sábado, 29 de novembro de 2014

Asfalto dura menos de dois anos em rodovia que leva soja ao Norte

Dimmi Amora - Folha de São Paulo

A BR-163 (MT-PA), principal rodovia para o escoamento da safra para portos do norte do país, já tem danificados trechos que foram asfaltados há menos de dois anos.

O trajeto de pouco mais de 1.100 km ligando Lucas do Rio Verde (MT) a Miritituba (PA) está sendo asfaltado desde 2009, a um custo que já chega a R$ 1,8 bilhão, e ainda não está completamente pavimentado. O atraso tem prejudicado o escoamento dos grãos do país.

É o que constata o TCU (Tribunal de Contas da União) em auditoria aprovada na quarta (26). O órgão de controle determinou ao Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), responsável pelas obras, que cobre das construtoras ressarcimento pelos defeitos ou o conserto da pista.

A constatação dos problemas no asfalto ocorreu em todos os nove contratos analisados pelo TCU. O valor desses acordos, que cobrem 516 km de construção, passa dos R$ 822 milhões. Alguns contratos ainda estão em andamento ou acabaram há menos de dois anos.
Arquivo/TCU
Obras da rodovia BR-163, usada entre Mato Grosso e Pará para escoar a produção de soja para os portos da região Norte
Obras da rodovia BR-163, usada para escoar a produção de soja do MT para os portos da região Norte

Segundo o TCU, a preocupação é que o volume de tráfego na pista ainda equivale a apenas 40% do que estava projetado nas licitações. Quando o tráfego aumentar, o órgão prevê que a situação poderá ficar ainda pior, com maior deterioração da pista.

O motivo da deterioração do asfalto é a péssima qualidade do material usado, segundo investigações feitas pelo próprio Dnit. Desde o ano passado, a direção da autarquia está abrindo processos para punir as empresas contratadas para essas obras.

Numa fiscalização feita este ano, o atual diretor-geral do Dnit, Tarcísio Gomes de Freitas, se acidentou passando pela estrada.

A camionete em que trafegava saiu da pista.

O diretor-geral atribui os problemas aos péssimos contratos para a construção da estrada, a maioria assinada antes da atual gestão pelo regime da Lei de Licitações. Segundo ele, em contratos mais recentes, assinados pelo Regime Diferenciado de Contratações, mais flexível, as obras estão andando com melhor velocidade e qualidade.

Editoria de Arte/Folhapress
HIDROVIA

Em seu relatório, o TCU também apontou conflito na construção de hidrovias e hidrelétricas nos rios por onde a soja poderá ser escoada.

A maior preocupação é com as hidrelétricas previstas para o rio Tapajós.

Segundo o TCU, os editais não preveem claramente como serão feitos os sistemas de transbordo das embarcações após a construção das barragens, o que pode inviabilizar a navegação no rio.