com Saúde e Segurança

Cruzamento de Transposição com Transnordestina: sobra pouco para obras - Hans von Manteuffel / Arquivo O Globo 05.09.2013


O Mosaico do Orçamento revela que os ministérios responsáveis por investimentos em infraestrutura, como Transportes, Cidades e Integração Nacional, estão na lanterna da divisão de recursos. Juntos, as pastas não alcançam 5% do total do Orçamento, apesar de concentrar a maior parte dos recursos discricionários, que são aqueles livres para investimento: 27,3%. O Ministério da Justiça, onde estão os recursos para Segurança Pública, fica com só 0,68% do Orçamento federal.


O diretor da FGV/DAPP, Marco Aurélio Ruediger, observa que o Orçamento da União deveria refletir o que é prioridade pelo país. O pesquisador, que liderou a equipe que organizou os dados do Mosaico a partir do sistema Siga, do Senado, diz que a pequena fatia voltada para os investimentos em infraestrutura e a estagnação da participação da Saúde no Orçamento ajudam a explicar por que assistência médica e serviços como Transporte e Segurança estão entre as principais queixas dos brasileiros.

O resultado preliminar de uma pesquisa feita pela FGV/DAPP com 3.600 eleitores entre o primeiro e o segundo turno das eleições deste ano em cinco regiões metropolitanas mostra que 80% se dizem insatisfeitos ou muito insatisfeitos com a Saúde. Segurança Pública é reprovada por 76%. Em seguida, Educação e Transporte, têm 61% e 56% de insatisfação, respectivamente.

Dilma indica que quer dar mais espaço aos aliados e incorporar técnicos à sua nova equipe. Não à toa, colhe queixas do PT, que já perdeu a Fazenda para Joaquim Levy, um nome do mercado financeiro. Para Ruediger, a divisão de ministérios entre partidos não é a causa da ineficiência e da corrupção:

— O mais importante é dar transparência aos gastos. A fragmentação do Congresso é dada pelo eleitorado. A divisão da gestão do Orçamento entre os partidos é um fator de estabilidade política, tem relação com a avaliação do governo e até com o desempenho da economia.